Vale a pena se endividar para estudar para concursos públicos?
06:00
Concurseiro Solitario
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Sobre estudar para concursos públicos
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Um leitor perguntou ontem no shoutbox do blog:
"B.C.: Charles e outros, preciso de uma opinião: fui dispensado do trabalho e fiz um empréstimo, no limite. O que faço: devolvo o dinheiro ou fico com ele para custear meus estudos? Se devolver, vou ter que recorrer a empregos de 485 a 800 reais. Isto é o q posso arrumar é um estágio de nível superior."
Estudar para concursos públicos demanda investimento por parte do concurseiro na compra de alguns bons livros das principais matérias, demais materiais de papelaria (papel, canetas, ...), num computador com Internet, em inscrições e despesas decorrentes de prestar provas (viagens, alimentação, ...).
Em tempos de crédito fácil, com cartões de crédito e cheque especial oferecido para qualquer um que não tenha o nome "sujo", é grande a tentação de tomar dinheiro emprestado de bancos e financeiras para financiar essas despesas. Mesmo quem não quer apelar para o sistema financeiro, há a tentação de fazer um empréstimo com parentes e amigos. "
Vou passar logo e pago a dívida com a primeira remuneração", pensam muitos quando pensam sobre o assunto ... e é aí que mora o perigo.
Quem empresa quer no mínimo receber de volta o que emprestou, no caso de bancos e financeiras os juros são imperdoáveis. Além disso, quem empresta quer receber num horizonte de tempo praticável, afinal de contas, somente o BNDES e o Banco do Brasil emprestam "a fundo perdido" e mesmo assim somente para apaziguados políticos.
O problema é que estudar, passar e ser empossado em cargo público é, atualmente, projeto para no mínimo médio prazo (entre um e dois anos de estudo), na maioria dos casos de longo prazo (mais de dois anos), ou seja, um horizonte de tempo muito maior que quem empresta dinheiro está disposto a topar.
Passar demora, demanda estudo, esforço, planejamento, determinação e tudo o mais que quem estuda sério para concursos públicos conhece muito bem. Só que passar em concursos públicos é apenas a primeira parte da jornada. Vencido o certame, vem a muitas vezes longa espera pela posse. Vejam o caso do Jerry Lima, articulista do blog, ele passou no concurso para advogado do CREA-SP no começo do ano passado ... foi empossado no começo do mês passado ... um ano e quatro meses depois!
Imagine que o Jerry tenha tivesse tomado um empréstimo em novembro de 2008 para comprar material para essa prova do CREA-SP. Essa semana ele recebeu sua primeira remuneração e poderia, então, pagar esse empréstimo. Se fosse dinheiro de banco ou financeira, além do valor que ele tomou emprestado, teria também de pagar nada menos de um ano e meio de juros essa grana ... à juros compostos ... com taxa de juros maior de 5% ao mês ... possivelmente maior de 10% ao mês!
"Mas e se for empréstimo com parentes ou amigos que não cobrem juros?". Mesma coisa. Não acho que alguém teria a cara de pau de devolver uma grana tomada emprestada um ano e meio depois sem pagar pelo menos os juros da poupança. Além disso, nesse meio tempo com certeza enfrentaria cobranças, no mínimo cara feia de quem emprestou, mesmo porque como diz um ditado muito comum nos Estados Unidos, "Não há almoço grátis!", ou seja, você paga o que recebe de alguma forma.
E há também o problema de que tomar um empréstimo e não pagá-lo significa que seu nome ficará "sujo", ou seja, será incluído na lista de devedores do SERASA e SPC. Se bem que isso não é impedimento para a posse na grande maioria dos cargos públicos, pode ser um problema para muitas outras coisas na vida do concurseiro.
Resumo da ópera - Não serei temerário ao ponto de dizer "não tomem de forma alguma dinheiro emprestado com quem quer que seja para poderem estudar para concursos públicos", mesmo porque somente cada um sabe "onde o sapato aperta", ou seja, cada caso é um caso e não duvido que para muitos concurseiros não resta outra opção senão essa extrema. Digo, sim, que se você puder evitar fazer isso sem com isso ter de parar de estudar sério para conquistar seu cargo na Administração Pública, então evite, pois também estará evitando problemas futuros.
Charles Dias é o Concurseiro Solitário.
IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.
"B.C.: Charles e outros, preciso de uma opinião: fui dispensado do trabalho e fiz um empréstimo, no limite. O que faço: devolvo o dinheiro ou fico com ele para custear meus estudos? Se devolver, vou ter que recorrer a empregos de 485 a 800 reais. Isto é o q posso arrumar é um estágio de nível superior."
Estudar para concursos públicos demanda investimento por parte do concurseiro na compra de alguns bons livros das principais matérias, demais materiais de papelaria (papel, canetas, ...), num computador com Internet, em inscrições e despesas decorrentes de prestar provas (viagens, alimentação, ...).
Em tempos de crédito fácil, com cartões de crédito e cheque especial oferecido para qualquer um que não tenha o nome "sujo", é grande a tentação de tomar dinheiro emprestado de bancos e financeiras para financiar essas despesas. Mesmo quem não quer apelar para o sistema financeiro, há a tentação de fazer um empréstimo com parentes e amigos. "
Vou passar logo e pago a dívida com a primeira remuneração", pensam muitos quando pensam sobre o assunto ... e é aí que mora o perigo.
Quem empresa quer no mínimo receber de volta o que emprestou, no caso de bancos e financeiras os juros são imperdoáveis. Além disso, quem empresta quer receber num horizonte de tempo praticável, afinal de contas, somente o BNDES e o Banco do Brasil emprestam "a fundo perdido" e mesmo assim somente para apaziguados políticos.
O problema é que estudar, passar e ser empossado em cargo público é, atualmente, projeto para no mínimo médio prazo (entre um e dois anos de estudo), na maioria dos casos de longo prazo (mais de dois anos), ou seja, um horizonte de tempo muito maior que quem empresta dinheiro está disposto a topar.
Passar demora, demanda estudo, esforço, planejamento, determinação e tudo o mais que quem estuda sério para concursos públicos conhece muito bem. Só que passar em concursos públicos é apenas a primeira parte da jornada. Vencido o certame, vem a muitas vezes longa espera pela posse. Vejam o caso do Jerry Lima, articulista do blog, ele passou no concurso para advogado do CREA-SP no começo do ano passado ... foi empossado no começo do mês passado ... um ano e quatro meses depois!
Imagine que o Jerry tenha tivesse tomado um empréstimo em novembro de 2008 para comprar material para essa prova do CREA-SP. Essa semana ele recebeu sua primeira remuneração e poderia, então, pagar esse empréstimo. Se fosse dinheiro de banco ou financeira, além do valor que ele tomou emprestado, teria também de pagar nada menos de um ano e meio de juros essa grana ... à juros compostos ... com taxa de juros maior de 5% ao mês ... possivelmente maior de 10% ao mês!
"Mas e se for empréstimo com parentes ou amigos que não cobrem juros?". Mesma coisa. Não acho que alguém teria a cara de pau de devolver uma grana tomada emprestada um ano e meio depois sem pagar pelo menos os juros da poupança. Além disso, nesse meio tempo com certeza enfrentaria cobranças, no mínimo cara feia de quem emprestou, mesmo porque como diz um ditado muito comum nos Estados Unidos, "Não há almoço grátis!", ou seja, você paga o que recebe de alguma forma.
E há também o problema de que tomar um empréstimo e não pagá-lo significa que seu nome ficará "sujo", ou seja, será incluído na lista de devedores do SERASA e SPC. Se bem que isso não é impedimento para a posse na grande maioria dos cargos públicos, pode ser um problema para muitas outras coisas na vida do concurseiro.
Resumo da ópera - Não serei temerário ao ponto de dizer "não tomem de forma alguma dinheiro emprestado com quem quer que seja para poderem estudar para concursos públicos", mesmo porque somente cada um sabe "onde o sapato aperta", ou seja, cada caso é um caso e não duvido que para muitos concurseiros não resta outra opção senão essa extrema. Digo, sim, que se você puder evitar fazer isso sem com isso ter de parar de estudar sério para conquistar seu cargo na Administração Pública, então evite, pois também estará evitando problemas futuros.
Charles Dias é o Concurseiro Solitário.
IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.
Acho que vale a pena sim, mas depende com quem vc contrai a dívida e se vc realmente vai levar os estudos a sério... eu me endividei, passei no concurso e agora tô pagando... pra mim valeu.
Tomar ou não emprestimo vai de cada um. Claro que exitem os juros de bancos e o risco de não passar logo é grande.
Eu tomei emprestado de parente, passei na caixa e em um ano, quase terminei de pagar. Resolvi entao sair (pois nao estava conseguindo estudar).
Se não fosse novamente parentes para me ajudar, com certeza iria tomar uns 8 mil pra ficar estudando. Felizmente, passei rapido em concurso semelhante a caixa e estou esperando ser chamado.