Para Ser Diplomata – Parte 1

Hoje inicio uma série de artigos sobre o Concurso de Admissão à Carreira Diplomática (CACD). Nos três textos, abordaremos diferentes aspectos do certame. Se você, leitor, quiser se interar sobre o tema antes da leitura, sugiro que veja dois artigos sobre diplomacia que publiquei aqui no CS. Aí vão os links:

http://concurseirosolitario.blogspot.com/2011/01/analise-de-edital-diplomacia-2011.html

http://concurseirosolitario.blogspot.com/2009/02/diplomacia-comme-il-fault.html

Hoje vamos falar sobre as peculiaridades do concurso para diplomacia. De saída, digo que são muitas, já que o concurso, assim como a carreira, é singular. O CACD tem uma dinâmica própria, e quem quer realmente chegar à aprovação precisa ter isso em mente desde o princípio. Por isso eu sempre acho no mínimo curioso ver alguém fazer o CACD “no varejo”. As razões para eu pensar assim?

Existem carreiras que se encaixam no seu estilo de vida; existem carreiras que condicionam seu estilo de vida. Preciso dizer a qual categoria pertence a diplomacia? Há um tempo, conversando com um rapaz que supostamente desejava ser diplomata, ouvi a seguinte pergunta: “Mas não dá pra fazer o concurso e ficar trabalhando pra sempre no Palácio Itamaraty aqui no Rio? É que eu me separei e não quero ficar longe do meu filho!” Pensei que ele estava brincando. Se a função precípua de um diplomata é representar seu país mundo afora, como ele poderia fazer exatamente o contrário? Com todo o respeito pelas circunstâncias da vida de cada um, se você quer ser diplomata, mas não está disposto a viver como um... é melhor escolher outra carreira.

No meio concurseiro, há umas máximas que considero temerárias. Uma delas, sem dúvida, é a de que fazer concursos “cascudos” é bom para exercitar a “musculatura”. Não concordo, não. Ao contrário do que muitos pensam, o CACD, por exemplo, não te “treina” para fazer outros concursos. Ok: talvez a prova de Português até possa exercer essa função, mas cá pra nós: menos de 20 questões de múltipla escolha não valem 150 reais de inscrição! As matérias são muito específicas e não há nenhum concurso que se assemelhe a ele. Se o CACD vai te deixar mais malandro pra um concurso, este é o próprio CACD.

Desde 2006 eu não me inscrevia no CACD. O motivo é simplíssimo: pra quê torrar meus suados reais, se não estava preparada nem empenhada em passar? Nesse meio-tempo, tive como projeto (realizado!) ser aprovada num concurso para ser servidora pública federal. Em 2011, já trabalhando e com a vida mais tranqüila, voltei a fazer o CACD. Quando entrei na sala, vi que a freqüência não havia mudado muito: metade dos candidatos se conhecia de cursos preparatórios e comunidades em redes sociais, enquanto a outra metade estava totalmente perdida. Pra variar, encerrada a primeira hora de prova, a ala dos “perdidos” saiu de fininho da sala, com aquela cara de quem viu fantasma.

Não, meu caro leitor: o CACD não é um bicho de sete cabeças, e muito menos eu quero te desestimular a tentá-lo. Mas imagine a situação: o sujeito se forma em Direito ou Administração e resolve virar concurseiro. Na esteira dos muitos concursos pra nível superior em que ele se inscreve, resolve fazer o CACD. Qual a dificuldade? Geografia e História ele estudou no colégio; Português, Direito e Economia caem no outros concursos; Inglês tá no papo; Política Internacional é tranqüilo pra quem é razoavelmente bem informado. Aí chega o dia da prova... e ele vê que a coisa não é bem assim. As perguntas são escritas com base numa bibliografia específica que não necessariamente coincide com aquilo que ele já estudou ou leu, tanto em termos de conteúdo quanto de opinião ou profundidade. A diferença entre o difícil e o fácil, bem sabemos, é o seu nível de preparação para enfrentar uma determinada situação.

RESUMO DA ÓPERA - Prestar um concurso com características tão específicas quanto as do CACD requer conhecimento prévio, dedicação e, principalmente, seriedade. O melhor de tudo é que, dentre as peculiaridades do CACD, tem uma que é muito bacana: ele acontece todo ano, desde os anos 40 do século passado. Se não deu pé em 2011, 2012 já está batendo à porta!

CONTINUA SEMANA QUE VEM

FLÁVIA CRESPO é servidora pública federal e continua estudando para ingressar na diplomacia.

IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um(a) revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.

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