Acho engraçado como as pessoas entendem errado essa necessidade de se sacrificar grande parte do tempo gasto com diversão ou ócio para se poder estudar com qualidade para concursos públicos, na maioria das vezes radicalizando por conta própria a coisa ao ponto de pintarem um quadro tão assustador que até parece que a pessoa não está se propondo a estudar para garantir uma vaguinha no serviço público, mas que vai se tornar um monge franciscano e fazer votos perpétuos de pobreza, castidade, abrindo mão de todo e qualquer tipo de diversão. Claro, as coisas não são dessa forma, estão longe de ser assim, muito longe.

Estudar para concursos públicos exige planejamento, disciplina, determinação e, claro, alguns anos de estudo sério e orientado. Isso é fato mais que provado, não há o que discutirmos sobre o assunto. Vejamos, o dia tem vinte e quatro horas, das quais, em média, oito são gastas dormindo e umas quatro gastas com atividades corriqueiras e necessárias como comer, ir ao banheiro para cuidar das necessidades fisiológicas, escovar os dentes, trocar de roupa e tal. Ok, temos então doze horas disponíveis para fazer todo o resto, que é trabalhar, estudar ou nos divertirmos. Quem disse que alguém não pode se organizar a fim de poder trabalhar e estudar ou mesmo apenas estudar, deixando algumas horas livres para se divertir? Que eu saiba, ninguém.

Particularmente, encaro estudar para concursos públicos como um trabalho comum, assim tenho hora de início pela manhã, pausa para almoçar e hora para sair a tarde. De vez em quando começo um pouco mais tarde, termino um pouco mais cedo ou dou uma saidinhinha extra durante o dia, mas tenho de compensar esse horário. Terminada minha jornada de estudo, assim como terminada qualquer jornada de trabalho, ainda tenho algumas horas livres para fazer delas o que quiser, exceto para estudar, então as gasto com diversão ou descanso.

Notem que diversão é tão importante na vida do concurseiro quanto o sono. Do mesmo modo que um concurseiro que dorme pouco e/ou mal tem um baixo redimento no estudo, com maior dificuldade de aprendizagem, raciocínio e memorização, também o concurseiro que não se diverte um pouco também tem baixa de motivação, diminuição na disposição para estudar, queda de rendimento nos estudos. Isso acontece porque nosso cérebro precisa desligar um pouco da atividade estafante que é estudar para poder repor as energias, desestressar, regenerar.

Gosto muito de fotografia, inclusive já fui fotógrafo profissional. Então nas minhas horas de lazer aproveito para ler alguma revista de fotografia, para ver exposições virtuais de outros fotógrafos, para fotografar ou tratar digitalmente minhas fotos. Não fotografo tanto e tudo o que gostaria, mas não deixei de fotografar e estar envolvido com o universo fotográfico só porque comecei a estudar para concursos públicos. É mais ou menos como chocolate para quem está de regime, não é preciso cortar totalmente o chocolate de sua vida, pode-se (e até deve-se) comer um pedacinho de vez em quando até para que não bata aquela fissura que o faça pensar "foda-se" e comer uma caixa inteira de bombons de uma vez. Aqui está um exemplo de foto que fiz recentemente:

Além de fotografar gosto muito de ficção científica e filmes, então nas minhas horas vagas a noite (estudo no máximo até às 19 horas) assisto a algum filme, leio um pouco e até escreve meus próprios contos, isso quando dou um pulinho na casa da minha namorada (que é ponto alto dos finais de semana). Para vocês terem idéia faço parte de um grupo de escritores amadores de ficção científica que agora em dezembro lançou a terceira edição, um especial de natal, de uma revista digital de contos que já teve mais de 1.500 downloads, a Black Rocket (clique na imagem abaixo para baixar gratuitamente um exemplar se você quiser conferir o que escrevo além de artigos sobre concursos públicos).

Ou seja, estudo muito sério para concursos públicos, mas nem por isso deixo de divertir-me diariamente. Claro que não vou a todas as festas para as quais sou convidado, não viro noites na balada, não assisto todos os filmes que quero, leio e escrevo toda a Ficção Científica que tenho vontade, nem passo todo o tempo que tenho vontade com minha namorada, mas faço tudo isso de forma regrada, sadia para meus estudos.

Resumo da ópera - Não se enganem, diverão é tão importante para o concurseiro sério quanto sono de qualidade ou boa alimentação, o que têm-se de ter em mente é que do mesmo modo que não se sacrificar horas precisosas e sono ou se alimentar mal sob o risco de ter os estudos seriamente comprometidos, também não se pode abrir mão de toda diversão sob o risco não só de comprometer os estudos como de assassinar a motivação para estudar. Então, meus amigos, nada de extremismo querendo dormir pouco, comer pouco e se divertir pouco, ou então dormir demais, comer demais e se divertir demais, é no equilíbrio que mora a força do concurseiro para estudar com seriedade pelo tempo necessário para garantir a vitória na guerra dos concursos públicos.