Mudança de ares para espairecer um cérebro cansado
Pois bem, o concurseiro deve, então, saber trabalhar esse lado negativo da obsessão pela vitória na guerra dos concursos públicos, compensá-lo, anular seus efeitos negativos. Isso se faz, principalmente, evitando o isolamento. Notem que quando falo isolamento, não me refiro ao concurseiro neurótico que fica trancado o tempo todo no seu quarto estudando, tendo contato mínimo com quem quer que seja. Não, refiro-me também a um isolamento mais sutil, o isolamento dentro de um mesmo círculo de amizades (ter apenas amigos concurseiros). Se você tem contato em grande parte apenas com outros concurseiros, então estará isolando-se e também furtando-se da oportunidade de ventilar os gases tóxicos da obsessão concurseira que é proporcionado com o contato com pessoas e atividades que nada têm a ver com concursos públicos.
Ontem foi feriado na cidade onde moro, um feriado municipal. O que fiz nesse dia? Acompanhei minha namorada a São Paulo para um dia de compras e bate perna atrás de roupas, itens de decoração e tal. “Andei pior que notícia ruim” como se diz por aqui, mas foi compensador. Essa mudança de ares me ajudou imensamente a ventilar minha rotina. É mais ou menos como trabalhar dentro de uma garagem onde há uma moto ligada que aos poucos vai saturando o ar com monóxido de carbono do escapamento e então, um belo dia, desligar a moto, abrir todas as portas da garagem para o ar circular e sair para dar um passeio no parque que durou o dia todo.
Todo concurseiro sério deve fazer isso de vez em quando. Não é algo aconselhável de se fazer, é necessário e ponto final. Não adianta nada ficar naquela neura de que é preciso estudar vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, o ano todo. Calma, gente, que a guerra dos concursos públicos é uma guerra de atrito, longa, desgastante, onde a estratégia de médio e longo prazo que são os personagens principais. Já conheci alguns concurseiros que entraram de cabeça nos estudos, parando apenas para comer e dormir, mas conseguiram levar essa vida no máximo um ano antes de caírem doentes ou em depressão, que não deixa de ser também uma doença.
Nesse ponto acho que muitos concurseiros que escrevem dicas e métodos de estudo para concursos públicos pecam, proclamando que é preciso estudar todo e qualquer minuto disponível. Assim pode-se até estudar com seriedade, mas não com responsabilidade. É como disse um professor de cursinho numa palestra que assisti relatando o caso de uma aluna dele que foi aprovada em um dos primeiro lugar de um concurso nacional muito disputado, mas que rodou no exame de saúde porque não se cuidou durante o período em que estudou, “concurseiro morto não toma posse”.
Resumo da ópera – Respeite os limites do seu corpo e do seu cérebro, mesmo porque eles existem independente da sua gana de vencer logo a guerra dos concursos públicos e ser empossado. Vão por mim, não a nada melhor para os estudos que um dia por mês de folga não-programada fazendo coisas que não tenham nada a ver com concursos públicos, é um santo remédio.
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CLIPE DO DIA
Em apresentação recente do The Marcels, seu maior sucesso e clássico dos anos 60 "Blue Moon".
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