Sempre tive dificuldade em estudar sem interagir com o livro. Sou o tipo de pessoa que faz perguntas loucas ao autor por ocasião do estudo (“Porque essa matéria está aqui e não em outro tópico?”, “Não, isso não cai!”), e realmente o silêncio que eu prescindo para o estudo é o externo, porque dentro de mim eu tento estabelecer correlações para que o aprendizado seja o mais ativo possível.

Mas isso acaba fazendo de meus livros verdadeiros cadernos para desenho. Todos coloridos, rabiscados, com flechas, apontamentos, anotações grampeadas, e etc, o que nem sempre é esteticamente adequado, mas certamente rende bons frutos na arte de aprender.

Todas as técnicas de aprendizagem que nos são sugeridas, seja em livros especializados, fóruns e aqui no blog, devem ser sempre experimentadas, porque apenas assim se pode assumir que funciona para você. Não há regras absolutas quando se trata de concursos públicos.

Uma técnica bastante interessante que se pauta na interação com o livro é a utilização de canetas marca-texto durante a leitura, mas não apenas como forma de marcar o que é interessante e que pode ser visualmente identificado com mais facilidade em momento posterior, mas também como forma de contextualizar o que foi anotado.

Ora, além de selecionar o que é relevante, facilita muito o estudo se o estudante contextualiza o que está sendo selecionado. Explico.

A utilização de diversas cores diferentes pode estimular o cérebro (que gosta de coisas bagunçadas, criativas e coloridas), logo, se eu uso, para cada contexto, uma cor diferente, sempre que olhar a página e ver a dita cor, já sei o contexto da anotação ali inserida.

Eu uso o seguinte esquema de cores: Azul (origem de institutos, legislação revogada, datas importantes – tudo o que é histórico e datado); Amarelo (conceitos e requisitos); Vermelho (Bizu’s ou pegadinhas); Verde (classificação, hipóteses legais ou características); Rosa (Títulos e exemplos) e laranja (Importante! Se lembrar!).

Cada um de nós pode criar o próprio sistema de cores. Minha supervisora de estágio no Ministério Público do Paraná, promotora de justiça, me disse que as cores diferentes a mostravam quantas vezes havia lido um livro. Logo, se um livro dela contivesse anotações com 4 cores diferentes, é porque ela o havia lido 4 vezes. Embora eu entenda que saber quantas vezes o livro foi lido não é essencial para ser aprovado, não deixa de ser uma aplicação interessante de canetas marca-texto.

O bacana é que essa técnica, além de facilitar o aprendizado (considerando as funcionalidades do cérebro que eu relatei acima), também auxilia no encontro de informações úteis em curto prazo e a construção de fluxogramas e resumos, já que o que realmente é importante no capítulo (tomando o devido cuidado para não selecionar todo o texto) já foi previamente separado.

RESUMO DA ÓPERA - Bom, fica a dica pessoal. Anotações com canetas marca-texto não auxiliam na estética do livro, é verdade, e há muitos que entendem ser essa postura um desrespeito ao autor. Eu não acho que isso seja verdade, pelo contrário, entendo que se bem utilizada (ou seja, com uma funcionalidade decidida – a de contextualizar, por exemplo – como sugeri hoje) pode ser um ótimo instrumento para favorecer nosso aprendizado. Além disso, que autor não ficaria satisfeito em saber que nossa aprovação se deve ao bom uso do material por ele criado?

PAULA OLIVEIRA é concurseira por vocação.

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