O que você quer ser quando crescer?

Quantos de nós já não ouvimos esta pergunta quando criança e, todo feliz, respondíamos as mais variadas profissões: Bombeiro, Astronauta, Motorista de Ônibus, Médico, Pedreiro, Presidente, Policial e etc.

Todos nós ficamos aterrorizados faz alguns dias, exatamente dia 23/04/09, com a notícia do assassinato da Oficiala de Justiça da 3ª. Vara Cível do Foro Regional de Santo Amaro, Sandra Regina Ferreira de 48 anos, que saiu de sua casa como um outro dia qualquer, mas sem imaginar o trágico destino que a esperava. Saiu a serviço, para cumprir um mandado de busca e apreensão e foi executada a tiros por um servente de pedreiro que, num ato de estupidez e completa ignorância, descarregou sua arma contra a Servidora Pública, e como não bastasse, recarregou a arma e atirou novamente.

O artigo abaixo, já estava no forno há algum tempo e não tinha data certa para publicá-lo, mas, uma tragédia como esta me fez concluí-lo, assim chama a atenção para fatos que noutras datas aqui já foi discutido.

QUE CARGO VOCÊ QUER NO SERVIÇO PÚBLICO?

O objetivo de todo concurseiro é obter sucesso tomando posse em um cargo público, seja ele o cargo que for (com poucas exceções), desde que tenha um salário suficiente e lhe dê a segurança tão almejada que a servidão pública promete.

Dificilmente quem presta concursos, principalmente os desempregados, vai pesquisar profundamente as atribuições do cargo, conversar com quem exerce e coisas assim.

Tanto é que vimos muitos dos que prestam concursos se propondo a mudar de cidade e de vida caso obtenha sucesso, e isso ocorre tanto em concursos de nível superior quanto de nível médio.

Mais uma vez, utilizarei meu próprio exemplo mesclando com o de pessoas que conheci.

Quando comecei a estudar para concursos, pouco me importava se era para perto ou para longe, se teria de mudar de Estado ou não, se era concurso Federal ou Estadual. A necessidade falava mais alto!
Conheci muita gente que se mudou para os confins do Brasil ao ser nomeado e, colegas que passaram no TJ vinham de todos os cantos do Estado e também de fora dele para tomar posse, conheci pessoas que vieram de longe para tomar posse no TRE-SP e assim por diante. Nesta hora o que importa é estar empregado, e no caso bem empregado (comparando ao que temos por aí afora pelo regime celetista).

O ideal seria definir exatamente os tipos de concursos que se pretende prestar, conhecer as atribuições dos cargos pretendidos, montar seu planejamento de estudos e pacientemente ir se preparando para eles e prestando à medida que surgissem. Mas, sabemos que não é bem assim que ocorre, quando bate a necessidade, acabamos atirando para todos os lados, pois, costumo dizer “precisamos apagar o incêndio do desemprego primeiro”.

Quando entrei no mundo dos concursos, eu só tinha uma coisa em mente: Preciso passar em um concurso público rapidamente, com família para sustentar, eu e minha esposa desempregados, não dava para pensar em concursos que exigissem nível superior, apesar de tê-lo, se o fizesse as chances de uma boa colocação a ponto de ser nomeado levaria mais tempo. Mas, retomando o tema principal, e o cargo? A atividade em si? O que iremos fazer por um bom tempo de nossas vidas se entrarmos?Por isso, parti para os concursos de nível médio.

Pois é amigos, vencida a primeira grande batalha, após empossados, temos de exercer o cargo para o qual tanto lutamos e outras tantas pessoas estão na árdua luta para consegui-lo.

Hoje, eu estou feliz em meu carguinho de Escrevente, com um salário razoável que me permite ao menos bancar as despesas de casa juntando esforços com minha esposa que conseguiu um emprego, tenho estabilidade e vou levando a vida. Mas, nem por isso, deixo de pensar em outros cargos que estão à minha volta.

Com o sucesso obtido em primeira etapa, pude com mais calma analisar outros concursos, mas não só os números ($) e, sim, as atribuições, algo que na primeira batalha, nem me importava muito, pois, como disse, a necessidade falava mais alto.

Pensei no cargo de Juiz Substituto, salário inicial por volta de R$ 20.000.
Para mim, sem chance, afinal não sou formado em Direito e levariam uns 10 anos caso pudesse pagar um faculdade na área e me preparar e ter os requisitos para ingressar.

Mas, além disso, comecei a pensar no cargo em si, analisei os Juízes com os quais trabalho, levando serviço para casa, carregando nas costas o peso de tantas decisões e tudo mais.

Eu toparia? Sim, eu toparia, mas...

Muito mais fácil eu focar meus esforços naquilo que eu, pelo menos, tivesse gosto de fazer, porque, o dia-a-dia de um Juiz não é para mim, mas claro que pode ser para você.

Então pensei:

Auditor Fiscal da Receita Federal: Salário inicial por volta de R$ 12.000,00.

Bom, está de bom tamanho para mim, mas, e o cargo, as atribuições?

Flagrar empresas sonegando, enfrentar tentativas de corrupção (até que se prove o contrário, todos somos inocentes, mas, em não aceitar, o que poderíamos enfrentar? Nunca se sabe....).

O melhor seria o cargo de Analista da Receita, salário um pouco menor por volta de R$ 8.000,00 e não teríamos tamanhos problemas, pelo menos imagino.

Fiscal do ICMS: Lembrei da mesma coisa que ocorre com o Auditor Fiscal, e tenho uma colega do Rio de Janeiro em que seu cunhado está preste a exonerar-se por conta dos problemas que enfrenta.

Mas isso ocorre apenas com concursos de nível Superior?

Não meus amigos, não, também nos concursos de nível médio temos de levar os riscos que envolvem o cargo.

O meu exemplo mais próximo é o de Oficial de Justiça, com o qual praticamente trabalho junto.

Ganha-se um pouco mais do que Escrevente e além disso recebe por fora as diligências (despesas com condução), que hoje é R$ 15,30 por cada diligência realizada, o que faz que com seu salário tenha um acréscimo considerável, mas, e as atribuições do cargo?

O Oficial de Justiça é a extensão dos braços do Juiz, ele cumpre os mandados por ele determinados. Dentre eles: Citações em geral (avisar você que foi acionado na justiça por alguém), Despejos (te tirar de sua atual moradia por falta de pagamento de aluguel), Busca e Apreensão (retirar de você o bem que comprou e não pagou), imissão na posse etc.

Quais os riscos que isso envolve?

Bom, a princípio se você for cumprir um mandado que envolva pessoas que, mesmo maus pagadores, são de boa fé e de cabeça no lugar, tudo bem. Mas, terá de ter em mente que nem todos o são e que irá cumprir muitos dos mandados em lugares e circunstâncias que desconhece, tanto pelo lugar quanto pela pessoa envolvida. Tanto é uma atividade que envolve riscos que vez por outra podem e devem pedir reforço policial.

Infelizmente não foi o caso de nossa amiga Sandra, o mandado a cumprir não envolvia qualquer tipo de risco que justificasse reforço policial, mas o destino quis que pela frente ela encontrasse alguém sem noção e, infelizmente, o que não falta neste belo País são pessoas sem noção e sem instrução.

Ela não foi a primeira e infelizmente não será a última.

Resumo da ópera - Se você não estiver no desespero, como eu já estive, não atire para qualquer lado, escolha bem o que quer ser quando crescer.

Jorge Luiz Inácio continua sendo concurseiro apesar de já estar empossado em um cargo público.

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