Sem condições

Tenho um amigo que não estuda costumeiramente para concursos. A mãe dele é amiga da minha e, vejam só, pediu para eu dar umas orientações para ele. O rapaz é recém-formado na área de engenharia. Ele trabalha na iniciativa privada, mas é mal remunerado.

Lá fui eu dar uma passadinha na casa deles. Eu já desconfiava de que perderia meu tempo, mas tinha que fazer a minha parte. Afinal, aquela era uma amiga muito estimada da minha mãe.

Cheguei lá, o rapaz me ouviu, mas foi muito resistente. Só sabia me questionar com perguntas inúteis do tipo: “como você vai me ajudar se você ainda não está trabalhando?”. Aff, Maria! Eu precisei contar-lhe as minhas aprovações em cadastros de reserva e explicar o que era aquilo. Nada contra explicar, pois ninguém nasce sabendo dessa peculiaridade dos concursos.

Aí, eu tive que gastar o meu latim pra fazê-lo entender que vale a pena fazer concurso para cadastro de reserva. Disse a ele que o cadastro não impede a Administração Pública de nomear de imediato e que possibilita a não limitação de convocações também. Ele não aceitou muito bem. Que eu posso fazer? Paciência!

Aí, o rapaz disse que eu era louca por querer algo assim. Bem, eu posso ser louca, mas eu sou maluca mesmo pelo cargo no qual desejo me empossar. Ele, por sua vez, continuou se mostrando desinteressado porque disse que serviço público, na concepção dele, é algo moroso e digno de paletós pendurados na cadeira. Meu Deus, quanta desinformação! Essa concepção ficou no passado, caros leitores. Charles Dias, Jerry Lima, Flavia Crespo, Tiago Gomes sabem bem disso.

Lá fui eu explicar como o setor público tem se modernizado, profissionalizado e, até mesmo, tem proposto novos desafios. Acreditam que nem assim ele se animou? Disse que queria fazer o que gosta. E mais: que só faria concurso quando tivesse certeza de que entraria, se soubesse a matéria, se gostasse do trabalho, se o salário fosse bom, se eu soubesse que será chamado e quando não for cadastro de reserva. Nossa, quantas condições! Ele estava com uma tremenda má vontade para fazer concurso.

Eu disse a ele que essas condições todas juntas são imprevisíveis e que são quase impossíveis de acontecerem concomitantemente. Enfim, percebi que ele não quer realmente apostar nisso. Bem, fiz minha parte e fui para a minha casa.

O rapaz prestou concurso porque a mãe dele ficou no pé, obrigando-o a estudar durante um mês para um concurso que aconteceu em nível federal. Ele estudou direitinho durante tal período. O mais engraçado é que ele ficou em 3º lugar e a questão discursiva dele foi selecionada para ser corrigida.

Antes que muitos leitores se comparem com ele e sintam raiva por estarem nessa luta há anos, saibam que cada pessoa possui uma história de vida. Cada carreira comporta suas peculiaridades. A dele não estava assim tão concorrida. Sorte dele!

RESUMO DA ÓPERA – não imponha muitas condições, esforce-se ao máximo e deixe a vida seguir seu curso. Em algum momento, seja qual for a sua opção de carreira, seja ela pouco ou muito concorrida, tenha facilidade ou não, a vida lhe surpreenderá. Aposte em você mesmo(a).

RAQUEL MONTEIRO é uma legítima concurseira carioca.

IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um(a) revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos. 
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