"Não foi tão difícil assim ..."
06:49
Concurseiro Solitario
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7 Comments
Ontem recebi a visita de uma amiga que está naquela de “entro ou não entro nessa guerra” em relação aos concursos públicos. Ela é formada em Publicidade e Propaganda pela USP, menina inteligente e esforçada, que também se desiludiu quanto à iniciativa privada em termos de carreira profissional. Recentemente ela prestou o concurso da Petrobrás para a área dela, ficou satisfeita com seu desempenho nas matérias específicas, mas viu que precisará estudar muito até ter chances de realmente concorrer por uma das vagas oferecidas.
Expliquei que para entrar na guerra dos concursos públicos antes de tudo é preciso decidir se é realmente isso que ela quer, depois que é preciso traçar uma estratégia e então estudar muito sério por tempo suficiente até ter condições de alcançar a aprovação, nomeação e posse. Não dourei a pílula ou açucarei o remédio, que é amargo mesmo, não tem jeito. Falei da necessidade de longas horas de estudo, das frustrações que ela terá com as reprovações até “chegar lá”.
No final da conversa, pouco antes de nos despedirmos, ela perguntou algo que, tenho certeza, é o canto de sereia e garantia de frustração para muitos concurseiros novatos. “Então aquelas entrevistas e depoimentos de gente que passou nos primeiros lugares desses concursos não dizem a verdade? Hoje mesmo li uma entrevista de uma menina que passou em um dos primeiros lugares no concurso tal e ela disse que não precisou estudar o dia inteiro, nem deixar de dar atenção para a família e os amigos, parar de praticar esportes, ...”
Que já não leu uma essas entrevistas? Eu já nem as leio mais, por conta exatamente disso, algo que chamo de Síndrome do Não foi Tão Difícil. Essa síndrome ataca àqueles que já obtiveram sucesso em uma situação difícil, para a qual ralaram muito, se esforçaram muito, abriram mão de muita coisa para vencer, mas Deus sabe porque, na hora de relatar como foi sua luta, insistem em açucarar a danada da pílula amarga, dizer que tudo não foi tão difícil quanto ele ou ela pensava, que não é preciso fazer nenhuma mudança radical de vida para chegar aonde eles chegaram.
Juro que já parei várias vezes para tentar imaginar porque essas pessoas dizem isso? Para começo de conversa não é lógico. Se for para tornar o visual do sucesso ainda mais brilhante e invejável, deve-se fazer exatamente o contrário, declarar que alcançar a vitória foi mais difícil do que realmente foi. Não é correto, mas é muito mais lógico do que deprecia a luta. É como vender um carro ou qualquer outra coisa apontando os defeitos ao invés de realçar as qualidades.
Comigo, sinceramente, não tem isso, não. Se quase tive de dar um braço e uma perna para alcançar uma vitória, digo que quase tive de chegar a esse ponto. Se perdi noites de sono, tive muitas dores de coluna por ficar horas e horas sentado estudando, se houve dias em que por pouco a frustração da derrota não me consumiu, bem, porque motivo eu esconderia isso tudo e diria que foi, ao contrário, um passeio no parque?
É preciso sempre desconfiar de relatos concurseiros. Há muita gente por aí dizendo tranqueira, seja sem maldade ou com maldade. Se para alguns isso não interfere em nada nos estudos e/ou na motivação, para muitos outros interfere e muito. Imagine se essa minha amiga tivesse como única referência essa entrevista e estudasse achando que sua incursão na guerra dos concursos públicos seria tão fácil quanto a entrevistada disse que seria. Ela não estudaria o suficiente, não se desapegaria o necessário de muitas coisas para poder se dedicar aos estudos, confiaria numa vitória que nunca chegaria, ou melhor, até chegaria ... depois de uma década estudando errado.
Resumo da ópera – Logo, logo assistiremos a uma nova edição das Olimpíadas, a de Pequim. Serão alguns milhares de atletas competindo, os melhores em seus esportes e categorias. Uma pequena parte desses atletas alcançará as tão desejadas medalhas de ouro, serão os melhores dos melhores. Pode até ser que um ou outro diga que não foi tão difícil a jornada que o trouxe do primeiro dia de treino lá no início da carreira como atleta até a dourada medalha olímpica, mas pode ter certeza de que eles suaram tanto, sofreram tanto, ralaram tanto, treinaram tanto, quanto qualquer dos outros medalhistas de ouro!
Expliquei que para entrar na guerra dos concursos públicos antes de tudo é preciso decidir se é realmente isso que ela quer, depois que é preciso traçar uma estratégia e então estudar muito sério por tempo suficiente até ter condições de alcançar a aprovação, nomeação e posse. Não dourei a pílula ou açucarei o remédio, que é amargo mesmo, não tem jeito. Falei da necessidade de longas horas de estudo, das frustrações que ela terá com as reprovações até “chegar lá”.
No final da conversa, pouco antes de nos despedirmos, ela perguntou algo que, tenho certeza, é o canto de sereia e garantia de frustração para muitos concurseiros novatos. “Então aquelas entrevistas e depoimentos de gente que passou nos primeiros lugares desses concursos não dizem a verdade? Hoje mesmo li uma entrevista de uma menina que passou em um dos primeiros lugares no concurso tal e ela disse que não precisou estudar o dia inteiro, nem deixar de dar atenção para a família e os amigos, parar de praticar esportes, ...”
Que já não leu uma essas entrevistas? Eu já nem as leio mais, por conta exatamente disso, algo que chamo de Síndrome do Não foi Tão Difícil. Essa síndrome ataca àqueles que já obtiveram sucesso em uma situação difícil, para a qual ralaram muito, se esforçaram muito, abriram mão de muita coisa para vencer, mas Deus sabe porque, na hora de relatar como foi sua luta, insistem em açucarar a danada da pílula amarga, dizer que tudo não foi tão difícil quanto ele ou ela pensava, que não é preciso fazer nenhuma mudança radical de vida para chegar aonde eles chegaram.
Juro que já parei várias vezes para tentar imaginar porque essas pessoas dizem isso? Para começo de conversa não é lógico. Se for para tornar o visual do sucesso ainda mais brilhante e invejável, deve-se fazer exatamente o contrário, declarar que alcançar a vitória foi mais difícil do que realmente foi. Não é correto, mas é muito mais lógico do que deprecia a luta. É como vender um carro ou qualquer outra coisa apontando os defeitos ao invés de realçar as qualidades.
Comigo, sinceramente, não tem isso, não. Se quase tive de dar um braço e uma perna para alcançar uma vitória, digo que quase tive de chegar a esse ponto. Se perdi noites de sono, tive muitas dores de coluna por ficar horas e horas sentado estudando, se houve dias em que por pouco a frustração da derrota não me consumiu, bem, porque motivo eu esconderia isso tudo e diria que foi, ao contrário, um passeio no parque?
É preciso sempre desconfiar de relatos concurseiros. Há muita gente por aí dizendo tranqueira, seja sem maldade ou com maldade. Se para alguns isso não interfere em nada nos estudos e/ou na motivação, para muitos outros interfere e muito. Imagine se essa minha amiga tivesse como única referência essa entrevista e estudasse achando que sua incursão na guerra dos concursos públicos seria tão fácil quanto a entrevistada disse que seria. Ela não estudaria o suficiente, não se desapegaria o necessário de muitas coisas para poder se dedicar aos estudos, confiaria numa vitória que nunca chegaria, ou melhor, até chegaria ... depois de uma década estudando errado.
Resumo da ópera – Logo, logo assistiremos a uma nova edição das Olimpíadas, a de Pequim. Serão alguns milhares de atletas competindo, os melhores em seus esportes e categorias. Uma pequena parte desses atletas alcançará as tão desejadas medalhas de ouro, serão os melhores dos melhores. Pode até ser que um ou outro diga que não foi tão difícil a jornada que o trouxe do primeiro dia de treino lá no início da carreira como atleta até a dourada medalha olímpica, mas pode ter certeza de que eles suaram tanto, sofreram tanto, ralaram tanto, treinaram tanto, quanto qualquer dos outros medalhistas de ouro!
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PERGUNTA DO DIA
Você acredita naquelas matérias e entrevistas de concurseiros bem sucedidos onde eles dizem que não precisaram estudar tanto, que não precisaram sacrificar tanto, que não tiveram que vencer tantas barreiras até alcançar a vitória? Ou você acha que é pura propaganda enganosa? Por que voce acha que esses ex-concurseiros fazem isso?
Essa pergunta deve ser respondida em nossa comunidade no Orkut. Basta clicar no homenzinho ai em cima (você precisa estar conectado no Orkut em outra janela de navegador para ser levado à página de resposta).
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Ai, ainda bem que sua amiga conversou com vc, pq senão a coitada ia ficar enganada!
Nossa, acho maldade quem faz parecer que é tudo muito fácil. Claro que não é! Se fosse eu não estava aqui nesse desespero. E olha que eu não sou burra não....heheeheeh....
Abraços, Helineide
Concordo com vc em parte. Estou na guerra dos concursos há algum tempo e sei como é difícil essa luta. Mas há pessoas que conseguem sem tanto esforço. Até semana passada eu nao acreditava que isso pudesse acontecer até minha irma fazer esse mesmo concurso da petrobrás só para "ver como se sairia". Ela fez para publicidade e ficou em 110, acho eu, além do fato dela só se formar no meio do ano que vem. Eram só 14 vagas. Uma pessoa que fica tão bem colocada sem nem ser formada e sem nem ter pego em um livro tem grandes chances de passar sem precisar dar o sangue. Basta se focar em suas dificuldades. Acertar toda a prova de ingles e quase gabaritar portugues e informatica não é sorte. Tudo depende de muitos fatores mas principalmente do conhecimento anterior de cada um, da famosa "bagagem". Portanto, a regra é sim a dedicação TOTAL e EXCLUSIVA mas quando estas pessoas dão este tipo de depoimento, a meu ver, pode sim ser verdade. Não é porque nós (e nisto eu me incluo) temos que dar o sangue para conseguir que outros também terão que dar.
Beijinhos
Não é nada fácil passar em concurso. Eu gosto de ler depoimentos daqueles que já passaram em concursos, sempre tem um ponto a ser considerado.
Para passar é preciso estudar muito. Exemplo disso foi o último concurso da Caixa, fiz para TI e quando vi meu gabarito, a surpresa. Fui péssimo. Na verdade, só estudei bancária que acertei 80%. Um irmão meu me disse uma coisa muito certa: - Não faça concurso se não consegue pelo menos ler todo o conteúdo, o resultado pode ser frustante e você perder tempo.
Abraços e rumo ao STF.
Obs: para quem lê este blog e irá fazer a prova, poderia fazer um pequeno encontro no sábado.
Ah, mas prova da Fundação Cesgranrio é bem mais fácil que a maioria das outras provas. Fiz um concurso (INEA) que tinha umas perguntas tão tranqüilas, que acabei ficando meio desconfiada. Não passei nesse porque não havia estudado Direito Tributário. Caso contrário, teria ido melhor.
Por isso é que Petrobrás não foi um bicho de sete cabeças. Não desmerecendo o esforço da Luisa e de sua irmã, ok?
Raquel
Sua irmã tem uma enorme bagagem hein Luisa.
Pra ter ido tão bem nesse concurso que eu nem tentei rsrs
E isso tem a ver com o fator "tranquilidade" e "despreocupação".
Ele fez a prova sem se importar muito e esteve bem tranquila e isso porque eu acho que ela nem se esforçou muito, porque senão ela passaria. Na sorte, mas passaria. :p
Camisa 9,
Sorte em todas as materias? Caramba! Vou falar para ela joghar na sena! Com certeza deve ganhar sozinha, ne?
Eu tenho muita dificuldade, tenho que estudar mto para passar. Nao sou boa em portugues, ingles ou informatica. Mas isso não quer dizer que uma pessoa que estudou pouco não possa passar. Para dominar estas materias que hoje ela estudou pouco,foi pq em algum momento de sua vida as aprendeu de verdade e hj utiliza em concursos. Há casos e casos, isso que eu quis dizer.
Concordo que o fator emocional conta muito.
Eu estudo muito e NUNCA fui nervosa para uam prova. Ja é de mim. Penso que já fiz tudo que podia. Faço a prova super trankila. Pena que nunca dei essa SORTE, como vc diz, dela...
Bom gente.Sou funcioário público há uns três anos. Atesto que dizer que a jornada não é difícil é praticamente uma blasfêmia.Muito já ralei,muito sofri estudando doze horas ao dia, por uns quase dois anos consecutivos, todo os dias.
A vida premia as pessoas que se esforçam ao seu limite. Hoje posso optar por morar sozinho e ter carro 0km depois de muito passar trabalho me humilhando pra me sustentar na rua e estudando em casa.
Hoje, faço as festas que não fiz qdo mais novo, dou os sorrisos que não dei a vida toda.