COLUNA DA CONCURSEIRA CRÔNICA - Concurso parado, trabalho dobrado

Você estudou, se dedicou muito e fez a prova. Esperou ansiosamente a liberação do gabarito, participou de rankings na internet e constatou, feliz, que sua classificação seria boa. Quando veio o resultado final, a ratificação da vitória: seu nome figurava numa belíssima posição. Missão cumprida!

Missão cumprida? Meses depois da divulgação do resultado final, seu concurso sequer foi homologado, ou pior: houve homologação, mas ninguém foi convocado para exames médicos. As especulações são muitas, contudo não há informações oficiais. Vendo a areia da ampulheta do prazo de validade correndo cada vez mais rápido, você, que já se via trabalhando, começa a se preocupar. Parece que esse emprego não vem mesmo.

Infelizmente, a situação que descrevi acima é mais corriqueira do que deveria ser – ou que gostaríamos que fosse. Os motivos, por outro lado, não são poucos: a Administração é um organismo complexo e há muito que se ajustar antes de convocar novos concursados. Problemas como desorganização interna, falta de verbas para salários e atraso na aprovação de lei que cria novos cargos são alguns dos motivos mais comuns. Como ainda não estamos na engrenagem, ficamos sedentos por ver nosso nome no Diário Oficial.

Fazendo um exercício “Pollyanna”, quero dizer algumas palavras para tranqüilizar e estimular aqueles que, como eu, vivem essa situação no momento:

1. É preferível esperar mais um pouco e encontrar uma casa arrumada do que cair de pára-quedas no meio de uma repartição infernal. Se o caso do seu concurso é esse, “the best is yet to come”. Fique feliz da vida porque sua situação de dureza é temporária. Em compensação, terá dias calmos quando finalmente chegar em sua repartição pública e não encontrar gente muito mal-humorada porque não foi removida ou realocada como queria. Um ambiente de trabalho organizado e harmônico vale muito mais que dois ou três meses de salário...

2. Se a homologação ainda não aconteceu, o tempo está positivamente parado. Apesar do seu bolso dizer o contrário, essa é a situação em que o concursando deve estar mais tranqüilo. Se a homologação está demorando a acontecer, não começou a correr o prazo de validade; se não corre o prazo de validade, não há motivo pra desespero. Você ainda terá bastante tempo pra ser chamado.

3. Tempestade é véspera de bonança. À primeira vista, um espaço muito grande entre uma leva de convocações e outra pode assustar – principalmente se você é a bola da vez. Veja isso por outro ângulo: nesse meio-tempo, mais vagas podem ter surgido de exonerações, demissões, aposentadorias, pessoas que não tomaram posse e vagas novas autorizadas por lei. Talvez seu cargo público esteja mais perto do que você imagina.

4. Controle a ansiedade; busque informações. Não vale a pena ficar enlouquecido porque o concurso está parado. Pra amenizar a tensão, procure informações em comunidades existentes em sites de relacionamento, converse com colegas concurseiros, acompanhe as movimentações do Diário Oficial. Quando a gente tem uma idéia mais clara do que está acontecendo, tende a ficar mais tranqüilo. Agora, se essas informações te deixam mais ansioso ainda, o jeito é esquecer do concurso e estudar pra outros até o dia em que o telegrama chegar à sua casa.

5. Zele por seus direitos. Segundo o entendimento sumulado pelo STJ, candidato aprovado dentro do número de vagas oferecido no edital teria direito de assumir seu posto. Mantenha a tranqüilidade, mas fique de olho para não ser privado dos seus direitos...

É isso, gente. Para encerrar esse artigo, conto pra vocês uma historinha que aconteceu com dois amigos meus dos tempos de faculdade. Em meados de 2006, eles prestaram um concurso pra nossa área. Como o certame era para um único cargo do Ministério da Cultura, mas as vagas eram divididas entre as diferentes fundações pertencentes a ele – uma média de 2 vagas para cada uma – havia a possibilidade do candidato listar, por ordem de preferência, três fundações. Meus referidos amigos ficaram classificados entre o 70º e 80º colocados; evidentemente não tinham a menor chance de convocação e esqueceram do concurso. Semana passada, um deles estava tirando um cochilo quando a empregada o acordou, dizendo que tinha uma ligação pra ele. Do outro lado da linha, a responsável pelo RH da Biblioteca Nacional disse que, dali a dois dias, ele deveria estar lá para a solenidade de posse! Depois de novas vagas autorizadas pelo Ministério do Planejamento, desistências do concurso e muitas vacâncias, meu amigo tornara-se a última pessoa classificada ao cargo; se não assumisse, a vaga ficaria... vaga! Ao fim e ao cabo, ele começou a trabalhar no dia do vencimento do prazo de validade da prorrogação, vejam vocês!

Resumo da ópera: A Administração é uma engrenagem viva, e os fatores que determinam o andamento dos concursos são a necessidade e a disponibilidade desse fascinante organismo. Um concurseiro sério deve ter isso em mente sempre.

———«»———«»———«»———

Clipe do dia



Paulinho da Viola e Maria Bethânia, na flor dos seus 20 e poucos anos, em 1969, fazendo música boa na praia de Itaipú, em Niterói. Estavam sendo entrevistados por Pierre Barouh, que fazia o documentário "Saravah". Essas imagens transbordam informalidade e juventude; são encantadoras.

2 Response to "COLUNA DA CONCURSEIRA CRÔNICA - Concurso parado, trabalho dobrado"

  1. Camisa 9 says:

    Video bem calminho, Flávia. Adorei.
    Tava precisando ouvir uma musica desse naipe.

    Também estou a esperar uma convocação...e o bolso não dá trégua, mas como voltei a trabalhar, não estou tão desesperado. O meu maior desespero é não poder voltar a estudar. Mas o importante é não perder as esperanças. E olha que o meu concurso já foi homologado à 4 meses e nada de chamar ninguém.
    Será que as eleições municipais atrapalham nas convocações estaduais e/ou federais?

    Abçs

    Flavia C. says:

    Acho que as eleições não atrapalham quase nada...

powered by Blogger | WordPress by Newwpthemes | Converted by BloggerTheme | Blogger Templates | Low Interest Credit Cards