CONCURSEIRO CONVIDADO - Quando a mudança de estratégia não funciona

Passados tantos meses desde o último post, aqui estou de volta, e para falar de assunto bem novo pra mim: lidar com frustrações.

Durante toda a minha vida acadêmica, desde pequetita até hoje, sempre tive uma facilidade enorme pra aprender e tocar a bola. Pegar em livros quando chegava do colégio? Só por prazer. Sempre fui uma leitora compulsiva, graças ao bom Deus. Além disso, ou melhor, exatamente por isso, sempre tive um "desleixo simpático" com provas - elas nunca, jamais, me meteram medo. O máximo que conseguiram foi dar um friozinho no pé da barriga, e mesmo assim umas duas poucas vezes: detestava química e física com todas as forças de minh'alma, antipatia que me levou a renegar seus sortilégios com a convicção de um aiatolá. Ao fim e ao cabo, foram duas quase-recuperações, das quais me salvei com excelentes notas nas últimas provas do ano. Boa aluna, a moça.

No vestibular, tirei de letra e fiz bonito: 4ª colocada no curso de Produção Cultural da Universidade Federal Fluminense, com direito a 10 em Português na fase discursiva. Pontos suficientes pra ter passado muito bem pra cursos "sérios", como Direito e Economia. Mas não choremos o leite derramado; tinha 18 anos recém-completos, um monte de sonhos incríveis e nenhuma idéia do quanto era séria. Mas nunca é tarde.

Vieram o mestrado, o doutorado (que abandonei por total falta de estímulo financeiro e algumas pendengas de saúde) e... voilà!, os concursos. A batalha pra alcançar o cargo público que sempre desejei se anunciava difícil de cara, e trazia no sub-texto algo bem mais dramático: estava chegando o momento em que todas as facilidades pra passar de ano e entrar na faculdade cobrariam o seu preço.

Passar em concurso não é moleza; esse último ano, março-a-março, serviu pra me dar a exata dimensão do fato inconteste. Consegui tranqüilamente algumas classificações, mas daí a ficar numa posição que torne plausível a convocação a médio prazo... só em um único processo seletivo até agora. Claro que estudei absurdamente menos que muitas pessoas que sequer conseguiram classificar-se como eu, culpa daquela falta de vontade e excesso de facilidade lá de trás. Comecei a me sentir mal ao pensar que tanta gente estuda 10, 12 horas por dia pra não conseguir nada, e eu, por me dar ao luxo de não colocar uma "pressãozinha" a mais, não consigo melhores posições nos rankings. A sensação ruim foi crescendo, crescendo... e, como diria Rita Lee, "um belo dia resolvi mudar".

O concurso da CGU, realizado no último domingo, afigurou-se como um "golden dream" pra mim: realizar prova da ESAF, que sempre achei ótima, concorrendo do Rio pra uma vaga em Brasília... o que mais eu poderia querer na vida? Tinha achado o trampolim do sucesso, e pra honrar oportunidade tão... oportuna, iria me virar em 200 Flavias, fazendo o que nunca fiz: estudar mil horas por dia, até a coluna pedir arrego, os olhos doerem, os quilos se acumularem na região do abdômen e a pele ficar tom amarelo-presidiário, como meu pai, horrorizado ao me ver tão esquisita, bem definiu. Foi um tour de force sem precedentes, um delírio, um "eu vou fazer o que tem de ser feito doa a quem doer" - e doeu em mim. Na hora da prova, aconteceu uma situação totalmente nova na minha vida, embora velha conhecida de narrações treouvidas: as mãos tremiam, o coração batia descompassado, mal conseguia ler e interpretar perguntas facílimas - havia um desespero de causa no ar. Ironicamente, recorrer aos expedientes que sempre reneguei levou-me a assumir a "persona" estudantil de quem habitualmente os emprega. Resultado: ao que tudo indica, estou fora do concurso por quatro questões de Português de nível de dificuldade elementar. Quando penso nelas, que errei por excesso de nervosismo e insegurança, pelo "não é possível que seja tão fácil!", sinto ganas de ser tragada pelo chão. A terceira e última "experiência" nova foi chorar de raiva até ficar parecendo um sapo.

Mas passou a ressaca, e dia 27 de abril, finalmente, temos o TJ-RJ. Já escolhi que quem vai fazer a prova é a "Flavia Versão Tradicional", de comprovada eficiência em resultados, com o pequeno diferencial de quem aprendeu na marra que, ao contrário do "Elogio da Traição" de "Calabar", nem sempre o que é bom pra fulano também é bom pra mim.

Flavia C. tem 27 anos, é carioca e também tem um blog que vale ser visitado, é o http://oconcurseirocronica.blogspot.com

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PERGUNTA DO DIA

Alguma vez você já mudou de estratégia de estudo e então descobriu que a mudança não ajudou em nada, até piorou seu rendimento? O que fazer quando a mudança de estratégia não funciona?
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1 Response to "CONCURSEIRO CONVIDADO - Quando a mudança de estratégia não funciona"

  1. Camisa 9 says:

    E ao dia 27/04/2008 ficará marcado! :D

    Parabéns Flávia!!!

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