O material certo para cada matéria

É interessante como algumas coisas são atemporais, como valem ao longo do tempo sem perderem jamais seu poder de traduzir a verdade. Um professor que tive na época do cursinho pré-vestibular costumava dizer que "uma boa nota na prova é resultado da soma do material de estudo certo com a quantidade de estudo necessária". E vai alguém me dizer que essa não é uma verdade atemporal que vale como nunca para quem estuda sério para concursos públicos?

Então temos uma pequena equação muito simples:

Material de estudo certo + Quantidade de estudo necessária = Boa nota na prova

Bem, a equação em si pode ser muito simples, mas cada um dos seus fatores não é lá tão simples assim. Vejamos.

Material de estudo certo

Em relação ao material de estudo para concursos públicos a coisa é complicada. Se há alguns anos o concurseiro penava para encontrar algum bom material específico para concursos público, muitas vezes ficando restrito a apenas algumas apostilas e material disperso em livros universitários, agora o concurseiro encontra um sem número de títulos dos mais diversos autores, coleções e editoras. Ou seja, peca-se tanto pela falta quanto pelo excesso.

Algumas matérias são mais tranquilas em termos de encontrar o material de estudo correto, matérias mais, digamos, famosas, como Direito Constitucional e Direito Administrativo. Apesar de haver muito material de estudo de qualidade inferior, é fácil descobrir que o melhor material de estudo para essas matérias são as obras seminais dos autores clássicos do ramo (Maria Silvia Di Pietro, Diógenes Gasparini e por aí vai) ou de professores de cursinhos de concursos reconhecidos como os melhores no ensino das matérias (Marcelo Alexandrino, Vicente Paulo e outros).

Há algumas matérias velhas conhecidas de concursos públicos que apesar de também terem ótimos livros publicados por professores de cursinhos famosos, esses tendem a ficar algo que perdidos em meio a uma enxurrada de outros autores e títulos. Um bom exemplo é a matéria bicho-papão de uma legião de concurseiros, Raciocínio Lógico. O que tem por aí de material de estudo de qualidade inferior para essa matéria não está no gibi. A matéria em si não é difícil, muito pelo contrário, apenas assusta a primeira vista, mas tentar estudá-la com material de estudo de qualidade inferiro pode se revelar uma tortura, principalmente pelo dom de alguns autores de tornar o que é fácil em algo muito difícil.

Só que o bicho pega com gosto quando o assunto são matérias exóticas, aquelas matérias menos usuais no metier concursídico. Para encontrar o material de estudo certo para essas matérias os concurseiros sofrem e muito. Dois bons exemplos são Administração Geral e Arquivologia. Em que pese que para estudar Administração Geral há consenso em torno de um autor, Idalberto Chiavenato, referência quando o assunto são livros de Administração de Empresas e Recursos Humanos. O problema é que a maioria das obras desse autor são voltadas para cursos superiores de Administração de Empresas e não para concursos públicos, obrigando um sem número de concurseiros a digladiar com tópicos dispersos por diversos títulos, o que pouca gente sabe é que faz algum tempo o autor lançou um livro da matéria específico para concursos públicos, condensando em 500 páginas 90% do que as bancas cobram da matéria. Outro bom exemplo é Arquivologia, matéria que eu mesmo nunca tinha ouvido falar antes de começar a estudar para concursos públicos. Diferente da Administração, Arquivologia é muito, mas muito carente mesmo de literatura especializada. Pela maior parte da minha luta concurseira tive de me contentar em estudar a matéria usando algumas apostilas, resumos encontrados na Internet, dicas respassadas por outros concurseiros, ou seja, com material de estudo para lá de raquítico. E como sofri, errando questões preciosas de concursos. O que menos gente sabe é que hoje também há um livro específico da matéria voltado para concursos público, obra em conjunto com o que havia aprendido da matéria até encontrá-la hoje me garante gabaritar as questões da matéria (ou no máximo errar uma questão se essa tratar de especificidades).

Quantidade de estudo necessária

Apesar de não ser segredo para ninguém que estudar para concursos público é estudar muito, mas muito mesmo, é preciso que o concurseiro sério saiba dosar a quantidade de tempo de estudo dispensada para cada matéria dependendo do concurso que vá prestar.

Por que dosar a quantidade de estudo dependendo do concurso? Simples, porque há concursos em que algumas matérias têm peso dois enquanto outras têm peso um, ou seja, errar uma questão da primeira equivale a errar duas da segunda, logo é preferível arriscar errar uma questão peso um do que uma questão peso dois. Além disso, na maioria dos concursos algumas matérias terão maior número de questões que outras. Se num total de 50 questõs da prova 25 forem de Raciocínio Lógico e o restante divido igualmente em outras cinco matérias, fica claro que terei de dedicar pelo menos metade do meu tempo de estudo para Raciocínio Lógico.

Saber dividir o tempo total de estudo para cada matéria prevista no edital faz parte da montagem da estratégia e do plano de estudo feito pelo concurseiro sério. Por isso é preciso ler com cuidado o edital procurando saber o peso de cada matéria, quantas questões serão cobradas de cada uma, o volume de tópicos delas. Com essas informações é possível planejar a melhor estratégia de abordagem para um estudo eficiente e eficaz.

Boa nota na prova

Agora, não acreditem que apenas o material de estudo certo com a quantidade de estudo necessária garantirão uma boa nota na prova. Há nessa equação, digamos, algumas variáveis ocultas, como a maturidade do concurseiro, sua estratégia de fazer prova, sua tranquilidade, cabeça fria, se está descansado ou não.

Inclusive, semana que vem escreverei alguns artigos sobre essas variáveis ocultas que passam despercebidas para muito concurseiros sérios e nem por isso deixam de afetar seu desempenho em prova.

Seja como for, se mesmo estudando a quantidade necessária com o material de estudo certo não garante uma boa nota na prova, estudando-se aquém do necessário e/ou com material de estudo inadequado garantite, sim, uma nota não tão boa na prova, ou seja, é um prego no caixão do concurseiro naquele concurso. Isso é fato.

Resumo da ópera - Estudar sério para concursos é isso aí, meus amigos, investir tempo nos estudos, uma graninha no melhor material de estudo, muitos neurônios para montar a melhor estratégia e planejamento, e uma boa dose de paciência e humildade até se alcançar a sonhada posse em cargo público. Se a luta já é difícil e dura fazendo tudo da melhor forma possível, imagine como não será se tudo for feito mais ou menos?!

Ei, se você anda penando para estudar Administração Geral e Arquivologia, dê uma olhadinha aí embaixo nos livros que estou vendendo.

Charles Dias é o Concurseiro Solitário.

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