COLUNA DA RAQUEL SOLITÁRIA – Algumas dicas sobre provas discursivas

Olá, estou de volta para mais um artigo sagrado no final de semana. Espero que tenham gostado do Podcast. Pena que tenha recebido poucos comentários. Desses poucos que recebi, alguns foram favor do meu posicionamento e outros contra. Por isso é que eu gosto desse blog: suscitamos sempre debates acalorados que só nos enriquece!

Esses comentários me motivaram a fazer uma série de continuação para o artigo da semana passada. Antes de qualquer coisa, eu REITERO QUE MEU ARTIGO NÃO REFLETE UMA VERDADE ABSOLUTA, MAS APENAS MINHAS IMPRESSÕES SOBRE O TEMA. Eis, um desses comentários:

“A diferença dos concursos mencionados pra analista é que esses têm prova discursiva e prova oral. A diferença não é a prova objetiva, realmente. Então, dificilmente a gente vê pessoas que não escrevem bem sendo aprovadas (como já cansei de ver analista assim). E pra responder uma prova oral com segurança tem que saber MUITO. Mas no seu caso Raquel, não tenho dúvidas de que vc poderia ser aprovada nesses considerados mais difíceis. Concordo com o artigo”.

Apesar de concordar comigo, pude perceber que a pessoa realmente se preocupa com a prova discursiva e com a prova oral. Parece mesmo um temor que as pessoas tem.

O outro comentário:

“Considero interessante a idéia, já mencionada por muita gente, de estudar para os concursos mais difíceis e prestá-los juntamente com os mais fáceis. Mas acredito existir um grande perigo na análise comparativa entre Defensor Público Da União e analista de Tribunal, por exemplo. Pois Defensor compreende outras provas, oral e para mim a mais difícil, subjetiva. Enquanto analista, por enquanto, só objetiva e subjetiva simples. Só para reflexão. As generalizações são perigosas”.

Como se pode ver, a preocupação com as provas discursivas e orais é uma constante. Todos as temem incrivelmente. Acreditam que eu temo mais a prova objetiva que a discursiva? Não, não sou do contra, mas penso que sintetizar uma série de conceitos, principalmente os jurídicos, numa única assertiva ser altamente perigoso. Já a prova oral, essa eu me arrepio de medo. Tenho receio de gaguejar. Entretanto, isso é habilidade que varia de pessoa para pessoa. Cada um de nós enfrenta um tipo de prova de forma diferente, seja com mais facilidade, seja com mais dificuldade.

Além disso, como mencionei no outro artigo, OS CONCURSOS MENCIONADOS NÃO SÃO IGUAIS, MAS ESTÃO FICANDO BEM SEMELHANTES. OS DE ANALISTAS ESTÃO FICANDO COM UM NÍVEL DE DIFICULDADE INCOERENTE. Já os da Advocacia Pública e de Delegado parecem ser mais coerentes.

Diante do medo que todos têm das mencionadas provas, andei peregrinando pelo Google e encontrei boas dicas para a realização de provas discursivas e orais. Vejam bem, NÃO SOU ESPECIALISTA NO ASSUNTO E AS CONCLUSÕES A QUE CHEGUEI SÃO FRUTOS DESSAS LEITURAS.

Comecemos pelas provas discursivas. É importante falar sobre elas porque boa parte dessas provas, em regra, se dão após a prova objetiva. Isso quando não acontecem no mesmo momento em que a prova objetiva.

Primeiramente, precisamos objetivamente, nos ater aos mesmos critérios que eu já mencionei em artigos pretéritos sobre redação e questões discursivas (clique aqui para o primeiro artigo e clique aqui para o segundo artigo).

Para nos ajudar, vou usar o espelho de correção do CESPE, pois é o único que é disponibilizado online. Além do mais, a banca CESPE é uma das maiores organizadoras de concursos, tanto de Analistas quanto de Advocacia Pública e de Delegado. Contudo, o mesmo raciocínio serve para demais bancas, sendo que a distribuição de pontos poderá ser diferente (afinal é outra banca). Cada edital irá informar isso. Eis o espelho:

ESPELHO DA AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA- MODELO CESPE/UnB

Aspectos macroestruturais nota obtida faixa de valores

APRESENTAÇÃO TEXTUAL
Legibilidade (0,00 a 2,00)
Respeito às margens e indicação de parágrafos (0,00 a 2,00)

ESTRUTURA TEXTUAL (dissertativa)
Introdução adequada ao tema/posicionamento (0,00 a 4,00)
Desenvolvimento (0,00 a 4,00)
Fechamento do texto de forma coerente (0,00 a 4,00)

DESENVOLVIMENTO DO TEMA
Estabelecimento de conexões lógicas entre os argumentos (0,00 a 4,00)
Objetividade de argumentação frente ao tema/posicionamento (0,00 a 4,00)
Estabelecimento de uma progressividade textual em relação
à seqüência lógica do pensamento (0,00 a 4,0
Aspectos microestruturais

Tipo de erro 123456789 0123456789 0123456789 0123456789 0123456
Pontuação
Construção do período
Emprego de conectores
Concordância nominal
Concordância verbal
Regência nominal
Regência verbal
Grafia/acentuação
Repetição/omissão vocabular
Outros

Nota no conteúdo (NC) NC=5 : 28 x (soma das notas dos quesitos)
Número de linhas efetivamente ocupadas (TL)
Número de erros (NE)
NOTA DA PROVA DISCURSIVA (NPD): NPD=NC – 3 x NE : TL

(Fonte: http://www.cursoaprovacao.com.br)

* Esse espelho ajuda a atentar sobre a estrutura do texto. O concurso pode ser de qualquer nível de dificuldade, mas ter uma redação limpa é um ponto comum a todos ele! Então, trate de ter uma letra bonita. Afinal, questão discursiva não é só Direito, mas domínio da Língua Portuguesa também.

* Além disso, não basta saber o Direito, as divergências da doutrina, tampouco da letra da lei; é preciso ordenar com lógica as idéias. Ter objetividade é fundamental. Responda, portanto, estritamente àquilo que foi perguntado. Não “floreie” demais.

* Outra dica, sempre usar um esquema mental de hierarquia entre as leis e demais espécies normativas quando for raciocinar sobre a questão. Assim, você parte do aspecto geral para o específico. Trocando em miúdos, é procurar o fundamento constitucional para o assunto, depois verificar se a matéria está disciplinada em leis, decretos, demais espécies normativas (se existirem) e jurisprudências para enriquecer a sua resposta.

* Faça todo o possível para esgotar o assunto, pois segundo o professor Bruno Silva (clique aqui para acessar seu site), as provas são corrigidas em itens. O examinador vai checando se cada um deles foi respondido. Assim, se você responder tudo, leva a pontuação toda; se responder parte dela, leva a pontuação proporcional. Claro que tudo isso sem fugir do foco da questão. Por isso, reforço, não acha a lingüiça, mas também não deixe questões em branco! (risos)


* Se você estiver precisando fazer um parecer, há bons modelos na página da AGU (Advocacia Geral da União). Basta fazer uma busca por assunto aqui (clique para acessar) e seguir a estrutura apontada. Assim, será possível treinar para a prova na segunda fase.

* No site do Planalto (olha ele aí de novo) (clique aqui) e no site da Câmara dos Deputados há dois importantes manuais de redação oficial que irão ajudar na redação de pareceres e outros documentos importantes (Clique aqui para acessar)

* Outras peças processuais que sejam necessárias podem ser obtidas no site http://www.neofito.com.br/ , em http://jus.uol.com.br/pecas/ Aqui, achei Ações Populares, Ações Civis Públicas, Mandados de Seguranças e outras ações importantes.

* Muito importante para fazer provas discursivas é ler muitos textos com boa linguagem jurídica, partindo do mais fácil para o mais difícil. Então, não queira ir lendo, por exemplo, textos do Ministro do STF, Gilmar Mendes de pronto. Os textos dele são de grande qualidade, mas é preciso conhecer o Direito Constitucional bem detalhadamente para poder entender. Claro que, após essa fase inicial, a leitura dos textos dele será fundamental. Afinal, estamos falando do Presidente do STF, um grande formador de opinião.

* Outro aspecto importante é que a leitura jurídica irá dar subsídios para formar um vocabulário técnico adequado para conseguir responder bem às questões, seja qual for o tipo de concurso que você objetive. Isso é resultado de muita leitura básica aliada à leituras atuais e específicas, encontradas em periódicos como Revista dos Tribunais, Revista da AGU, entre outras.

* Muito importante atentar para qual instituição se está prestando concurso, pois geralmente, será considerado correto um posicionamento em favor dela. Ex.: Prova da Petrobrás. Pede-se para redigir um parecer sobre uma ação civil pública relativa ao Direito Ambiental. Obviamente, o candidato deverá buscar elementos de defesa da instituição. É uma questão de vestir a camisa da instituição, entendem?

* Cuidado com a profundidade das suas respostas, pois se o número de linhas for pequeno, você corre o risco de não conseguir responder a todos os quesitos necessários para a pontuação total. Além disso, convém não querer ser inovador demais, pois pode ser que o examinador não concorde com seu posicionamento ou sequer o conheça. Isso é mais raro, mas pode acontecer porque há sempre doutrina nova saindo do forno com muita rapidez. Por isso, deixe a sua vaidade em casa, pois o examinador está em posição muito mais confortável que a sua.

Resumo da Ópera – Ensinar tudo sobre questões discursivas em um só artigo é impossível, mas com essas dicas já é possível começar a caminhar. Não é um caminho pelo qual você rigorosamente deve percorrer, mas a mim tem ajudado e muito. Mantenha-se estudando, treine muitas questões de todos os tipos e seja feliz! O caminho e o resultado serão felizmente inevitáveis: aprovação.

Na próxima semana, será a vez das provas orais. Não percam.

———«»———«»———«»———

Para encerrar esse artigo com chave de ouro, nada melhor que outro Podcast Solitário da Raquel Solitária!

Boomp3.com

(clique no botão acima para ouvir)


6 Response to "COLUNA DA RAQUEL SOLITÁRIA – Algumas dicas sobre provas discursivas"

  1. alexandre says:

    ...gostei do podcast, mas adorei seu sotaque carioca. Bjão.

    Andréa says:

    Raquel, adorei o post e o podcast. Não tinha ouvido o primeiro, ouvi os dois de uma só vez.
    Concordo com você em relação aos concursos para analista e, apesar de achar que na área federal as provas para todos os cargos estão muito mais difíceis, acho realmente que, em relação ao cargo de analista, a coisa tomou um rumo desproporcional.
    Parabéns pelo post sobre provas discursivas, concordo com vc em todos os pontos!

    Abraços e um ótimo finald e semana!

    Parmênides says:

    "penso que sintetizar uma série de conceitos, principalmente os jurídicos, numa única assertiva ser altamente perigoso."
    Ocorre que na objetiva dá para marcar a alternativa mais próxima do que o candidato acha certo. Já na prova subjetiva não dá. O candidato tem de responder o máximo possível com suas palavras. Se não souber não tem choro. Então 'sintetizar uma série de conceitos, principalmente os jurídicos, em poucas linhas pode ser altamente perigoso'. Só para reflexão.

    Obrigada, pessoal! Adoro quando comentam, pois a nossa interação sempre me dá idéias para novos artigos.
    Concurseiros, se vocês tiverem boas idéias e quiserem compatilhá-las conosco, sintam-se à vontade para nos enviar um artigo para o e-mail do blog. Será um grande prazer para nós.
    Respondendo ao Parmênides: para mim, é uma questão de OPINIÃO E HABILIDADE INDIVIDUAL. Assim, só posso falar da minha experiência pessoal, pois é o que eu conheço. Como eu disse, meu maior medo é das questões objetivas. Eu tenho muito mais facilidade para encarar as questões discursivas. FIQUE REGISTRADO QUE É MINHA OPINIÃO, APENAS, OK? NÃO É VERDADE ABSOLUTA.

    Camisa 9 says:

    ...gostei do podcast, mas adorei seu sotaque carioca.[2]

    Excelentes dicas tamém Rachel!

    Bons estudos

    Olá, gostei bastante dos posters!
    Só agora descobri seu blog, ainda bem que foi às vésperas de realizar as provas discursivas da RFB, para o cargo de auditor.
    Sei que já faz um bom tempo que os postou, mas se tiver alguma consideração a fazer sobre as provas discursivas da RF, agradeço imensamente.
    Abraço......

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