Drogados, castelos e bananas de sobremesa
07:43
Concurseiro Solitario
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“O concurseiro que só estuda, com o passar do tempo, fica que nem drogado, a única pessoa que (ainda) tem fé nele é a sua própria mãe”.Esse desabafo foi deixado por um leitor do blog na shoutbox (aquela caixinha de mensagens curtas que tem no blog) esses dias e o pior é que se trata da mais pura verdade!
Quando uma pessoa decide largar tudo para estudar para concursos em tempo integral, apesar de ter um punhado de gente que acha essa uma decisão idiota e por isso não apóia, há também um punhado de gente que concorda que a pessoa deve procurar o que é melhor para ela, que deve mesmo lutar por um futuro melhor, e apóia sua decisão.
Então o tempo passa, os dias de estudo de sucedem, concursos públicos são prestados. Como é de se esperar, a luta do concurseiro é pontuada primeiramente de insucessos, de erros que indicam o que se está fazendo de errado, como se deve estudar melhor. Tudo bem, no começo todo mundo perdoa essas derrotas e o que não faltam são palavras de apoio, alento e encorajamento para o concurseiro.
Então o concurseiro passa a barreira de um ano de estudo, que para o senso comum de gente comum que não estuda para concursos públicos é o limite máximo para alguém conseguir ser aprovado, nomeado e empossado em um ótimo cargo público, assim como aconteceu como aquele “primo da tia da irmã da prima do namorado da filha da colega de trabalho da tia”. Isso até pode ter sido verdade há cinco ou seis anos atrás, quando a carreira pública estava em baixa e não existia essa coisa de concursos concorridos, mas isso acabou faz uns bons três anos. O que importa é que para essa pessoas, um ano é a fronteira que separa quem estuda sério do “vagabundo que está enrolando para não procurar emprego”.
Então o concurseiro passa da barreira de um ano nos estudos e nota que não há muito mais palavras de apoio e motivação. Do lado oposto, aumentam as críticas veladas e diretas ao fato de estar estudando e “ainda não ter passado em nada”, de estar perdendo tempo com um coisa que “você não tem capacidade de conseguir”. Só algumas pessoas muito próximas ainda acreditam no concurseiro e o apoiam. E isso tende a piorar ao longo do segundo ano de estudo em diante.
E não é que o desabafo do nosso colega concurseiro tem razão de ser mesmo? Uma pessoa com problema com drogas recebe o mesmo apoio no início do seu tratamento para se livrar do vício de que é vítima. Com o passar do tempo e com as recaídas, diminui o número de gente que apóia enquanto aumenta o número de gente que critica “aquele vagabundo que não quer se livrar das drogas”. No final das contas é mesmo somente a mãe e algumas pessoas muito próximas que realmente acreditam naquela pessoa que continuam a apoiá-la e a acreditar em sua recuperação.
Você está achando tudo isso muito trágico? Tudo muito triste? Acha que estou exagerando? Bem, então você que dê graças a Deus por isso, por não estar vivendo esse drama, que nesse exato momento é vivido por milhares de concurseiros, em maior ou menor grau, eu incluído.
Nossa sociedade dá valor ao instantâneo. O que é bom deve acontecer rápido. Qual a melhor lanchonete? O Mc Donald´s com seu atendimento rápido. Qual a melhor comida? A que fica pronta após cinco minutos no microondas. Qual o melhor automóvel? O que faz de 0 a 100km em menos de 10 segundos. Qual o sonho da maioria dos brasileiros? Ganhar na Megasena e ficar rico de uma hora para outra. Só que estudar, passar, ser nomeado e empossado em cargo público está longe de ser instantâneo ou rápido. Não, nada disso, é demorado. Então, é natural que quem dê valor ao “instantâneo” despreze o que é “demorado”.
Resumo da ópera – Mas é aquela velha história, quem sabe da sua vida é somente você, mais ninguém. Se formos viver baseados no que as pessoas dizem e pensam de nós, estamos ferrados. É como diz o velho ditado popular, “com as pedras que me atiram, construirei meu castelo” ... melhor, vou refazer esse ditado ao meu gosto ... “com as pedras que me atiram, estou construindo meu castelo ... e do alto da torre darei uma banana para todos que não acreditaram em mim!”.
Charles Dias é o Concurseiro Solitário.
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Oi Charles adoro seus artigos, e hoje você acertou em cheio, estou apenas começando minha luta e já sinto na pele não larguei o emprego estudo quando chego em casa pra concursos faz 4 meses e já tive minhas primeiras derrotas, já chorei e já levantei e estou firme no meu propósito sei que é um caminho longo como bem disse você, mais no dia em que eu tiver lá em cima do meu castelo vou dar umas dúzias de bananas pra todos que me não acretidaram em mim e da minha capacidade. Abraços
Aline Alves
Excelente artigo, Charles!
Só pra complementar, digo que depois que vc passa no concurso, todas as pessoas que antes te diziam que não ia conseguir, são as mesmas que dizem agora, eu sabia que ele ia conseguir!! Vai entender???
Bjooo
Às vezes, nem a própria mãe acredita mais, como aconteceu com um colega meu. Ele estava focado em Tribunal, mas aí prestou um concurso para ganhar 700 reais e passou. Apesar do baixo salário, a vida dele melhorou. Os parentes voltaram a acreditar nele. E por que não dizer respeitá-lo?
A desconfiança deixa o concurseiro triste e esse fato só tende a alongar a vida de concurseiro.
Qdo comecei a prestar vestibular, ninguém acreditava em mim, com exceção do meu pai. Qdo "passei", meu pai já não acreditava mais.
Minha meta era ficar entre os 20 primeiros da classificação geral da 1ª fase da Fuvest, mas eu sempre me enrolava com o tempo.
Desisti e depois passei em Engenharia Civil. Muito fácil passar em um curso que não seja Medicina, mesmo não tendo facilidade para resolver rapidamente questões de exatas.
Carrego muitas derrotas e acúmulo de gente me enchendo o saco ou da minha família por minha causa.
Fico muito indignado, qdo vejo uma Merendeira ou uma Empregada Doméstica me criticando; gente que não sabe o que é estudar, muito menos conhece uma aprovação.
Sou de classe média e minha família é oriunda da baixa. Muitos de nossos conhecidos não prosperaram nem sonharam com isso. Aí já viu. Nem no vestibular achariam que eu passaria; qdo eu estava procurando ser um dos melhores do melhores.
Sinceramente, eu fraquejo com tantas agressões. Evito sair de casa, para não encontrar gente babaca. Mas o pessoal pega a minha família pra Cristo.
Sempre qdo os meus pais saem, eu fico preocupado com eles, pois sei que ouvirão merda.
Eu desisti de ficar entre os 20 primeiros lá, pq vi que não tinha aptidão, mesmo. Qdo vc faz uma kgada no vestibular, são dois anos parados: um de estudo e mais outro para o próximo vestiba.
Eu só estudava exatas e procurava gabaritá-las.Chego a fazer isso, mas em um tempo totalmente absurdo de grande. Desisti com consciência. ...(já contei isso por aqui, então deixa pra lá)
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Mas a minha meta era sempre buscar o meu melhor. Tirando a questão financeira, eu estava com as mesmas condições de quem conseguiu ser um dos melhores. Eu tinha tempo.
Não sei quais as metas de vcs, que não trabalham, mas acredito que vcs queiram algo muito bom, como um cargo de Analista ou algum Técnico Federal.
Acho que quem pode ficar sem trabalhar deva buscar ficar no topo. Já começar na carreira pública ganhando bem ou já no seu guardo máximo.
Eu não tenho mais cabeça para enfrentar as críticas dos outros e ficar sem trabalhar. Mas agora tbm preciso arrumar um ofício, pois meu pai está para se aposentar, e nossa renda vai cair pela metade.
Prefiro trabalhar, pq naõ estou mais com cabeça para estudar. Talvez, trabalhando, eu tenha mais paz para estudar. Só espero não ficar preocupado com gente que estuda de 10 a 15 horas por dia!rs
Nossa, vou chorar!!! é bem por aí!!!
Excelente artigo, Charles.
É como disse a Concurseira de Plantão...os mesmos que falam que vocÊ não ia conseguir, são os que te parabenizam...os que querem vir pra debaixo da sua aba depois! Aff..
Bons estudos gente!
Li e chorei!
O que seria de mim, se esse blog não existisse...
Vcs são demais.
Abraços.