E quem quiser que conte outra
09:42
Concurseiro Solitario
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3 Comments
Vou dizer agora algo que, embora seja difícil de admitir, arrisco afirmar que é uma verdade absoluta. TODOS - vejam bem - TODOS OS CONCURSEIROS TÊM DIFICULDADE DE CONTINUAR ESTUDANDO APÓS SEREM EMPOSSADOS NO PRIMEIRO CARGO PÚBLICO.
Generalização minha? Não mesmo!
Mas tire o cavalinho da chuva aquele que pensar que eu falo de preguiça ou acomodação. Embora esses sejam, indubitavelmente, fatores que fazem alguma diferença nessa equação, há muitos outros, bem mais nobres, diga-se de passagem.
Raciocinem comigo: um órgão público, quando se propõe a fazer um concurso para preenchimento de vagas, está partindo de uma premissa que muitas vezes nem passa pela nossa cabeça enquanto esperamos uma convocação. E qual seria? Cargos vagos significam necessidade de pessoas trabalhando, necessidade essa que, na maior parte das vezes, vêm se arrastando por anos a fio, esperando autorização para novos concursos ou lei para criação de novas vagas. E o que cargas d'água isso tem a ver com concurseiros-já-servidores que não estudam como deveriam? Simples: se você foi chamado num concurso, meu amigo, pode se preparar pra trabalhar MUITO. Certamente encontrará muita coisa atrasada para ser feita, uma atividade diária intensa. No meu caso, foi exatamente esse panorama que encontrei em minha serventia e, embora não trabalhe 10 ou 12 horas por dia, as horas que passo no trabalho são efetivamente trabalhadas, sem tempo nem pra respirar.. Passo o dia pegando processos pesados em prateleiras altíssimas e baixíssimas, recebendo e enviando expedientes, atendendo advogados por vezes descorteses, arquivando processos com minuciosos detalhes e dando despachos ordinatórios de extrema responsabilidade, posto que ali está em jogo a vida de muitas pessoas e, ao fim e ao cabo, a fé pública que tenho é um peso enorme. Some-se a isso o fato de estar em estágio experimental - uma especificidade da lei que rege os servidores públicos civis do Estado do Rio de Janeiro que impõe, aos novos concursados, um estágio de 6 meses como parte do concurso, período esse em que podemos ser simplesmente "dispensados" - e pronto!, aí está a fórmula para a procrastinação dos estudos.
Além do cansaço ao chegar em casa, compete com as apostilas o desejo de usar o tempo livre para o lazer e o cultivo de outros prazeres dos quais, trabalhando, você pode usufruir. Agora mesmo, enquanto escrevia esse artigo, o porteiro tocou o interfone avisando que o entregador vinha subindo com o livro do Saramago que eu estava enlouquecida pra ler, e finalmente comprei no site da Saraiva. Agora, me digam: uma tarde de verão carioca lá fora, ar condicionado ligado, um bom romance do Saramago, Ella Fitzgerald cantando... claro que o Direito Administrativo não é páreo pra isso, não é mesmo, meus amigos?
Resumo da Ópera: ainda não descobri a receita pra continuar estudando com afinco depois de entrar em exercício, mas intuo que o caminho é o mesmo de antes: estudar sem se desesperar nos momentos em que seu corpo e sua mente estão em sintonia com o estudo. Se deu certo para a primeira aprovação, creio eu, também dará certo para as próximas!
Generalização minha? Não mesmo!
Mas tire o cavalinho da chuva aquele que pensar que eu falo de preguiça ou acomodação. Embora esses sejam, indubitavelmente, fatores que fazem alguma diferença nessa equação, há muitos outros, bem mais nobres, diga-se de passagem.
Raciocinem comigo: um órgão público, quando se propõe a fazer um concurso para preenchimento de vagas, está partindo de uma premissa que muitas vezes nem passa pela nossa cabeça enquanto esperamos uma convocação. E qual seria? Cargos vagos significam necessidade de pessoas trabalhando, necessidade essa que, na maior parte das vezes, vêm se arrastando por anos a fio, esperando autorização para novos concursos ou lei para criação de novas vagas. E o que cargas d'água isso tem a ver com concurseiros-já-servidores que não estudam como deveriam? Simples: se você foi chamado num concurso, meu amigo, pode se preparar pra trabalhar MUITO. Certamente encontrará muita coisa atrasada para ser feita, uma atividade diária intensa. No meu caso, foi exatamente esse panorama que encontrei em minha serventia e, embora não trabalhe 10 ou 12 horas por dia, as horas que passo no trabalho são efetivamente trabalhadas, sem tempo nem pra respirar.. Passo o dia pegando processos pesados em prateleiras altíssimas e baixíssimas, recebendo e enviando expedientes, atendendo advogados por vezes descorteses, arquivando processos com minuciosos detalhes e dando despachos ordinatórios de extrema responsabilidade, posto que ali está em jogo a vida de muitas pessoas e, ao fim e ao cabo, a fé pública que tenho é um peso enorme. Some-se a isso o fato de estar em estágio experimental - uma especificidade da lei que rege os servidores públicos civis do Estado do Rio de Janeiro que impõe, aos novos concursados, um estágio de 6 meses como parte do concurso, período esse em que podemos ser simplesmente "dispensados" - e pronto!, aí está a fórmula para a procrastinação dos estudos.
Além do cansaço ao chegar em casa, compete com as apostilas o desejo de usar o tempo livre para o lazer e o cultivo de outros prazeres dos quais, trabalhando, você pode usufruir. Agora mesmo, enquanto escrevia esse artigo, o porteiro tocou o interfone avisando que o entregador vinha subindo com o livro do Saramago que eu estava enlouquecida pra ler, e finalmente comprei no site da Saraiva. Agora, me digam: uma tarde de verão carioca lá fora, ar condicionado ligado, um bom romance do Saramago, Ella Fitzgerald cantando... claro que o Direito Administrativo não é páreo pra isso, não é mesmo, meus amigos?
Resumo da Ópera: ainda não descobri a receita pra continuar estudando com afinco depois de entrar em exercício, mas intuo que o caminho é o mesmo de antes: estudar sem se desesperar nos momentos em que seu corpo e sua mente estão em sintonia com o estudo. Se deu certo para a primeira aprovação, creio eu, também dará certo para as próximas!
Flavia Crespo é uma legítima concurseira carioca ... empossada e determinada a continuar estudando para concursos públicos.
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Concordo com vc, mas existe um outro lado da moeda tb: o ganho de "qualidade" no estudo. Depois que o sujeito passa num concurso legal pode focar muito melhor na próxima etapa sem ter que atirar para todos os lados e estudar uma doutrina mais qualificada e com mais tranquilidade. No mais, acredito que é a vontade de cada um que vai determinar se ele vai se acomodar ou passar para a próxima etapa, é aquela história de que se vc colocar um ovo de águia num ninho de pardal, vai nascer uma águia do mesmo jeito... não importa o ninho.
Flávia,
Entendo exatamente o que você quer dizer e a sua dúvida sobre se vai conseguir voltar a estudar.
Pois bem. Eu tomei posse, em março/2005 no cargo de técnica judiciária do TRT da 9. Região. 6 meses depois fui nomeada analista judiciária no mesmo tribunal.
Bem, eu estava desempregada e o cargo não poderia ter vindo em hora melhor. Quem bancava meus estudos e a possibilidade de eu não trabalhar para estudar era meu pai, que adoeceu no mês seguinte à minha posse e faleceu 3 meses depois. Estudar para outro concurso, nem pensar. Logo em seguida eu precisava cuidar da minha saúde, coisa que ficou protelada por muito tempo. Fiz cirurgia, tirei licença de 45 dias. Depois disso minha vida entrou nos eixos. Hora de curtir. Curti muito!
Além disso, consegui atingir outros objetivos (comprar meu apartamento e mobiliar).
Só que chega uma hora que você se vê numa situação de tanta injustiça no serviço público, se afogando em trabalho, suportando hummilhações. Percebe que trocar de lotação não resolve o problema, talvez minimize apenas. E nem o seu salário bacana já te faz mais feliz (até porque o seu padrão sobe na mesma proporção dos seus ganhos e o salário deixa de ser uma fortuna). Então você se dá conta: o que eu fiz com o meu sonho? Guardei num baú e fechei com chave.
O serviço público, por muito tempo, me fez duvidar da minha capacidade de passar em outro concurso mais difícil.
A situação chegou a um ponto tão insuportável que eu chutei o balde, modifiquei toda a minha vida que, fora do trabalho era perfeita, pedi remoção para uma cidade minúscula, onde tenho mais tempo para estudar e voltei a perseguir o sonho.
Mas o ponto de saída da inércia é a incomodação. Vai chegar a hora em que você não mais estará satisfeita e automaticamente vai decidir voltar a estudar.
Abraço e boa sorte.
Ahh, mas vc está bem. Agora vc pode se dar ao luxo de descansar um pouco e descansar lendo é um bom estudo de português diga-se de passagem!
Então continue estudando PT durante estes 6 meses de estágio e depois vc volta para as outras matérias :p
Bom trabalho e bons estudos