Sou um aficionado por videogame. Sempre gostei muito de jogar, no meu tempo (soou meio velho, risos), os imbatíveis Dynavision ou Nintendinho e SuperNes ou Super Nintendo. Adorava passar horas e horas jogando. Mas o que me impulsionava era conseguir terminar o jogo para ver o final verdadeiro. Para aqueles que não estão acostumados com a nomenclatura dos jogadores, final verdadeiro é aquele escondido no jogo quando você consegue passar por todas as fases no nível mais difícil. No mais fácil, geralmente, é um final bobo e chato. No mais difícil é “o” final.

Pois é. Eu cheguei, finalmente, ao final verdadeiro da minha batalha concursídica! Fui convocado! Aconteceu em abril deste ano. Inesquecível...

Era uma tarde como outra qualquer, ou pelo menos pensei que seria, quando a moça que faz limpeza em casa ligou. Explico: pedi a ela que quando chegasse algum telegrama para mim, ela ligasse imediatamente. Coisa de concurseiro ansioso. Fazer o quê. Pois bem, ao atender ao telefone e falar com ela não havia nem lembrado disso. Foi quando ela disse: chegou! E eu: chegou o quê? Ela: um telegrama. Meu coração disparou. Pedi para que abrisse e quando ela leu as primeiras palavras, palavras mágicas (“Convocamos Vossa Senhoria para comparecer...”), meus olhos se encheram de lágrimas. Fiquei com a voz embargada e agradeci muito a ela por ter lido. Abracei com todas as minhas forças meu pai e minha futura esposa (sim, trabalhava no escritório do meu pai, sem receber um tostão, pois acho que de pai não se cobra, se agradece; e minha futura esposa trabalha também no nosso escritório). Chorei. Mas agora eram lágrimas de alegria, e não de tristeza. Belisquei-me mais de 5 vezes para ver se não estava sonhando. Havia acontecido: de concurseiro passei a ser concursado.

Eu já havia chegado ao final “falso”, como a gente fala na vida de jogadores; é claro que foi regado a muita emoção e muita felicidade, pois alcançar o quinto lugar é algo incrivelmente ótimo. Mas nada, meus amigos, nada se compara a você ser convocado para tomar posse no seu cargo. É uma felicidade diferente, pois além de lembrar de tudo que você passou para ser aprovado, você também se recorda de toda a angústia, os dias infindáveis, as dificuldades financeiras, a dependência econômica, as tiradas de sarro dos próprios colegas advogados, enfim, tudo vêm à mente e você pode dizer, mesmo que não em voz alta, que você venceu! Venceu! E esta vitória, pessoal, ninguém, absolutamente NINGUÉM tira de você. É o alcance da vitória da maneira correta, honesta e lícita!

Resumo da ópera - Me emociono, mais uma vez, em escrever essas palavras. Com relação à batalha do concurso do CREA minha luta se finda. Posso gritar para o mundo: sou servidor público federal! Todavia, como bom concurseiro profissional que sou inicio outra batalha; o cume da minha montanha: a magistratura estadual!