MAIS DO MESMO: OLHANDO PARA QUEM NÃO TEM NADA.

Estamos quase no Natal. Quem trabalha na área jurídica já está em recesso desde o dia 16, aproveitando o tempo de descanso e colocando a mão na massa para os preparativos das festas de final de ano. Embora o texto de hoje não seja propriamente concurseiro (me desculpem os imediatistas), acho pertinente.

Cara, às vezes me pego pensando em no quanto eu reclamo da minha vida. E olha que na grande parte do tempo eu acho que até que reclamo pouco, mas como contexto, meu pouco é muito. Todos nós reclamamos, ingenuamente, e não nos damos conta do quanto isso é ridículo.

Há uns dias atrás eu realizei um projeto social (fazemos com certa continuidade ao longo do ano) em um bairro absolutamente marginalizado e carente daqui onde vivo. Como não acredito muito em paternalismos infundados, sempre procuramos (citando os demais integrantes) levar consciência e moralidade, além de aprendizado e cidadania – ao invés de apenas distribuir cestas-básicas (embora exigir que uma pessoa que passa fome dê valor a educação seja demagogia barata – e é esse o grande fundamento, que dá coesão social a um país como nosso, das políticas públicas assistencialistas – ainda precisaremos muito delas antes de abraçar o neoliberalismo como se fosse a salvação da humanidade perdida). Então, obviamente, fiquei responsável pelo atendimento jurídico dessas pessoas e pude, mais uma vez, me deparar com a grosseira verdade: Nossa democracia não alcança a todos (1); Nossas políticas públicas são inapropriadas e insuficientes (2); Nossos representantes são ilegítimos (3); E a mais temida verdade – grande parte da população não dá a mínima para tudo isso (4).

Porque, com o passar do tempo, nós perdemos a capacidade de nos indignar, e deixamos de sair da nossa redoma de vidro e necessidades, fazendo de nosso próprio umbigo o centro do universo.

E não estou dizendo que vocês devem aproveitar o clima de Natal e ajudar alguém, porque isso seria de uma idiocrasia absurda da minha parte, até porque estou exatamente ressaltando nossa moralidade de domingo. Uma moralidade que agrega valores em datas especiais e esquece o outro nos dias úteis. Uma moralidade que conserva bons ideais e quer abraçar o mundo, mas, bem, não abraça o pobre que necessita e que mora na esquina.

Estou dizendo, na realidade, que nossas reclamações no que diz respeito aos concursos públicos são válidas e fazem parte da nossa natureza humana e frágil, mas que novamente me deparar com tantas pessoas necessitadas, me fez – sem demagogia alguma – fortalecer os motivos que me fizeram cursar Direito e que o dinheiro vai vir, na proporção exata, mas que isso não pode endurecer meu coração e me fazer esquecer dos mesmos motivos que me faziam acordar aos 16 anos e ir estudar.

RESUMO DA ÓPERA - Então tenho um propósito muito concreto de Ano Novo: deixar a reclamação medíocre de lado e continuar focada na consecução dos meus desejos. Fazer minha parte para ajudar pessoas tão marginalizadas (lembrando que a pior miséria é a moral) através da minha profissão (o Estado pagou meus estudos na UEL por 05 anos, e é um absurdo que nenhum acadêmico ou recém-formado se lembre de retornar algo bom à sociedade) e seguir em frente, na simplicidade de uma vida pautada pela verdadeira solidariedade do dia útil. Vamos tentar juntos?

ANA PAULA DE OLIVEIRA MAZONI é concurseira por vocação.

IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um(a) revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.

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