Concurseiros cometem muitos pecados ao longo de sua luta na guerra dos concursos públicos, os quais têm o poder de atravancar sua vida, tornar a luta mais difícil e a vitória mais demorada e custosa. Alguns pecados são mais danosos que outros, alguns são vistos mais clara e facilmente que outros, e assim por diante.

Hoje vou falar de um pecado do qual grande parte dos concurseiros são vítimas, mas que por parecer menos danoso do que na verdade é, acaba sendo menos evitado e os resultados disso são muito, mas muito prejudiciais. Esse pecado é substimar a necessidade de se estudar interpretação de textos. Calma aí, vamos por partes, como diria nosso bom amigo Jack, o Estripador. Vejamos.

Subestimar (sub- + estimar) v. tr. - Não dar o devido apreço ou valor a alguma coisa ou alguém. Subavaliar.

Interpretação s. f. - Sentido em que se toma o que se ouve ou o que se lê, e que se julga ser o verdadeiro.

Hummm, então substimar um pecado e não dar o devido apreço ou valor a ele, ou seja, subavaliar seu poder danoso. É um problema quando isso acontece, na verdade um problemão.

Interpretação de textos poderia então ser definido como a arte, habilidade e técnica de se “refletir sobre diferentes fatos lingüísticos flagrados em textos orais e escritos; a reconhecer e analisar a variação lingüística em suas diferentes dimensões sócio-históricas como um fenômeno inerente ao uso da língua e determinado pelos fatores que definem as condições de produção de um texto, oral ou escrito; a identificar as relações entre as partes do texto, indicativas de sua organização global, e as estratégias lingüísticas que funcionam para a sua organização local”

O tal do senso comum ilude muita gente, concurseiros ou não, de que interpretar textos é algo fácil e automático para quem sabe ler. Não poderia haver engano maior, e a prova disso está no número de concurseiros sérios que vão bem em tudo na prova menos na parte de língua portuguesa, interpretação de textos incluída, e são desclassificados de concursos públicos por desempenho insuficiente nessa matéria.

Mesmo para quem estuda e pratica interpretação de textos, muitas vezes o bicho pega em um prova quando a banca faz questão de dificultar demasiadamente em algumas questões. E como cada ponto em uma prova de concurso público é precioso e a diferença entre alcançar a tão sonhada posse em cargo público ou ser condenado a continuar estudando, aí que a importância dos pontos oferecidos nas questões de interpretação de textos se tornar ainda maior. Notem também que em muitos concursos públicos há nota mínima para a prova de português, não atingiu essa nota, está eliminado, mesmo que se tenha gabaritado todo o resto.

Só para vocês terem uma idéia da complexidade envolvida na interpretação de textos, leiam com atenção esse trecho abaixo pinçado de uma apostila da matéria:

Considerada a complexidade da leitura, e o sem-número de elementos que interferem em sua realização, não se pode estabelecer uma lista fechada de itens que funcionem como um “programa” de leitura eficaz, mas é possível lembrar alguns procedimentos que podem ajudá-lo a se comportar criticamente diante da escrita:

* procure identificar que tipo de texto você está lendo;
* verifique a ocorrência de variação lingüística e analise-a;
* julgue a adequação do texto à situação em que ele foi empregado;
* identifique as relações entre as partes do texto, que denunciam sua estrutura;
* identifique as estratégias lingüísticas utilizadas pelo autor;
* relacione o texto à cultura da época em que ele foi produzido, comparando-a com a da atualidade;
* identifique termos cujo aparecimento freqüente denuncia um determinado enfoque ao assunto;
* identifique expressões que o remetem a outro texto;
* localize trechos que refletem a opinião do autor;
* identifique traços que permitem relacionar o autor a certos grupos sociais e profissionais ou a correntes ideológicas conhecidas;
* procure evidências que permitem extrair conclusões não explicitadas no texto;
* relacione textos apresentados, confrontando suas características e propriedades.
* posicione-se diante do texto lido, dando sua própria opinião.

Claro que algumas pessoas têm mais facilidade em interpretar textos que outras, assim como alguns tipos de textos e autores são mais facilmente interpretados que outros. Para quem tem mais facilidade, é possível se estudar com menos intensidade a matéria, mesmo assim é impensável deixar seu estudo delado. Agora, para quem tem mais dificuldade com a matéria, o negócio é estudar com muita dedicação e atenção a matéria, se necessário inclusive fazendo um cursinho específico de interpretação de textos.

Até pouco tempo atrás não havia no mercado bons livros que ensinassem interpretação de textos de forma prática e didática o necesário para quem estuda para concursos públicos, a maioria dos títulos era voltado para estudantes do primeiro e segundo graus ou então para cursos superiores de Letras. O bom é que isso tem mudado e bons títulos têm aparecido no mercado, voltados para vestibulares (afinal de contas, interpretação de textos é cobrado pesadamente nos vestibulares mais concorridos do país) e agora para concursos públicos. Um título que uso para estudar a matéria e recomendo é o INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS PARA CONCURSOS - Teoria e 800 questões do Renato Aquino, famoso professor de português no meio concurseiro, um livro muito completo e acessível de estudar, e o melhor é que é especificamente voltado para concursos públicos (inclusive estou vendendo um exemplar novinho desse livro que comprei em duplicata, veja no final desse artigo).

E como estudar essa matéria? Ué, da forma tradicional, estudando a parte teórica (sim, ela existe) e fazendo muitas questões de concursos anteriores. E se você parar para pensar que em muitos concursos públicos mais da metade da prova de português é somente de interpretação de textos, bem, daí, sim, você entenderá a real importância e necessidade de estudar essa matéria com muita seriedade, mas muita seriedade mesmo.

Resumo da ópera - O problema dos pecados cometidos na guerra dos concursos públicos não está em cometê-los, afinal de contas, cometemos a maioria por ignorância de que são pecados. O problema real está em descobrir que são pecados e ainda assim não dar cabo deles, não eliminá-los de sua vida. Um concurseiro que ignora os pecados que anda cometendo em sua luta está fadado a lutar muito mais e demorar também muito mais para obter a vitória. Você quer isso para você?

Charles Dias é o Concurseiro Solitário.

IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.



Amigos concurseiros, essa é a lista dos últimos livros que tenho em duplicata para vender. Todos excelentes títulos que podem, tranquilamente, serem usados para estudar para o concurso do Banco Central. Se você estiver interessado em comprar algum deles, por favor me envie um email para concurseirosolitario@gmail.com

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