Se é para dar apenas um conselho ...
10:16
Concurseiro Solitario
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6 Comments
Há alguns anos decidi que estava na hora de morar um tempo fora do país, para expandir meus horizontes culturais e vivenciais. Lá fui eu para os Estados Unidos. Cheguei em Nova York em novembro e somente voltei para o Brasil quatorze meses depois em um vôo Los Angeles – São Paulo. Nesse meio tempo atravessei o país, morei aqui e ali, trabalhei em um monte de coisas.
Uma das experiências que mais me marcaram nas terras do Tio Sam foi justamente em minha estada na Califórnia, quando trabalhei como membro da equipe de suporte de um ciclista famoso durante uma prova que cruzava o estado de ponta-a-ponta. Meu trabalho era organizar a bagunça que ficava depois das paradas, algo que eu fazia muito bem, diga-se de passagem.
A equipe tinha duas vans, uma que ia à frente do ciclista para montar as paradas e outra que o acompanhava de perto. Eu geralmente seguia com a primeira van, mas um dia me deixaram ficar na segunda. Pode parecer chato, mas é muito interessante acompanhar um atleta profissional durante toda sua jornada de esforço em direção à vitória.
No meio da tarde daquele dia, um calor danado e um solzão de rachar côco, chegamos a uma subida. Não era uma subida íngreme, mas era longa, muito longa. Para os ciclistas essas são as piores subidas, pois exigem muito mais esforço contínuo que as subidas íngremes e curtas. Nesse ponto nosso atleta era acompanhado de perto por três outros competidores.
No início da subida todos os ciclistas estavam inteiros e pedalavam com tranqüilidade, como deveria ser em uma competição de longa duração como aquela. O técnico, que estava ao meu lado, comentou então que na verdade todos já estavam um pouco preocupados com o esforço extenuante que tinham a sua frente e que era ali, muitas vezes, que alguns competidores já desistiam de cara, ao considerarem o desafio muito maior que eles.
No primeiro quarto da subida já dava para notar o esforço como uma leve sombra no ânimo dos competidores, o ritmo de subida continuava forte, mas a tensão nos músculos já era visível. O técnico disse que naquele ponto muitos competidores cometiam um erro imperdoável, de querer sair na frente dos outros, o que os condenaria a ficarem sem energia para terminar a subida.
Na metade da corrida, um dos competidores já tinha ficado para trás, mas mesmo com um ritmo menor, continuava pedalando. Outro dos competidores já apresentava sinais de que estava prestes a também diminuir o ritmo, enquanto o atleta da nossa equipe continuava pedalando firme. Mais uma vez o técnico, cara muito gente boa, me disse que naquele ponto que se via se a estratégia do atleta, pois muitos preferiam diminuir um pouco o ritmo para no final da subida dar um gás e tentar ganhar posições. “E também tem aqueles que não estão bem preparados e se poupam na subida para poderem ter energia nos terrenos mais planos que exigem menos esforço”.
No terceiro quarto da subida apenas dois atletas continuavam na frente pedalando forte, o da nossa equipe e outro de uma equipe competidora. Era visível na expressão dos dois que a subida a ritmo puxado estava cobrando seu preço. Os outros competidores estavam mais atrás, mais espaçados uns dos outros, conscientes de que aquela disputa não era para eles. “Agora a coisa complica para quem fica na frente. O atleta tem de saber quando insistir e quando desistir, porque não adianta chegar na frente numa subida, mas se acabar e não conseguir terminar bem a corrida” comentou o técnico.
No finalzinho do morro, quando não faltavam mais que duzentos metros para o topo, o atleta da equipe competidora resolveu que estava na hora de fazer a diferença e fez seu melhor. Nosso atleta deu de aceitar o desafio, mas se conteve e continuou pedalando no mesmo ritmo. Então terminou o morro ... não terminou o morro. O que víamos ao longo da subida era um falso cume, na verdade havia uma curvinha aberta e lá na frente mais um aclive, dessa vez dos fortes, que levava ao verdadeiro cume. “Agora é a hora da verdade” felicitou o técnico. Enquanto nosso atleta teve energia suficiente para tirar de letra a subida final, ao atleta competidor que o tinha ultrapassado não havia mais que alguns minutos faltou fôlego.
Quando finalmente chegou a descidona, daquelas que “todo santo ajuda”, o atleta da nossa equipe estava isolado na frente do grupo, feliz da vida.
Se for para dar apenas um conselho para vocês, colegas concurseiros, seria o mesmo que extraí dessa experiência de vida ... ESTRATÉGIA É TUDO, inclusive para estudar para concursos públicos. É preciso saber quando manter, diminuir ou aumentar o ritmo, é preciso ter noção de que a corrida é longa, de que o esforço necessário é grande e de que se não lutarmos com estratégia, a vitória tardará a chegar.
Gente, hoje é meu último dia aqui no blog. Foi um prazer escrever para vocês e espero, realmente, que as dicas que lhes dei possa ajudá-los a alcançar sua tão desejada posse em cargo público. Boa sorte para todos!
RESPOSTA PARA UMA PERGUNTA DE LEITORA DO BLOG
“Veja se eu entendi: o mata-mata é quando se erra a questão, né?!
se eu não responder uma questão, não perderei um acerto?” – Enviada por Cinthia Silva
Exato, menina. Deixou a questão em branco, não perderá acerto. Aí, justamente, que está o segredo para lidar com a CESPE, não tem 100% de certeza da resposta, deixe em branco.
Uma das experiências que mais me marcaram nas terras do Tio Sam foi justamente em minha estada na Califórnia, quando trabalhei como membro da equipe de suporte de um ciclista famoso durante uma prova que cruzava o estado de ponta-a-ponta. Meu trabalho era organizar a bagunça que ficava depois das paradas, algo que eu fazia muito bem, diga-se de passagem.
A equipe tinha duas vans, uma que ia à frente do ciclista para montar as paradas e outra que o acompanhava de perto. Eu geralmente seguia com a primeira van, mas um dia me deixaram ficar na segunda. Pode parecer chato, mas é muito interessante acompanhar um atleta profissional durante toda sua jornada de esforço em direção à vitória.
No meio da tarde daquele dia, um calor danado e um solzão de rachar côco, chegamos a uma subida. Não era uma subida íngreme, mas era longa, muito longa. Para os ciclistas essas são as piores subidas, pois exigem muito mais esforço contínuo que as subidas íngremes e curtas. Nesse ponto nosso atleta era acompanhado de perto por três outros competidores.
No início da subida todos os ciclistas estavam inteiros e pedalavam com tranqüilidade, como deveria ser em uma competição de longa duração como aquela. O técnico, que estava ao meu lado, comentou então que na verdade todos já estavam um pouco preocupados com o esforço extenuante que tinham a sua frente e que era ali, muitas vezes, que alguns competidores já desistiam de cara, ao considerarem o desafio muito maior que eles.
No primeiro quarto da subida já dava para notar o esforço como uma leve sombra no ânimo dos competidores, o ritmo de subida continuava forte, mas a tensão nos músculos já era visível. O técnico disse que naquele ponto muitos competidores cometiam um erro imperdoável, de querer sair na frente dos outros, o que os condenaria a ficarem sem energia para terminar a subida.
Na metade da corrida, um dos competidores já tinha ficado para trás, mas mesmo com um ritmo menor, continuava pedalando. Outro dos competidores já apresentava sinais de que estava prestes a também diminuir o ritmo, enquanto o atleta da nossa equipe continuava pedalando firme. Mais uma vez o técnico, cara muito gente boa, me disse que naquele ponto que se via se a estratégia do atleta, pois muitos preferiam diminuir um pouco o ritmo para no final da subida dar um gás e tentar ganhar posições. “E também tem aqueles que não estão bem preparados e se poupam na subida para poderem ter energia nos terrenos mais planos que exigem menos esforço”.
No terceiro quarto da subida apenas dois atletas continuavam na frente pedalando forte, o da nossa equipe e outro de uma equipe competidora. Era visível na expressão dos dois que a subida a ritmo puxado estava cobrando seu preço. Os outros competidores estavam mais atrás, mais espaçados uns dos outros, conscientes de que aquela disputa não era para eles. “Agora a coisa complica para quem fica na frente. O atleta tem de saber quando insistir e quando desistir, porque não adianta chegar na frente numa subida, mas se acabar e não conseguir terminar bem a corrida” comentou o técnico.
No finalzinho do morro, quando não faltavam mais que duzentos metros para o topo, o atleta da equipe competidora resolveu que estava na hora de fazer a diferença e fez seu melhor. Nosso atleta deu de aceitar o desafio, mas se conteve e continuou pedalando no mesmo ritmo. Então terminou o morro ... não terminou o morro. O que víamos ao longo da subida era um falso cume, na verdade havia uma curvinha aberta e lá na frente mais um aclive, dessa vez dos fortes, que levava ao verdadeiro cume. “Agora é a hora da verdade” felicitou o técnico. Enquanto nosso atleta teve energia suficiente para tirar de letra a subida final, ao atleta competidor que o tinha ultrapassado não havia mais que alguns minutos faltou fôlego.
Quando finalmente chegou a descidona, daquelas que “todo santo ajuda”, o atleta da nossa equipe estava isolado na frente do grupo, feliz da vida.
Se for para dar apenas um conselho para vocês, colegas concurseiros, seria o mesmo que extraí dessa experiência de vida ... ESTRATÉGIA É TUDO, inclusive para estudar para concursos públicos. É preciso saber quando manter, diminuir ou aumentar o ritmo, é preciso ter noção de que a corrida é longa, de que o esforço necessário é grande e de que se não lutarmos com estratégia, a vitória tardará a chegar.
Gente, hoje é meu último dia aqui no blog. Foi um prazer escrever para vocês e espero, realmente, que as dicas que lhes dei possa ajudá-los a alcançar sua tão desejada posse em cargo público. Boa sorte para todos!
RESPOSTA PARA UMA PERGUNTA DE LEITORA DO BLOG
“Veja se eu entendi: o mata-mata é quando se erra a questão, né?!
se eu não responder uma questão, não perderei um acerto?” – Enviada por Cinthia Silva
Exato, menina. Deixou a questão em branco, não perderá acerto. Aí, justamente, que está o segredo para lidar com a CESPE, não tem 100% de certeza da resposta, deixe em branco.
El Bigodon!
Não vá emboraaaaa!!! Fiqueee!
Aprendi muito mais com vc, pode ter certeza!
Espero que volte sempre e nos brinde com suas experiências!
Bjo grande!
Fabi Pacheco
Concurseira de Plantão
Gostei do texto de hoje.
Os atletas têm muito a ensinar aos concurseiros.
Raquel Solitária
ahh num quero que vc vá embora não amei seus artigos... bem que vc poderia voltar ao menos nos fins de semanas ou feriados hihi mas volteeee...
Bom, é meu primeiro dia no blog e eu tenho que dizer que fiquei impressionado com a qualidade dos textos de vocês. É realmente uma pena eu estar chegando e você indo, espero que voce faça suas participações especiais de vez em quando, pois esse texto de cara já me deu uma noção muito melhor de como estudar.
Parabens à toda equipe do blog e ao autor do topico.
Abraços
Fechou sua participação nesse Blog com chave de ouro ... AMEI a matéria "Se é para dar apenas um conselho ..." e para quem já começou a competir/estudar sabe exatamente a que se referia ...
Meu desejo de sucesso pra você, sempre!
Um grande abraço,
Andreza Lopes
(fãzaça do Blog)
Já Bigódon?
Foi pouco tempo, mas foi um excelente tempo!!!
Excelente postagem viu!
Demais mesmo!
Estrategy...é tudo nessa vida.
Quem não aprendeu com o filme 300?
Bons estudos