Títulos acadêmicos não garantem emprego


A cada dia fica mais evidente a realidade do ensino superior no Brasil. Os estudantes terminam o ensino médio, se esforçam para entrar numa boa universidade e, logo após a formatura, percebem que “o buraco é bem mais embaixo”.

Comigo não foi diferente. Sempre fui boa aluna no colégio, terminei o ensino médio cedo e em seguida ingressei em uma boa universidade pública. Ao terminar a graduação logo vieram cobranças como “Se formou? Parabéns! E agora?”. Sem perspectivas de emprego, enganei a mim mesma com o argumento de que o melhor caminho a seguir seria a carreira acadêmica. A pesquisa científica ainda hoje me atrai, não posso negar, mas naquele momento eu já sabia que esse caminho não me livraria do desemprego batendo à minha porta. Ingressei no mestrado com uma bolsa do governo (que dava apenas para as despesas pessoais) e finalizei os dois anos pesquisa com os louvores da banca examinadora.

Mas novamente surgiu o velho conhecido “E agora?”. No finalzinho do mestrado prestei um concurso para professor assistente (que exige apenas mestrado) e me deparei com um cenário cada dia mais real: boa parte dos concorrentes tinha doutorado e alguns até pós-doutorado! Sim, existem muitos pós-doutores desempregados no Brasil, vivendo de bolsa em bolsa. Além disso, nos sete, oito anos de dedicação à pesquisa (período suficiente para realizar mestrado, doutorado e pós-doutorado) o pesquisador adquire bolsas que não oferecem nenhum direito trabalhista. Resultado: o profissional chega aos 30, 32 anos com a carteira de trabalho em branco. A realidade é que a vida de pesquisador brasileiro está muito longe da realidade das pesquisas na Europa e nos Estados Unidos.

E foi neste momento que eu tomei a decisão mais difícil da minha vida. Larguei tudo pra virar concurseira. Foi bem difícil, pois apesar de tudo, eu gosto de desenvolver projetos de pesquisa, pôr ideias em prática e ver o trabalho reconhecido. Ainda tenho vontade de fazer o doutorado, mas dessa vez eu penso diferente: é justo viver de bolsa por mais quatro anos e depois voltar ao velho “E agora?”.

Atualmente há um número grande de acadêmicos, do alto de sua pilha de diplomas, que trocariam seus títulos por um bom emprego de nível médio, que muitas vezes possuem remuneração e condições de trabalho melhores do que aquelas oferecidas em muitas universidades, principalmente as particulares, que pagam um salário bem injusto para aqueles que dedicaram uma vida inteira à academia.

Hoje posso dizer estou aprendendo a não ter pressa. Estudo para concursos há cerca de seis meses e sei que tenho uma longa estrada a trilhar, muitos obstáculos a superar, muitas críticas a ouvir.

RESUMO DA ÓPERA - Tenho orgulho de ter tido a humildade de deixar meus títulos de lado e voltado no tempo para estudar assuntos do colégio exigidos nos concursos de nível médio e superior. E se alguém perguntar minha profissão, direi “Sou concurseira, com muito prazer”.

MARIA CUNHA é uma concurseira que sabe que é sábio ser humilde quando o assunto é estudar para concursos públicos.

IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um(a) revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.

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