Sono polifásico?

Semana passada recebi o email de um leitor do blog com a seguinte dúvida:

“Você poderia escrever algo sobre sono polifásico, se você acha ser uma boa vantagem para quem já vem estudando a algum tempo, e quer radicalizar quando o edital sair, etc... Ou se isso é furada só funciona para ficar mais tempo acordado, mas a produtividade do cérebro reduz muito.”

Antes de qualquer coisa, vejamos o que é esse tal de sono polifásico com a ajuda da Wikipedia.

“O sono polifásico é um padrão de sono alternativo no qual o tempo dedicado ao descanso pode ser reduzido em até duas horas por dia sem causar danos a saúde. Ele é atingido pela separação do período de sono em momentos mais curtos e espaçados.

Historicamente foi utilizado por pessoas engajadas em atividades que não permitem longos períodos de sono, como velejadores, astronautas. Também foi utilizado por diferentes motivos e de diferentes maneiras por personalidades como Leonardo da Vinci que dormia 15 minutos a cada 2 horas, Lord Byron, Benjamin Franklin, Nikola Tesla, Thomas Edison, Wiston Churchill e Napoleão Bonaparte. A partir dos anos 70, o sono polifásico passou a ser acompanhado em laboratório e ganhou respaldo científico.”

Para muita gente que só está sabendo que existe esse negócio agora, pode parecer a mais pura doideira, mas é algo muito praticado e discutido em todo o mundo, com argumentos contra e a favor. Vejamos alguns deles.

Argumentos a favor, ou, vantagens do sono polifásico:

• Mais energia e disposição;

• Mais tempo, obviamente (22 horas acordado por dia);

• A mente funciona melhor;

• Sonhos vívidos;

• Vida mais organizada. Pois você sempre dorme e acorda nos mesmos horários, podendo então manter uma agenda organizada. Seja pessoal, seja profissional.

• Alimentação mais saudável, pois pelo fator acima, você sempre come nos mesmos horários e controla, de modo que não se sinta estufado (que possa vir a atrapalhar seu sono).

Argumentos contra, ou seja, desvantagens:

“Os críticos do sono polifásico preocupam-se com a possibilidade deste padrão de sono restringir o tempo gasto como os estágios perimetrais do ciclo do sono, podendo assim perturbar o ritmo circadiano do corpo. Isso poderia causar o sofrimento dos mesmos efeitos negativos encontrados na privação do sono, como perda da capacidade cognitiva e habilidade física, incluindo stress, ansiedade e enfraquecimento do sistema imunológico. Contudo, não existem estudos comprovando o efeito negativo do sono polifásico. Os críticos apontam a dificuldade que algumas pessoas tem de respeitar os curtos intervalos de sono, quando acabam dormindo além do programado, como uma evidência da insustentabilidade deste padrão.

Muitos adeptos do sono polifásico relatam que a parte mais difícil deste padrão de sono é superar o aspecto social, uma vez que as horas de trabalho muitas vezes não permitem o período necessário de sono durante o dia em intervalos regulares.”

Ok, agora vamos analisar o assunto do ponto de vista concurseiro.

Analisando o sono polifásico do ponto de vista das vantagens, a idéia é mesmo muito atraente. Pensem bem, poder estudar 22 horas por dia com qualidade, uauuuu, é para garantir aprovação em qualquer concurso público rapidinho. Façamos algumas contas. Digamos que um concurseiro em tempo integral estude 8 horas líquidas diárias todos os dias da semana (outras 8 horas ele dorme e as 8 restantes ele usa para fazer todo o que resta fazer), em dois meses ele terá estudado por volta de 480 horas. O mesmo concurseiro, praticando o sono polifásico, que estudasse 14 horas por dia (2 horas ele dormiria e 8 horas faria tudo o que tem de fazer), estudaria ao final de dois meses 840 horas ... putz, quase o dobro de horas líquidas de estudo!

Tudo muito bonito, mas agora analisemos o assunto do ponto de vista das desvantagens.

Não é nada tranqüila a transição do sono monofásico para o polifásico. Acredito que é muito pouca gente que conseguiria deixar de dormir 8 horas diárias ininterruptas para no dia seguinte passar a dormir apenas duas horas em cochilos curtos de 15 minutos. Inclusive, em todas as fontes sobre o assunto que pesquisei, é comum depoimentos do tipo “O começo é muito, muito ruim. Foram um dos piores dias da minha vida, sem exageros. Mas, a minha adaptação foi rápida, levei 5 dias. Pode levar 15”.

Há também a necessidade de uma disciplina férrea, praticamente militar, para se obedecer os horários e tempos de cochilo. É tudo agendado, marcado em minutos. O cara não pode dormir ou acordar na hora errada. Isso já é um grande problema para quem é mais desorganizado.

Outro fator a se considerar é a resistência da família quando o concurseiro mora com ela. Já te acham meio doido de estudar o tempo todo para concursos públicos com você dormindo como todo mundo faz, agora, imagine o que não pensarão se você passar a praticar o sono polifásico! Não que o que ninguém pense a respeito de você mereça sua preocupação, mas existe o risco claro de acharem que você pirou de vez e quererem levá-lo a um psiquiatra ou clínica de repouso.

Além disso, é fato que não são todas as pessoas que suportam essa mudança. Muita gente, simplesmente, não suporta o sono polifásico e ponto final, tente o quanto tentar.

Daí chegamos ao questionamento que realmente importa. Vale a pena um concurseiro tentar essa transição em busca de um ganho brutal de rendimento de estudos?

Particularmente, acho que depende muito. Se o concurseiro já tem uma predisposição a dormir pouco, tem tempo de sobra para gastar com essa experimentação, está se preparando para concurso sem data marcada, não enfrentará resistência da família ou problemas com trabalho, então até vale a pena tentar. Agora, se o concurseiro já é dorminhoco, não tem tempo de sobra nem para ir ao dentista estando com o dente doendo, tem concurso com data marcada e tem quase certeza de que a família, amigos e colegas de trabalho serão um grande impecílio para essa experimentação, então esqueça da idéia e procure, sim, otimizar seu tempo da forma tradicional.

Resumo da ópera – Muito, mas muito cuidado mesmo com essas fórmulas meio mágicas para estudar melhor. Tudo bem que no caso do sono polifásico há comprovação e pesquisas científicas a respeito, mas mesmo assim não é algo que deva ser tentado sem supervisão médica. Quando falamos em adotar técnicas ou consumir produtos que possam afetar nossa saúde, o assunto deve ser analisado com extrema cautela, afinal de contas, não adianta passar em concurso público e morrer, afinal de contas, cadáver nomeado não toma posse em cargo público algum!

Fontes sobre o assunto usadas para escrever esse artigo (clique para ler):

Wikipedia

Blog Jornada Imperial

Folha Online

Charles Dias é o Concurseiro Solitário.

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CLIPE DO DIA

“Sweet Child O’Mine” no violino no metrô de NY por um músico anônimo ... muito bom o cara.

2 Response to "Sono polifásico?"

  1. Obrigado pela citação do meu artigo (Sono Polifásico, via Jornada Imperial)!

    Talvez eu volte a relatar sobre a experiência.

    Anônimo says:

    Utilizo sono polifásico a quase uma semana, no início foi horrível, vivia morto vivo, é um tipó de sono muito estranho o que você sente, nada natural, mas agora estou começando a me acostumar, meu corpo está ficando revigorado com 30 min de sono a cada 4 horas, e está sendo muito vantajoso. Estou tirando meu atrazo a tempo para a prova do ITA.
    Rumo ao ITA. Aí vou eu!

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