Este é o último artigo que escrevo para o blog antes da prova do STF, que farei no domingo em Brasília. Devo dizer que me sinto tranqüilo, em paz, apesar de consciente de que essa batalha será sangrenta e que para conquistar uma das vagas oferecidas terei de ser melhor que milhares de outros candidatos, muitos tão bem ou mais preparados que eu.

O que me deixa confiante de que posso ser melhor que os outros candidatos e conquistar uma dessas vagas? Qual minha vantagem competitiva? Qual minha arma secreta? Simples, a tranqüilidade que sinto.

Explico. Segundo o dicionário Houaiss, tranqüilidade é o estado do que é ou está tranqüilo, isento de agitações, de inquietações, de perturbações ou de alvoroço. Vejamos como isso pode afetar um concurseiro.

Estar isento de agitações é estar no controle das emoções e da velocidade com que trabalha o cérebro. Um concurseiro agitado está submetido ao sabor das emoções, do bom e do mau humor, da animação e do desânimo, seu cérebro trabalha hora em velocidade máxima, hora em marcha lenta. E como alguém nesse estado conseguirá fazer uma boa prova? Agora, quem está tranqüilo experimenta a estabilidade emocional e de velocidade de pensamento de um piloto que controla seu avião de caça com elegância para atingir com precisão um alvo. E eu estou tranqüilo.

Estar isento de inquietações é poder repousar em paz porque não se está preocupado com o que está além dos seus conhecimentos. Um concurseiro inquieto fica imaginando mil desfechos para a batalha que está prestes a enfrentar, a maioria deles, claro, anunciando a derrota, o fracasso, a frustração e a vergonha. E como alguém que antes de lutar já se sente um perdedor terá chance de vencer? Agora, quem está tranqüilo não se preocupa com o desfecho do combate, mas com lutar com todas as suas forças usando todas as armas que tem disponível. E eu estou tranqüilo.

Estar isento de perturbações é estar equilibrado e possuir autocontrole. Um concurseiro perturbado sente-se como prestes a ter de andar numa corda bamba suspensa a centenas de metros do chão enquanto suas pernas não param de tremer. Como alguém que não possui autocontrole poderá não cair dessa corda bamba se esborrachar no chão? Agora, quem está tranqüilo sente-se firme como uma rocha e no controle dos mínimos aspectos de seu corpo e mente, capaz de caminhar sobre uma corda bamba que liga o topo do Everest à Lua com uma venda nos olhos sem medo de cair. E eu estou tranqüilo.

Estar isento de alvoroço é não ter pressa, não ser precipitado. O velho ditado já diz que “o apressado come cru”, ou seja, aquele que tem pressa e age com precipitação não permite que as coisas aconteçam no seu tempo e por isso não colhe os frutos em sua fase mais madura e doce. Agora, quem está tranqüilo não tem pressa e não age precipitadamente, mas sabe esperar o momento certo de agir de forma a colher os melhores resultados. E eu estou tranqüilo.

Não quero dizer com tudo isso que não sinto um friozinho na barriga com a prova que se aproxima. De modo algum. Mas como disse o famoso general francês Ferdinand Foch, herói da 1ª Guerra Mundial, “apenas os covardes ousam dizer que nunca conheceram o medo”. Só que o medo, esse friozinho na barriga, quando controlado pode ser usado em nosso benefício, ser uma garantia de que não baixaremos a guarda, que não seremos vítima do famoso “salto alto”, do mortal “já ganhei”. Se temermos a derrota de forma sadia, lutaremos pela vitória com se não tivéssemos nada a perder, como se nada mais no mundo valesse a pena ou importasse, como se não houvesse amanhã.

Resumo da ópera - A guerra dos concursos públicos é cruel, fria e impessoal. Em seus campos de batalha as únicas armas são o conhecimento acumulado, a estratégia de combate e a tranqüilidade para lutar. O conhecimento venho acumulando desde o dia que comecei a estudar para concursos públicos, a estratégia de combate venho otimizando a cada dia, a cada batalha perdida e a cada quase vitória, e a tranqüilidade para lutar é o maior presente que Deus me deu. Se vencerei essa batalha só Ele sabe e o tempo dirá, mas do que depender de mim não sobrará pedra sobre pedra. E que venham as provas!