Esprit des corps
06:08
Concurseiro Solitario
, Posted in
Sobre ser servidor público
,
2 Comments
Foi postado no shoutbox do blog:
"Boa sorte e depois poste pra nós como é o pensamento do pessoal que trabalha contigo a respeito dessa nossa luta para entrar, o que eles (coleguinhas) esperam do serviço publico, se hoje é melhor do que foi no passado recente."
A ideia de todas as postagens ao longo dessa semana não foi de comemoração da minha posse ou autopromoção, de modo algum, mas uma tentativa de satisfazer muitas dúvidas e curiosidades de concurseiros que nunca foram empossados e que somente agora, servidor recém empossado, pude escrever a respeito. Exatamente por isso gostei muito da sugestão acima vinda de um leitor do blog e resolver usá-la como tema para um artigo de encerramento dessa semana. Vamos lá.
Desde antes de me formar na faculdade, sempre trabalhei na iniciativa privada, mas nem por isso me acostumei com os aspectos negativos dos empregos que tive. E como é diferente no serviço público, muito mais do que eu poderia supor. Como só sou servidor por uma semana, posso lhes passar tão apenas minhas impressões iniciais, que, no entanto, são bastante fortes.
O primeiro dia foi marcante. Quando chega um novo funcionário em empresas privadas, há, sim, todo aquele esquema de boas vindas, mas sempre entremeado de um sentimento de "e se esse cara veio para roubar meu emprego?", ou seja, a chegada de um novato é vista com uma certa desconfiança desconfortável. Mas o mesmo não aconteceu na minha chegada na ANAC, muito pelo contrário, fui recebido de braços abertos sem nenhum traço desse porém, e nem poderia ser diferenteuma vez que a chegada de um novo servidor em uma repartição pública não significa que alguém será demitido.
Outro ponto marcante que me chamou muito atenção foi o nível baixíssimo de estresse no dia-a-dia de trabalho. Estava conversando ontem sobre isso com outro novato também egresso da iniciativa privada. Nos primeiros dias não se tem senha para nada, não se sabe fazer muita coisa, ou seja, o novato fica meio sem o que fazer. O que mais ouvimos nesses dias foi "calma, daqui a pouco você começa a trabalhar". Ou seja, não sentimos aquela pressão para trabalhar mesmo sem ter senhas, saber exatamente o que se deve fazer ou como fazê-lo.
Em muitas empresas privadas tirar cinco minutinhos para tomar um café é visto como pecado . Parar para papear um pouco com algum colega de trabalho enquanto toma tal café, então, é pecado mortal que faz muitos empregados privados tremerem com a possibilidade de demissão por (in)justa causa. No serviço público, porém, isso não é problema.
Notem que não quero, de forma alguma, dizer que não há trabalho para fazer. Há, sim, é muito. Hoje (sexta) completo minha primeira semana de trabalho e digo com conhecimento de causa que trabalho para fazer não falta. Nessa semana já fiz um treinamento e processei quase uma centena de documentos, atribuição da área onde estou alocado. Mas se você faz seu trabalho como deve ser feito, não há pecado em tirar alguns minutinhos para tomar um café e/ou papear um pouquinho para "desanuviar" a cabeça e poder voltar ao trabalho com carga total.
Quanto ao modo como nós, novatos, somos vistos pelos outros servidores, bem, agora sei exatamente o que é o tal "esprite des corps". Essa famosa expressão francesa designa "a dedicação ou ligação ao grupo profissional ao qual pertencemos", ou seja, um espírito de "aqui somos todos iguais, já sofremos as mesmas coisas para chegar aqui, somos todos irmãos de armas". É muito bom estar entre ex-concurseiros que passaram por tudo o que você já passou, muitos ainda concurseiros em busca de cargos e funções melhores ou que sejam seu objetivo final em termos de trabalho no serviço público.
Como quem já é servidor vê quem ainda não venceu na guerra dos concursos públicos? Principalmente com compreensão de que essa não é uma luta fácil de ser vencida, com empatia.
Notem que, inclusive, criei um novo marcador de artigos que chamei de "sobre ser servidor público", que utilizarei para lhes repassar minhas impressões de como é trabalhar no serviço público, dicas e tudo o mais.
Resumo da ópera - Sinceramente, é muito bom trabalhar no serviço público. O clima de trabalho e o companherismo dos colegas de trabalho vale ouro, acreditem, algo praticamente inexistente na iniciativa privada.
CHARLES DIAS é o Concurseiro Solitário.
IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um(a) revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.
"Boa sorte e depois poste pra nós como é o pensamento do pessoal que trabalha contigo a respeito dessa nossa luta para entrar, o que eles (coleguinhas) esperam do serviço publico, se hoje é melhor do que foi no passado recente."
A ideia de todas as postagens ao longo dessa semana não foi de comemoração da minha posse ou autopromoção, de modo algum, mas uma tentativa de satisfazer muitas dúvidas e curiosidades de concurseiros que nunca foram empossados e que somente agora, servidor recém empossado, pude escrever a respeito. Exatamente por isso gostei muito da sugestão acima vinda de um leitor do blog e resolver usá-la como tema para um artigo de encerramento dessa semana. Vamos lá.
Desde antes de me formar na faculdade, sempre trabalhei na iniciativa privada, mas nem por isso me acostumei com os aspectos negativos dos empregos que tive. E como é diferente no serviço público, muito mais do que eu poderia supor. Como só sou servidor por uma semana, posso lhes passar tão apenas minhas impressões iniciais, que, no entanto, são bastante fortes.
O primeiro dia foi marcante. Quando chega um novo funcionário em empresas privadas, há, sim, todo aquele esquema de boas vindas, mas sempre entremeado de um sentimento de "e se esse cara veio para roubar meu emprego?", ou seja, a chegada de um novato é vista com uma certa desconfiança desconfortável. Mas o mesmo não aconteceu na minha chegada na ANAC, muito pelo contrário, fui recebido de braços abertos sem nenhum traço desse porém, e nem poderia ser diferenteuma vez que a chegada de um novo servidor em uma repartição pública não significa que alguém será demitido.
Outro ponto marcante que me chamou muito atenção foi o nível baixíssimo de estresse no dia-a-dia de trabalho. Estava conversando ontem sobre isso com outro novato também egresso da iniciativa privada. Nos primeiros dias não se tem senha para nada, não se sabe fazer muita coisa, ou seja, o novato fica meio sem o que fazer. O que mais ouvimos nesses dias foi "calma, daqui a pouco você começa a trabalhar". Ou seja, não sentimos aquela pressão para trabalhar mesmo sem ter senhas, saber exatamente o que se deve fazer ou como fazê-lo.
Em muitas empresas privadas tirar cinco minutinhos para tomar um café é visto como pecado . Parar para papear um pouco com algum colega de trabalho enquanto toma tal café, então, é pecado mortal que faz muitos empregados privados tremerem com a possibilidade de demissão por (in)justa causa. No serviço público, porém, isso não é problema.
Notem que não quero, de forma alguma, dizer que não há trabalho para fazer. Há, sim, é muito. Hoje (sexta) completo minha primeira semana de trabalho e digo com conhecimento de causa que trabalho para fazer não falta. Nessa semana já fiz um treinamento e processei quase uma centena de documentos, atribuição da área onde estou alocado. Mas se você faz seu trabalho como deve ser feito, não há pecado em tirar alguns minutinhos para tomar um café e/ou papear um pouquinho para "desanuviar" a cabeça e poder voltar ao trabalho com carga total.
Quanto ao modo como nós, novatos, somos vistos pelos outros servidores, bem, agora sei exatamente o que é o tal "esprite des corps". Essa famosa expressão francesa designa "a dedicação ou ligação ao grupo profissional ao qual pertencemos", ou seja, um espírito de "aqui somos todos iguais, já sofremos as mesmas coisas para chegar aqui, somos todos irmãos de armas". É muito bom estar entre ex-concurseiros que passaram por tudo o que você já passou, muitos ainda concurseiros em busca de cargos e funções melhores ou que sejam seu objetivo final em termos de trabalho no serviço público.
Como quem já é servidor vê quem ainda não venceu na guerra dos concursos públicos? Principalmente com compreensão de que essa não é uma luta fácil de ser vencida, com empatia.
Notem que, inclusive, criei um novo marcador de artigos que chamei de "sobre ser servidor público", que utilizarei para lhes repassar minhas impressões de como é trabalhar no serviço público, dicas e tudo o mais.
Resumo da ópera - Sinceramente, é muito bom trabalhar no serviço público. O clima de trabalho e o companherismo dos colegas de trabalho vale ouro, acreditem, algo praticamente inexistente na iniciativa privada.
CHARLES DIAS é o Concurseiro Solitário.
IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um(a) revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.
———«»———«»———«»———
Charles, né por nada não, mas soou meio mal essas duas afirmações juntas: "tomar cafezinho enquanto papeia com os colegas, ao contrário da iniciativa privada, não é problema"; "há sim muito trabalho a fazer". As pessoas que pegam no pé dos servidores públicos achariam isso um prato cheio pra criticar e falar que servidor faz corpo mole, não acha?
Tenho certeza absoluta que vc não quis dizer isso, mas ficou parecendo... rs.
Eram essas as palavras que eu imaginava ouvir mesmo.
O gatilho inicial para minha decisão de ingressar no serviço público veio com um estágio que realizei numa estatal.
Embora não fosse funcionário efetivo, todo mundo me tratava bem, o clima era ótimo.
E para mim, o clima vale mais do que o dinheiro, não tem sentido ganhar dinheiro se tiver que ficar num lugar que faz mal.
Seu relato só me encorajou a perseguir de maneira ainda mais veemente meu sonho.
Abraço e boa sorte nessa nova etapa de sua vida.