Produzir Direito ou Reproduzir Direito?

Por esses dias estava pensando em como o sistema de aprendizagem do Direito (assim como o de toda disciplina não jurídica) pode ser versado em nossas vidas. Desde nossa infância, infelizmente, fomos programados para repetir ciência, todas elas, e formatados para decorar seus aspectos mais importantes (para a avaliação e não para a vida) sem levar em conta o processo de raciocínio sobre tais nuances.

Os ranços dessa metodologia de aprendizagem, não raras vezes, podem ser encontrados em nós quando nos deparamos com a quantidade de matéria a ser aprendida para os Concursos Públicos, nos influenciando negativamente, e eu mesma, por várias vezes, já me perguntei se seria possível para o homem-médio conseguir vencer um edital integralmente, considerando, não somente, a quantidade de matéria, mas os níveis de profundidade em cada uma delas.

E é evidente que sim. É possível vencer um edital integralmente e com profundidade.

Mas se vivenciamos esse paradigma de Educação baseada no decorar e no simples repetir, sem qualquer sustento no que diz respeito a reflexão, o que devemos fazer, como concurseiros sérios que somos, é angariar esforços para modificar o modelo de ensino presente em nossas vidas e produzir ciência enquanto aprendemos.

Obviamente o estudo para Concursos Públicos detém nuances particulares. No mesmo ínterim que a quantidade de matéria impede (até pela falta de viabilidade prática) análise pormenorizada de cada detalhe da matéria a ser aprendida, as Bancas Examinadoras não deixam (e nem deveriam deixar) de nos avaliar a respeito das influências doutrinárias e jurisprudenciais sofridas por determinado tema, ou as formas de relacionamento desse mesmo tema com outros ramos jurídicos ou ciências correlatas (multidisciplinaridade).

Por isso é imprescindível que saibamos que estudar (para um Mestrado ou para um Concurso Público) é bem mais que decorar os textos normativos e meramente reproduzi-los na consecução da prova. Eventualmente as Bancas Examinadoras lhe cobrarão não o conhecimento aprofundado de todas as matérias – mas o raciocínio a partir de assertivas lançadas na prova. E nós precisamos estar preparados!

Dessa forma, não deixe de exercitar sua mente para questionar suas leituras doutrinárias (dialogando com o autor da Obra) sobre suas dúvidas, os problemas que você mesmo encontra nas teorias lançadas por ele, as melhores formas de resolução dos conflitos por ele apresentados e raciocine. Sobre o tema, sobre suas influências, sobre sua interdisciplinaridade.

Confesso que ao iniciar esse processo de pensar o Direito de forma diferente, acabei me apaixonando pelo magistério universitário e, hoje, além de lograr minha aprovação em um Concurso Público, também busco ser aprovada no processo seletivo em um Mestrado. Não deixei o sonho de ser aprovada de lado, mas ao mesmo tempo percebo – com ainda mais clareza – como o debate vocacional (sobre o que eu sinto realmente prazer em fazer em minha vida) pode condicionar, de forma positiva, nossas decisões profissionais.

RESUMO DA ÓPERA - Parecem dois conceitos absolutamente distintos, mas estudar – no mesmo lapso temporal – para Concursos Públicos e para o Mestrado, só é inconciliável se o acadêmico e concurseiro não consegue perceber que a repetição de ciência não pode fazê-lo alçar os vôos que necessita e que, não obstante seja sim necessário memorizar várias informações normativas, por essa memorização também se permeia processo de aprendizagem crítico e humanitário. Bons estudos a todos nós!

Ana Paula de Oliveira Mazoni é concurseira por vocação.

IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um(a) revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.

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