Grandes executivos e grandes empresários ganham milhões por ano. Chegam a fazer de R$70.000,00 a R$200.000,00. Outros fazem muito mais. A maioria destas pessoas vive num clima constante de pressão. Muitos empregos dependem deles, clientes corporativos imensos, folhas de pagamento quilométricas. Poucos destes conseguem dissociar-se de tudo, entender que a vida passa, que as coisas são fatalmente passageiras e que nem ele, nem ninguém deve se apegar a nada, pois tudo está fadado a morrer a acabar, ou simplesmente a transcender.

Essa é a principal condição humana. Nós, independente da vida que levamos, da religião que escolhemos, o que faremos para outro, o que estudaremos amanhã, somente em dois aspectos somos todos comuns: nascer e morrer. Pois o contrário de morte não é vida, mas sim o nascimento, posto que morte e nascimento são atributos da vida, fazem parte dela. Mas mais do que o fato de morrer em si, ou seja, da morte física, como estamos presos ao tempo, estamos presos ao agora, ao presente que sempre foge mas que nunca podemos fugir dele. E é exatamente pelo fato de estarmos presos ao presente, que todo o sofrimento que temos está relacionado intimamente com a angústia e medo do futuro ou nostalgia e arrependimento do passado. Se você está sofrendo agora, seja qual motivo for, é porque a solução, ou já passou ou talvez chegue mais tarde. Mas se o problema começasse e terminasse agora, junto com ele também iria o sofrimento.

A imaginação tem papel crucial no processo de sofrimento. Por exemplo, eu conheci certa vez uma pessoa que sofria de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Ela me disse que se fosse dormir antes do irmão dela chegar o irmão iria morrer, ou se ela não pendurasse a meia do irmão de um certo modo ele iria morrer. De onde ela tirou essa conclusão? Da mente. Fruto de sua imaginação. Agora, por que não conseguimos dissociar fantasia da realidade? Simples! Porque para o cérebro, não há difenreça. Se você imaginar agora que está comendo uma maçã, ou um abacaxi, saberá com precisão a diferença entre um fruto e o outro só de reviver na mente a idéia de comer, a menos que nunca tenha comido, óbvio. Caso o contrário, seu cérebro não sabe dizer a diferença entre de fato comer e de se imaginar comendo.

Pessoas que tem muito medo do futuro e estão sempre “se preparando” para algo que vai acontecer, correm o risco de ter síndrome do pânico. Sabe aquelas pessoas que dizem assim “...a gente nunca sabe o dia de amanhã, né?”, elas, se não tomarem cuidado, vão criar as bases para construir a médio ou longo prazos uma doença psiquiátrica. Por uma razão simples. Você “educa” seu cérebro a sempre estar preparado para o pior, para sempre pensar no futuro e pouco viver o presente. Como o sistema de luta ou fuga do sistema nervoso parassimpático é ativado em situações de perigo, o medo da perda, ou de um futuro incerto e de um ataque iminente, levam essas pessoas a “sem motivo aparente” ativar seu sistema de luta ou fuga, entrando em pânico “do nada”. Essas pessoas adestram o próprio corpo a sempre ficar preparado, pois elas ficam sempre se projetando no futuro e assim trazendo todos os medos para o presente.

Alguns concurseiros, por exemplo, vivem tensos e criam certezas muitas vezes tolas do tipo, “não, dessa vez com certeza eu passo!”. Certeza do que? Não há certezas! E é essa certeza que ele tanto cria que mais o boicota em suas provas. Pois a confiança em alguns casos é camuflagem da insegurança. O ser seguro de si assim é porque tem os pés firmes no presente e sabe que não há certezas, mas sim que ele estará pronto para os imprevistos.

O mesmo concurseiro que diz “não, dessa vez com certeza eu passo!”, se você perguntar “E se você não passar?” então ele prontamente responde, “Essa possibilidade não existe, eu vou passar!”. A insegurança é tão evidente neste caso, que vocês já devem ter tido um colega assim. Se vocês chegam perto e começam a questionar demais ele logo se torna defensivo e irritadiço.

Então? Qual é a sua? Você confia no futuro ou no presente? Lembre-se de que o futuro não existe. Votos de fé no futuro é jogar dados com poucas chances de acerto, mas criar o seu futuro vivendo cada segundo do presente, isso sim vale a pena ser apostado.

Não sei se vocês já se perguntaram, mas será que vale a pena eu viver tanto tempo inseguro e com medo, tornando-me uma pessoa amargurada só para ter a “certeza” de uma vida tranquila? Não é no mínimo paradoxal? É quase que querer pilotar avião sem saber e querer fazer o curso depois. Meio que impossível, não é? Ou no mínimo muito perigoso. Como que um ser humano pode querer buscar segurança vivendo ao máximo uma vida repleta de insegurança? Não digo que todo concurseiro faz isso, mas o que digo é que a projeção intensa no futuro leva a estados agudos de medo e por conta disso as fobias que tanta gente morre de medo, de novo! Isso acontece em todas as áreas da sociedade. Casais, empreiteiros, advogados, pintores, motoristas, médicos. Todos se deitam na condição de prever o futuro e sofrer a angústia de sua incerteza.

Há remédios para a síndrome do pânico. Consulte um psiquiatra e busque um psicólogo para fazer um acompanhamento terapêutico, mas tenha a certeza, que no final das contas, o que esses profissionais farão, é te colocar no único local do mundo em que você possa estar seguro: que é o Aqui e Agora!

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