No último domingo do mês passado sentei-me disposto a preparar um planejamento de estudos para o concurso do Ministério do Meio Ambiente, no qual estou inscrito e tem provas marcadas para o final do mês. Classifiquei as matérias por nível de dificuldade e pelo quanto já as estudei, dividi-as em blocos, também determinei o tempo que teria disponível para estudar, de modo que pude encaixar os blocos de estudo no tempo disponível. Depois de uma hora e meia tinha prontinho um belo esquema de estudos que se seguido à risca, permitiria que eu estudasse toda a matéria até o final do mês, com ênfase no que eu nunca tinha tido contato antes, que é legislação ambiental.

Nesse domingo fiz a avaliação de como foi a primeira semana. Por conta de um contratempo, a visita inesperada de um parente em busca de orientação sobre estudar para concursos públicos (virei conselheiro concursídico agora, pode?), tive comprometido pouco mais de meio dia de estudo. Por conta disso não consegui cumprir a programação planejada para a semana, mesmo estudando no domingo (que costumo reservar para descansar). Resultado, comecei essa semana com o planejamento congestionado.

Quando acontece algo assim, sinto como se estivesse numa daquelas longas estradas no meio do deserto que se vê em filmes americanos onde o fim está além do horizonte e parece distante, muito distante. Não vou negar que é frustrante.

Esse tipo de coisa não acontece com todos os concurseiros, a diferença é que para os que não não planejam seus estudos a estrada dá a volta ao mundo por sobre o equador e torna-se infinita, não tem fim. Agora o concurseiro que planeja sabe direitinho identificar os pontos de estrangulamento a tempo de resolvê-los e, com isso, não ser pego de surpresa descobrindo somente no dia anterior à prova que não estudou tudo o quê e como devia.

Quando os contratempos acontecem e comprometem o planejamento, há duas coisas possíveis de serem feitas.

1º - Não fazer nada, deixar como está e no final não estudar uma parte da matéria. Isso é preguiça e vocês sabem, em se tratando de concursos públicos, toda preguiça será castigada.

2º - Pegar o touro pelo chifre, dar um gás nos estudos e colocar os estudos em dia para coincidirem com o planejamento.

Claro que a primeira alternativa é mais fácil, porém tem um custo muito mais alto do que simplesmente colocar a frustração de lado e encarar a longa estrada até o fim.

Já pensando que contratempos não só podem como vão acontecer, costumo usar dois truques quando estou preparando um planejamento de estudos.

Truque 1 – Sempre deixo dois dias sem matérias programadas para estudar, um no meio e um no final. Esses dias livres servirão para acomodar ajustes nos estudos. Se você não deixa dias livres para essa finalidade, simplesmente terá de encontrar outro tempo livre para fazê-lo e eu, sinceramente, nunca estive disposto a abrir mão das minhas 7 horas de sono para isso.

Truque 2 – Classifico as matérias em blocos com níveis diferentes de dificuldade (fácil, normal e difícil). Desse modo, sempre posso encaixar os blocos de matéria no planejamento de estudo, de forma a ter matérias difíceis quando tudo está tranqüilo e estou descansado, matérias normais quando tudo está relativamente ok e matérias fáceis quando o bicho pega.

Resumo da ópera - Não adianta, gente, vida de concurseiro é assim mesmo. Seria ótimo se pudéssemos fazer um planejamento e segui-lo à risca sem nos preocupar de acontecer alguma coisa que tirasse tudo dos trilhos. Mas não é isso que acontece. Contratempos surgem, parentes chegam, o computador quebra, ficamos resfriados, o cansaço bate forte, tudo isso irá, sim, comprometer o planejamento. Porém, se não dá para controlarmos esses fatores externos, podemos controlar o modo como vamos tirar o atraso e colocar os estudos em dia para obedecer o planejamento que fizemos. Quem é aprovado nos melhores concursos está aí para provar que isso vale a pena.