Qual é o seu foco nos estudos para concursos públicos?
06:41
Concurseiro Solitario
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Na Idade Média havia na Europa dois sérios problemas decorrentes da forma medieval de produção. Um deles era o enorme excedente de mão-de-obra, resultante do aumento populacional. O outro era o enorme excedente de nobres sem terra, resultante do costume de que apenas o filho mais velho herdava todos os bens (terras) do pai. O que os reis e papas fizeram para resolver o problema? Simples, inventaram as famosas Cruzadas, guerras santas para liberar Jerusalém do domínio mulçumano, mas que na verdade eram para acabar com o excedente populacional do Velho Continente e dar chance para os nobres sem terra conquistarem riquezas e terras em outro lugar qualquer.
Então os reis e papas despacharam arautos por todos os lados convocando o povo e os nobres para se juntarem a tão sagrada luta. Bem, os caras estavam fodidos, passando fome, sem terras, sem dinheiro, então, claro, toparam entrar naquela guerra em busca de um lugarzinho no céu e, de quebra, de fortuna. Então os nobres juntaram suas armaduras, armas e escudeiros, reuniram os servos pobretas que toparam responder ao chamado para a guerra sagrada e partiram de todos os lados da Europa para a Terra Santa, babando de ódio para lutar contra os mulçumanos malvados.
O problema é que a maioria dessa galera não tinha a menor idéia de onde ficava Jerusalém, para onde deveriam seguir para chegar a Terra Santa e lutar contra os mulçumanos. Sério. Os caras, simplesmente, iam para onde dava na telha, o que fez muitos desses grupos rodar pela Europa por anos até, finalmente, alguém lhes apontar o caminho correto. Claro, nessas andanças sem rumo muitos morriam, lutavam em guerras que não eram a que deveriam lutar, perdiam a motivação, enfim, se ferravam.
Bem, vivemos algo parecido atualmente com a febre dos concursos públicos. Em meio a uma realidade de poucos empregos, salários baixos, falta de estabilidade e possibilidades de satisfação profissional na iniciativa privada, os empregos públicos se tornaram uma Jerusalém de muitas vagas, bons salários, estabilidade e satisfação profissional, que deve ser conquistada em uma guerra quase santa. Muitos ouviram a esse chamado e entraram nessa guerra, somos nós, os concurseiros.
O problema é que a maioria dos concurseiros também não tem a menor idéia de para onde devem seguir para lutar e conquistar seu cargo público. E como os exércitos medievais sem noção de onde ficava Jerusalém, também ficam vagando no universo dos concursos públicos, lutando guerras erradas, perdendo a motivação, apanhando se precisar apanhar, amargando derrotas que não precisariam amargar.
Recentemente fizemos uma enquête sobre o assunto, perguntando “Qual é o seu foco nos estudos”. Vejamos as opções de resposta e os resultados.
Para apenas um concurso específico
Essa opção é feita sobre medida para aqueles concurseiros obstinados que focam apenas em um cargo ou concurso específico e ponto final. O cara quer ser Juiz do Trabalho ou Auditor Fiscal da Receita Federal, por exemplo, e só estuda para esse cargo e/ou concurso específico, sem perder tempo ou se deixar seduzir por outros concursos públicos.
Essa estratégia, claro, não é para qualquer um. A pessoa tem de ser muito obstinada e disciplinada, além de ter muita paciência, afinal de contas, muitos desses concursos acontecem apenas uma ou algumas vezes no ano.
Em vista da especificidade dessa opção, não nos surpreendemos que ela ter sido escolhida por apenas 8% dos que responderam à enquête.
Para apenas uma carreira específica
Essa é uma opção genérica, porém orientada, na qual os concurseiros estão interessados apenas em concursos de uma carreira específica, como da carreira jurídica ou da carreira de fiscalização. Assim, sua atenção está voltada apenas para concursos dentro daquela carreira e de nenhuma outra.
Essa estratégia pode ser um pouco complicada se na carreira houver muitos cargos diferentes, sendo vários deles passíveis de escolha por parte do concurseiro. Na área de saúde, por exemplo, isso não ocorre, afinal de contas, um médico Pediatra poderá prestar concurso apenas para médico Pediatra e Clínico Geral. Agora, na área de fiscalização a coisa é diferente, há diversos cargos de fiscal, em diversas áreas, com diversas atribuições, todos passíveis de serem opção por parte do concurseiro.
Como também esperávamos, essa opção foi a escolha de uma fatia considerável dos que responderam à enquête, exatamente 20% optaram por ela.
Para apenas uma área específica
Essa opção é um refinamento da anterior, onde o concurseiro escolhe uma dentre as diversas áreas que formam uma carreira e foca em concursos públicos para cargos apenas nela. Esse estreitamento de foco é muito importante para o estudo mais concentrados e específico, além, claro, da definição de uma estratégia mais refinada e orientada.
Não foi a toa que essa opção recebeu os votos de 34% dos que responderam à enquête, um percentual respeitável, mas que ainda ficou abaixo do que esperávamos.
“Estou atirando para todos os lados”
Imagine entrar com os olhos vendados e armado com um revólver carregado em um enorme galpão que está completamente às escuras, para então atirar em inimigos que atiram em você e que você pode apenas deduzir onde estão pelo barulho dos tiros que disparados. Isso é atirar para todos os lados! Aplicando aos concursos públicos, significa prestar certames sem qualquer critério estratégico de escolha, o cara simplesmente vai tomando conhecimento dos concursos que são lançados, analisa aspectos como salário, local de trabalho e matérias que serão cobradas e, se sua formação permitir prestar tal concurso, o cara se inscreve, estuda como pode e faz as provas na esperança de ser aprovado.
Para nossa grande surpresa, essa foi a opção que recebeu mais votos na enquête, exatamente 36% deles. Ou seja, mais de um terço dos concurseiros simplesmente não estão fazendo escolhas estratégicas na hora de escolher os concursos públicos que prestarão.
Gente, está na cara que quem está “atirando para todos os lados” faz parte de um desses exércitos medievais que ficaram zanzando pela Velha Europa anos a fio doidos para lutar pela libertação de Jerusalém, mas sem a mínima noção de para que lado ficava o lugar! Isso é loucura, simplesmente loucura.
Se você é um concurseiro que está “atirando para todos os lados”, saiba que se continuar nessa, também vai ficar alguns anos zanzando entre provas de concursos públicos sem alcançar o sucesso, desperdiçando tempo, dinheiro, esforço e motivação. Claro que alguns serão aprovados por acaso, mas além do acaso não premiar mais do que alguns poucos, geralmente não traz satisfação. Imagine ser aprovado em um concurso qualquer, ser empossado e alguns meses depois descobrir que o trabalho não tem nada haver com você, é insuportável e que se você não pedir exoneração o mais rápido possível, dará um tiro na cabeça!
Concurseiros sérios devem ser, antes de tudo, estrategistas. A estratégia começa, justamente, com a definição do foco dos estudos. Antes de sequer pensar em começar a estudar, o concurseiro sério deve parar, pensar, analisar, matutar, meditar, até estar pronto para decidir qual será seu foco nos estudos. Você pode querer um concurso ou cargo específico, pode almejar cargos numa carreira ou numa área específica, ótimo, essas opções permitem que você monte estratégias sensatas e planejamentos de estudo eficientes que o conduzirão à vitória e à sonhada posse. Agora, se você opta por fazer concursos sem estratégia alguma de escolha, baseando-se apenas no “achômetro”, no “acho que nesse consigo passar”, então, amigo, você está fodido de verde, amarelo, azul e branco, e enquanto pensar assim estará condenado a ser apenas mais um coitado na massa de coitados que colecionam derrotas em concursos públicos sem avançar um centímetro sequer em direção à vitória! Note que uma coisa é sofrer derrotas cada vez mais perto da linha de chegada, isso faz parte da evolução do concurseiro, agora, condenar-ser a sofrer derrotas sempre quilômetro longe da linha de chegada é algo idiota.
Resumo da ópera – Esse artigo é uma introdução a um artigo que estou escrevendo sobre como fazer uma escolha estratégica de foco dos estudos. Sei que muita gente não faz esse tipo de escolha por não saber como fazer, que se vê atolado no “atirando para todos os lados” por não saber como fazer diferente. Mas qualquer guia, orientação ou conselho que possa lhe dar apenas será útil se antes você estiver realmente disposto a fazer uma escolha estratégia e, principalmente, a se agarrar a ela. A guerra dos concursos públicos é impiedosa, gente, ela não perdoa quem luta sem estratégia, muito pelo contrário, ela esmaga, estraçalha, judia, machuca que age assim. Então, mude de vida enquanto ainda pode!
Simulado RI-STJ #11
ATENÇÃO - Deu pau aqui no arquivo do simulado de hoje. Acho que corrompeu legal. Amanhã postarei um simuladão com 20 questões. Sorry pelo contratempo.
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Clipe do Dia
Sophie Ellis-Bextor é uma cantora inglesa com uma voz linda, um rostinho lindo, pernas lindas, enfim, ela é tudo de bom. Conhecida por seus vários sucessos pop dançantes e clipes muito criativos e elaborados, a moça é um sucesso no mundo na música. “Catch You” foi lançado como single do seu terceiro CD e o clipe foi filmado em Veneza.
Charles, realmente é isso. Você está certo e eu optei pela opção: uma carreira só. Diminui muito a angústia.
Raquel
Eu optei por uma área. Área Jurídica...todos e qualquer escrevente perto de casa no qual eu esteja pelo menos uns 65% estudado :p
Charles eu estava este caminho sem direção agora tenho um objetivo certo.
Nossa amei esse post.
Ja diz a frase, ninguem chega a lugar algum sem saber para onde esta indo.
Frase feita que ouvimos a todo momento, e que acaba passando desapercebida.