Diário de guerra

Sexta-Feira (04/07)


Às 3:50, após 20 minutos de atraso, o ônibus que me levaria à Brasília finalmente chega à rodoviária. Embarco e antes mesmo do danado pegar a estrada, já tenho nas mãos um livro de administração de recursos humanos do “tio Chiavenato”.

A viagem foi tranqüila, conheci alguns concurseiros que tomaram o mesmo ônibus ao longo do caminho em direção à capital federal, estudei um pouco, li um pouco de atualidades, ouvi muita música.

Sábado (05/07)

Às 09:15 desembarco na famosa rodoferroviária de Brasília e, para variar, decepciono-me mais uma vez com o fato da capital do país ter também rodoviária mais feia, suja e desorganizada de todo o território nacional. Como pretendia voltar para casa ainda no domingo após a prova, vou ao guichê da empresa de ônibus dar uma olhadinha em como está a lotação do ônibus de volta. “Gente, o computador deu pau, vai demorar um pouquinho” e lá se vão quarenta minutos até descobrir que comprava a passagem naquele momento ou teria de arriscar a sorte acreditando que até o dia seguinte um dos dez lugares restante no ônibus não seria ocupado. Como ficar um dia a mais na cidade quase duplicaria meus gastos de viagem, comprei minha passagem e garanti o retorno.

Uma das coisas que mais estranho em Brasília é o fato de não estar tudo misturado nas ruas. Dependendo de onde você está, simplesmente não existe padaria, lanchonete, boteco ou farmácia por perto. É complicado. Sem coragem de encarar os alimentos frescos vendidos na rodoferroviária e sem tomar café da manhã, sobrou-me dar uma passadinha no Brasília Shopping antes de ir para o hotel e encarar um delicioso café da manhã no ... McDonald’s! Mas até que o café com leite e croissant industrial não estavam tão ruins.

No hotel tomo um banho e abraço outro livro do tio Chiavenatto. Não havia tempo a perder.

Para descontrair um pouco, depois de almoçar no shopping Conjunto Nacional fui ao Museu Nacional da República, que é bem próximo, visitar duas exposições muito interessantes, uma de armaduras, armas e pinturas medievais japonesas, outra que exibia uma série de objetos, fotos, vídeos e documentos da trajetória de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Como já estava por ali mesmo e a famosa Catedral de Brasília é do lado, lá fui eu. Gente, a bela obra de Niemeyer está precisando de uma reforma urgente. O mármore está encardido, a pintura esta descascando, há infiltrações e dezenas de pedaços do vitral colorido da cúpula estão faltando, é de dar dó.

Por volta das 14 horas quando cheguei de volta ao hotel e mergulho novamente em meus resumos.

Às 17 horas dei uma paradinha e fui ao shopping comer alguma coisa. Não é que encontro um amigo da época em que trabalhava com fotografia e visitei a cidade algumas vezes a trabalho! Conversa vai, conversa vem, algumas ligações de celular depois e estava combinado um jantar com vários amigos daquela época.

De volta ao hotel termino de rever os últimos resumos, tomo um banho e “fecho a lojinha”. Agora era bater papo com os amigos, apreciar o jantar e torcer para fazer uma boa prova no dia seguinte.

Domingo (06/07)

Acordei às seis da manhã, tomei um bom café no hotel e parti para o local de prova da manhã. A prova era para analista da área administrativa.

Antes de começar a prova conversei uma boa meia hora com uma menina muito engraçada e falante que estava sentada perto de mim. Brasiliense, estava estudando para concursos desde o começo do ano e apesar de saber que não estava preparada para brigar feio por uma vaga naquele concurso, fazia a prova como “treineira”.

E então as provas foram entregues e o tempo começou a correr rápido. Foram 150 questões e redação. A prova foi puxada, com várias questões com aparência de fáceis, mas que na realidade eram bastante complexas. A redação foi sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal e agradeci por ter lido no dia anterior um resumo que tinha feito da danada. As questões de matemática, por volta de uma dezena, me testaram a paciência. Porque será que as bancas insistem em não colocar uma ou duas folhas em branco para cálculos no caderno de provas? Algumas das questões não fiz por pura falta de espaço para fazer as contas.

Finalmente terminei a prova dez minutos antes do fim do tempo de prova. Era quase uma hora da tarde, teria de estar às três horas no próximo local de prova, coincidentemente no mesmo quarteirão, e não teria tempo de ir a algum shopping almoçar. Claro que havia vários carrinhos de lanche espalhados em frente de onde fiz prova, mas entre encarar fazer outra prova apenas com um chocolate no estômago ou arriscar a vida com alimentos de qualidade e origem duvidosa, escolho a primeira opção sem pensar duas vezes. Mas como a esperança é a última que morre, perguntei para o porteiro da escola onde faria a prova da tarde se não haveria por ali alguma lanchonete ou restaurante ... “Você deu sorte. Tem um restaurante por quilo no clube aí em frente e por causa (sic) da prova eles estão deixando o pessoal que não é sócio entrar para comer”. Olha, gente, o restaurante não era lá grande coisa, mas pelo menos tinha salada e nunca ouvi dizer que ninguém teve indigestão com alface!

Como teria de estar à rodoferroviária até, no máximo, às 18:15 para tomar o ônibus de volta para casa, teria apenas duas horas para fazer a prova de técnico, tendo de sair, no máximo, às 17 horas. Então, assim que foi entregue o caderno de prova, saltei como uma fera sobre as 120 questões. Como tinha estudado bravo para a prova de analista, não tive dificuldade com a prova de técnico. Saí da escola exatamente no meu tempo limite e fui direto para a “bela” rodoferroviária de Brasília.

A viagem de volta foi tranqüila. Conversei com outros concurseiros no ônibus até uma hora depois da partida e então apaguei, caí no sono. Acordei somente numa das paradas ao longo da viagem para comer alguma coisa e voltei ao sono dos justos.

Segunda-Feira (07/07)

Acordei quando o ônibus estava entrando na cidade onde moro. Liguei para casa para pedir para alguém me buscar na rodoviária e o telefone tocou sem ninguém atender. “Droga”, pensei. Mas fiquei feliz quando desci do ônibus e encontrei meu pai me esperando na plataforma. Ufa, como uma carona às vezes vale ouro.

Gente, não dá para pensar em estudar depois de uma jornada dessas, então reservei a segunda-feira para cochilos e filmes no DVD. Mas no final da tarde não resisti à curiosidade e fui dar uma olhadinha nos fóruns e comunidades do Orkut sobre o concurso. Os assuntos do dia eram um alegado desvio brutal das questões da prova de técnico administrativo em relação ao edital do concurso, clamores por pedido de anulação, e os gabaritos extra-oficiais divulgados por cursinhos e professores (daí meu artigo de terça-feira).

Terça-Feira (08/08)

Com outra prova de concurso marcada para o primeiro domingo de agosto não daria para estender a folga. Então escrevi o artigo do dia para o blog, fiz uma limpa no material usado para o STF, organizei o material para o próximo concurso e comecei a estudar a matéria que tenho de dar conta ao longo do mês, a me preparar para a próxima batalha.

Resumo da ópera – Foi mais uma batalha nessa guerra sangrenta, se vou vencer só o tempo dirá, mas fiquei satisfeito com meu desempenho, aprendi com meus erros e estou mais forte para as próximas batalhas. Afinal de contas, quem quer vencer nessa guerra tem de lutar, lutar, lutar, até a posse.

2 Response to "Diário de guerra"

  1. Raquel says:

    Você está lutando, lutando, lutando e eu hoje "coleguei" bastante! Espero que consigamos nossos lugares ao sol.

    Raquel - Colunista do Concurseiro Solitário.

    Camisa 9 says:

    Que excelente fim-de-semana você teve e muito bom esse post, principalmente quando você fala do museu que precisa de restauração.

    E quem crê e luta, tem de vencer mesmo e sua vitória está chegando.

    Bons estudos

    Abraços

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