COLUNA DA RAQUEL SOLITÁRIA - Redação é algo complexo, mas não é bicho papão

Prezados leitores, primeiramente, venho agradecê-los pelas belas mensagens que venho recebendo por e-mail. Com esse tipo de interação, torna-se possível saber quais são suas necessidades e, assim, posso escrever artigos sobre elas.

Com relação ao artigo passado, esclarecendo a alguns leitores: quando me referi aos atalhos, quis dizer que depois de certo tempo estudando as matérias jurídicas, fica mais fácil e rápido estudar assuntos novos. A gente ganha base e aplica os mesmos raciocínios para muitas coisas semelhantes do Direito.

Voltando ao que nos interessa, eu resolvi voltar a esse tema porque ele é considerado incômodo para muitos concurseiros. Num curso de Delegado Federal aqui no Rio, vi um monte de gente sair da aula no momento da aula de português e redação. Fiquei me perguntando sobre como aquelas pessoas poderiam pagar por uma aula tão importante (e de boa qualidade), mas não freqüenta-la. A resposta, possivelmente, remonta aos bancos escolares.

Vocês não sabem disso, mas nem sempre eu escrevi bem. Eu fui uma adolescente meio insegura e nem sabia que tinha potencial para me exprimir bem no papel. O resultado mais doloroso dessa experiência foi uma nota "redonda" no meu primeiro vestibular da UFRJ. Foi incrível tirar zero pela primeira vez na vida! Um choque, pra falar a verdade. Lembro-me até hoje do tema, que agora é banal para nós: o movimento da nova valorização da língua portuguesa.

Depois disso, eu não quis me acomodar. Fui parar num curso famoso da minha cidade que ensinava literatura, redação, gramática, debatia-se atualidades e um pouco de filosofia. Lá eu pude perceber que poderia escrever muito bem. Depois, na faculdade, tive três disciplinas de português jurídico que foram de grande valia. E para fechar com chave de ouro, fui me reciclar num curso de redação para concursos e fiz um para a Marinha. Acreditem: todos eles me ensinaram coisas diferentes e foram experiências muito boas.

Com tanta bagagem, o que posso ensinar?

* Vocês estão carecas de saber que redação tem princípio, meio e fim. A introdução deve ser simples, mas objetiva. Não se deve florear. O ideal é que sua introdução apresente, de leve, a sua argumentação futura. Existem diversas técnicas para se fazer isso, mas eu não sou professora de língua portuguesa. Vou ficar devendo essa. Só que uma coisa posso lhes dizer com segurança: às vezes menos é mais. Usar uma linguagem limpa e clara ajuda a se fazer entender! É melhor que escrever demais e causar confusão.

* Aconselha-se não usar palavras complicadas, pois se o restante do texto não estiver condizente com o contexto, haverá desconto de pontos. O examinador vê a sua redação como um todo e aquela palavra pode macular todo o texto. Ele vai implicar com aquela palavrinha!

* Quando tiver que analisar um tema, por mais difícil que ele seja, aconselho que pegue um pedaço da folha e rabisque tudo o que vem a sua cabeça. Depois, elabore uma tese para defender. Fique atento(a) ao que se pede. A banca CESPE costuma direcionar a redação, dizendo quais tipos de enfoques o candidato deve seguir. Isso é muito bom, pois se torna possível estruturar uma argumentação com cada um daqueles tópicos. Nas outras bancas, você precisará fazer isso sozinho(a), mas não se assuste porque o tema delimita o que se deseja.

* Conclusão não é repetição de nada, mas apenas um resgate das idéias (eu disse idéias e não cópia) anteriores acrescidas de uma nota pessoal, uma crítica, uma sugestão ou, até mesmo, uma exposição da dificuldade em se posicionar sobre esse ou aquele tema. Aqui não cabem discursos inflamados, mas a defesa racional de idéias. Como ao longo do texto, deve-se usar sempre a terceira pessoa do singular e impessoal, somente é concedido em poucos casos, usar a terceira pessoa do plural na conclusão. Parece meio abstrato, mas é uma das hipóteses em que o redator pode marcar mais sua posição com o uso desse recurso. Um exemplo: "Pensamos ser melhor investir em políticas educacionais".

Para fazermos questões discursivas, segundo o professor de Direito Penal Rivaldo, é preciso ser objetivo, preciso e não querer demonstrar conhecimento além do que foi pedido. Tome cuidado, pois você pode acabar saindo do foco da questão. Por outro lado, não é bom embromar demais, sob pena de ter um discurso vazio de conteúdo.

Se uma questão, por exemplo, como já caiu para mim no concurso do TBG (Transportadora Gasoduto Brasil-Bolívia que pertence ao grupo Petrobrás) pede para que você explique o que vem a ser Direito de Retenção no Código Civil, dê o que o examinador quer, ora! Comece dizendo que "Direito de Retenção é um instituto do Direito Civil que trata do direito de propriedade no tocante às melhorias úteis, necessárias e voluptuárias" e siga adiante com sua explicação. Eu ganhei a totalidade da pontuação nessa questão.

Quando é trazido um caso concreto para ser analisado, inicie breve parágrafo com uma reescrita (paráfrase) do caso concreto, mas já ordenando uma seqüência de raciocínio e lógica entre os fatos. Esse é um modo de preparar a ordem como se estruturará a sua resposta. O ideal é que isso não alcance mais que quatro linhas.

Depois, ao final, procure fechar, convergir todos os argumentos usados, colocando a idéia maior e final. Isso porque todo aquele raciocínio te levou a uma conclusão. Se, por exemplo, a questão tratar de uma licitação cheia de irregularidades e sua argumentação leva a crer que a anulação da mesma é o que há de correto, reforce tal posição na conclusão.

Resumo da Ópera - A língua portuguesa é fascinante, maravilhosa. Não consigo parar de estudá-la, mas nem por isso sinto que posso me acomodar. Por isso te digo: é meio complexa, mas isso não deve significar empecilho para você. Não tem desculpa, agora com essas dicas você pode fazer concursos com redação e questões discursivas".

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Gabarito do Simulado RI-STJ #9

1 – C ....... Art. 17º Caput
2 – C ....... Art. 17º § 1º
3 – C ....... Art 17º § 2º
4 – C ....... Art 17º § 4º
5 – C ....... Art 19º Caput
6 – C ....... Art. 18o Caput
7 – C ....... Art 17º § 3º
8 – C ....... Art 17º § 2º
9 – C ....... Art 17º § 5º
10 – C ...... Art 17º § 2º

Gabarito do Simulado RI-STJ #8

1 – C ....... Art. 13º I a
2 – E ....... Art. 13º I b
3 – C ....... Art 13º II a
4 – E ....... Art. 13º II b
5 – C ....... Art. 13o IV b
6 – E ....... Art. 13o IV a
7 – C ....... Art. 13o IV c
8 – E ....... Art. 14o Caput
9 – C ....... Art. 14o III
10 – E ...... Art. 14o Parágrafo Único

Segunda-Feira será publicado um novo simulado inédito e exclusivo, não perca.

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PERGUNTA DO DIA

Você tem dificuldades com redação? Já teve? Como enfrentou ou vem enfrentando essa dificuldade?
Essa pergunta deve ser respondida em nossa comunidade no Orkut. Basta clicar no homenzinho ai em cima (você precisa estar conectado no Orkut em outra janela de navegador para ser levado à página de resposta).

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Clipe do Dia



Como o assunto de hoje é bicho papão, nada melhor que uma música que combine. Na voz de Cássia Eller, "A Cuca Te Pega".

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Bate-papo do Concurseiro Solitário
(Amanhã, DOMINGO, a partir das 20:00)

Vá ao chat do IG (http://batepapo.ig.com.br/)

Escolha nas opções de salas o Afinidades.

Escolha o canal Atualidades.

O bate-papo será na Sala 1.

2 Response to "COLUNA DA RAQUEL SOLITÁRIA - Redação é algo complexo, mas não é bicho papão"

  1. Camisa 9 says:

    Simplesmente eu ainda não faço concurso com redação e ponto final...:(

    Derik Macedo says:

    Adorei o texto, sou apenas um vestibulando e nem pretendo cursar direito, mas essas dicas são muito úteis pra qualquer redação ou discursiva, de qualquer área.

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