Pouca bala na agulha
07:15
Concurseiro Solitario
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Tempos atrás li um artigo muito interessante de um psicólogo inglês sobre essa coisa do “o que as pessoas são e o que elas acham que são” ao longo da história, no qual ele deixa claro que as pessoas sempre tenderam a se idealizar uma imagem muito melhor e mais poderosa do que são na realidade. Isso é bem verdade, pois todos nós temos de nós mesmos uma imagem mais bonita e açucarada do que a imagem que as outras pessoas têm da gente. No artigo o psicólogo diz que a causa disso é a autocomplacência com que nos julgamos e que não temos quando julgamos os outros.
Claro que essa diferença entre a auto-imagem e a realidade dos fatos existe também entre os concurseiros, só que na guerra dos concursos públicos isso pode ser fatal. Explicarei isso com um exemplo prático.
No final da semana que vem prestarei o concurso do Ministério da Fazenda. A banca será a ESAF, conhecida por ser pouco condescendente com os concurseiros, uma banca difícil, e no programa de matérias, duas disciplinas me pegaram de jeito, Direito Previdenciário, que apesar de não ser uma desconhecida, nunca havia estudado a fundo, e Direito Tributário, essa, sim, uma notória desconhecida para mim.
Pois bem, como já relatei em artigos anteriores, tive uma amarga surpresa com Direito Tributário, uma disciplina difícil, coalhada de detalhes muito importantes, que exige estudo cuidadoso com atenção máxima. Diferentemente daquelas matérias que com um mês de estudo é possível dominar completamente, pelo menos para mim Direito Tributário se mostrou um desafio. Claro, me dediquei a essa matéria, principalmente.
Ontem, a pouco mais de uma semana da prova, estava dando uma olhada em dois fóruns do concurso e não é que notei que muita gente, a maioria, se achava completamente preparada para a prova. Gente como eu, que nunca havia estudado Direito Tributário e bem pouco de Direito Previdenciário, alardeava que já havia estudado tudo duas vezes e que estava preparada para o que desse e viesse. Pensei “Como é possível?! Não sou um cara burro, estudei com toda a seriedade e, mesmo assim, não tenho a confiança que esse povo demonstra para prestar esse concurso”. Foi nesse contexto que o artigo me veio a mente.
Muitos concurseiros montam uma auto-imagem muito melhor, mais vitaminada, do que são na realidade. Daí entra a autocomplacência e também um pouco de otimismo exacerbado. É como aquela imagem comum na Internet do gatinho que se olha no espelho e vê um leão.
Claro que é muito mais confortável ter uma auto-imagem vitaminada, não só confortável, mas também mais otimista e vibrante. Quem não quer ir para a guerra achando que não lhe faltará munição. O cara se imagina igual a um Rambo dos concursos, atirando com sua metralhadora cuja munição nunca acaba. Só que, (in)felizmente a realidade está longe disso. Como soldados na vida real, vamos para a luta com uma quantidade limitada de munição, ou seja, ela acabará uma hora ou outra.
Desde muito tempo tomo o cuidado para não deixar minha auto-imagem se distanciar muito da realidade. Sou partidário do “menos é mais” e prefiro ir para a luta sabendo o melhor possível o quanto de munição tenho disponível, assim evito ficar sem ela em momentos cruciais.
Nesse concurso que prestarei semana que vem, por exemplo, sei que estarei lutando com pouca bala na agulha, muito menos do que gostaria da lutar. Só que isso é bom, ter a consciência da pouca munição que tenho, não de ter pouca munição em si, é claro. Por que é bom? Simples, porque assim farei cada tiro valer. Será aquela história de “só atire quando vir o branco dos olhos do inimigo”.
Resumo da ópera – Não é muito agradável se obrigar a manter a auto-imagem o mais próxima da realidade possível, afinal de contas, quem não quer se ver como um poderoso leão no espelho, só que não adianta nada ir brigar com outros leões sendo que na realidade se é um gatinho. Melhor ir lutar tendo consciência de que se tem de fazer valer cada uma das poucas munições que se tem disponível, do que ir achando que elas são ilimitadas e ficar sem bala na agulha com cara de bôbo no meio da luta.
Claro que essa diferença entre a auto-imagem e a realidade dos fatos existe também entre os concurseiros, só que na guerra dos concursos públicos isso pode ser fatal. Explicarei isso com um exemplo prático.
No final da semana que vem prestarei o concurso do Ministério da Fazenda. A banca será a ESAF, conhecida por ser pouco condescendente com os concurseiros, uma banca difícil, e no programa de matérias, duas disciplinas me pegaram de jeito, Direito Previdenciário, que apesar de não ser uma desconhecida, nunca havia estudado a fundo, e Direito Tributário, essa, sim, uma notória desconhecida para mim.
Pois bem, como já relatei em artigos anteriores, tive uma amarga surpresa com Direito Tributário, uma disciplina difícil, coalhada de detalhes muito importantes, que exige estudo cuidadoso com atenção máxima. Diferentemente daquelas matérias que com um mês de estudo é possível dominar completamente, pelo menos para mim Direito Tributário se mostrou um desafio. Claro, me dediquei a essa matéria, principalmente.
Ontem, a pouco mais de uma semana da prova, estava dando uma olhada em dois fóruns do concurso e não é que notei que muita gente, a maioria, se achava completamente preparada para a prova. Gente como eu, que nunca havia estudado Direito Tributário e bem pouco de Direito Previdenciário, alardeava que já havia estudado tudo duas vezes e que estava preparada para o que desse e viesse. Pensei “Como é possível?! Não sou um cara burro, estudei com toda a seriedade e, mesmo assim, não tenho a confiança que esse povo demonstra para prestar esse concurso”. Foi nesse contexto que o artigo me veio a mente.
Muitos concurseiros montam uma auto-imagem muito melhor, mais vitaminada, do que são na realidade. Daí entra a autocomplacência e também um pouco de otimismo exacerbado. É como aquela imagem comum na Internet do gatinho que se olha no espelho e vê um leão.
Claro que é muito mais confortável ter uma auto-imagem vitaminada, não só confortável, mas também mais otimista e vibrante. Quem não quer ir para a guerra achando que não lhe faltará munição. O cara se imagina igual a um Rambo dos concursos, atirando com sua metralhadora cuja munição nunca acaba. Só que, (in)felizmente a realidade está longe disso. Como soldados na vida real, vamos para a luta com uma quantidade limitada de munição, ou seja, ela acabará uma hora ou outra.
Desde muito tempo tomo o cuidado para não deixar minha auto-imagem se distanciar muito da realidade. Sou partidário do “menos é mais” e prefiro ir para a luta sabendo o melhor possível o quanto de munição tenho disponível, assim evito ficar sem ela em momentos cruciais.
Nesse concurso que prestarei semana que vem, por exemplo, sei que estarei lutando com pouca bala na agulha, muito menos do que gostaria da lutar. Só que isso é bom, ter a consciência da pouca munição que tenho, não de ter pouca munição em si, é claro. Por que é bom? Simples, porque assim farei cada tiro valer. Será aquela história de “só atire quando vir o branco dos olhos do inimigo”.
Resumo da ópera – Não é muito agradável se obrigar a manter a auto-imagem o mais próxima da realidade possível, afinal de contas, quem não quer se ver como um poderoso leão no espelho, só que não adianta nada ir brigar com outros leões sendo que na realidade se é um gatinho. Melhor ir lutar tendo consciência de que se tem de fazer valer cada uma das poucas munições que se tem disponível, do que ir achando que elas são ilimitadas e ficar sem bala na agulha com cara de bôbo no meio da luta.
Charles Dias é o Concurseiro Solitário.
IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.
IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.
Adorei o artigo!
Esse o otimismo todo atrapalha até mesmo o estudo. Se por exemplo acharmos que sabemos muito constitucional, vamos fazer uma revisão sem tanta atenção, prejudicando gravar pontos importantes na matéria. O otimismo após a feitura da prova também prejudica, se o resultado não for o desejado, pois nos desanima da continuar na luta pelos cargos públicos. O equilíbrio é o caminho!
Abraços.
Realmente o "menos é mais".
Por exemplos.. meu primeiro concurso foi a OAB (ES).. eu não cheguei a fazer preparatório para a primeira etapa, mas meu amigos sim. Discutiam teses e mais teses mirabolantes do direito, das quais eu nem sonhava com sua existência.
Resultado: meu café com lei me garantiram a aprovação com larga margem.
Meus conterrâneos não foram aprovados. é dizer, fui o único aprovado na minha cidade, dentre 25 candidatos.
Bem, não vejo isso como uma glória, mas como uma demonstração de que a capacidade a gente mostra com resultado, e não com pompa de estudioso.
Até mais,
Rhuan