Debate vocacional

Hoje eu responderei mais uma dúvida enviada via Twitter. Mas dessa vez não sozinha. A, também articulista e legítima concurseira carioca, Raquel Monteiro, me ajudará nessa empreitada.

“Paula, você tem certeza do que quer (nos estudos)? Ando meio confusa com relação a isso. Me formo em Letras no final do ano, mas sempre fui apaixonada pelo Direito (vou ingressar no curso no início do ano que vem). As opções são muitas, eu sou uma só hahhahaha! Essa dúvida tá me deixando louca! Aff...Amo as Forças Armadas, a minha área é a militar, disso eu sei. Só não sei com que curso (Letras ou Direito) prestar concurso”.

Querida leitora,

Eu confesso a você que demorei muito para entender e ter certeza de várias coisas em minha vida. E te confesso também que já estive em um dilema parecido com o seu.

Isso porque eu ingressei na faculdade de Direito com 17 anos, e aos 19 tive muitas dúvidas quanto à minha vocação profissional, a ponto de até fazer a inscrição para o vestibular de Psicologia, da mesma Universidade.

Desisti e não fui fazer a prova. Por quê?

Porque nesse meio tempo eu descobri, no ímpeto da Juventude que quer mudar o mundo – quase romântica - que eu só poderia mudar o meu (mundo) a partir do Direito.

E embora eu ache o curso de Psicologia lindíssimo (cursei Psicopatologia Forense nos dois primeiros anos da faculdade de Direito como matéria eletiva – aluna especial), e entenda que o sistema educacional brasileiro não pode exigir que uma “criança” de 17 anos defina toda sua vida de pronto, no final, acabei entendendo que o Direito seria mesmo minha vocação. De forma livre, mas sem perder a consciência crítica.

Contudo, não há nada de errado em querer mudar o foco de atuação.

Em compreender, a partir de uma abordagem crítica de si mesmo, que a melhor maneira de viver bem com o trabalho escolhido é justamente mudá-lo. Isso deve estar claro. Não há certezas absolutas quando se trata da própria vida, caríssima leitora. Somos livres para mudar nossos olhares e atuação sempre que desejarmos.

Pois bem.

A leitora cursa Letras, é apaixonada pelo Direito, e ama as Forças Armadas.

E seria tudo isso contraditório?

De modo algum!

Você deve saber que cursando Letras você pode participar, sim, de certames públicos voltados para o provimento de cargos ligados às Forças Armadas.

Seguem as observações da Raquel Monteiro

Cara leitora, vou fazer um link com uma mensagem de um outro leitor do blog e vou responder à sua dúvida e a deste leitor. Afinal, esse também veio perguntar sobre forças armadas e, pelo visto, a questão de fundo é vocacional.

Veja o e-mail dele:

“Raquel,

Farei o concurso da marinha, quadro técnico. Quanto ganha um primeiro tenente da marinha? Se eu abandonar a instituição um ano depois do curso de formação, tenho que ressarcir o comando?

Obrigado”

A questão vocacional, no que toca o momento de escolher uma carreira e, até mesmo, a escolha um segmento da carreira pública para seguir sempre foram temas muito abordados aqui no blog. Estamos sempre atentos a isso.

Realmente, é muito importante escolher a própria profissão tendo em vista não somente os gostos pessoais, mas considerando a questão da subsistência também. Afinal, a gente vai viver como? A não ser que se tenha outras fontes de renda, esse ponto é vital para se ter uma vida tranquila. Sou dessa opinião.

De outro lado, não considero também recomendável escolher um segmento somente em razão da remuneração. Fala-se isso porque uma escolha mau feita pode trazer muita infelicidade. Imaginem-se tendo que trabalhar todos os dias com algo que detestem fazer? Há pessoas que até adoecem com isso. Conheço uma mulher que passava mal TODOS OS DIAS no caminho para o trabalho! Ela somatizou a questão. Felizmente, depois ela mudou de emprego e, com isso, náuseas e dores de cabeça frequentes desapareceram.

Agora, trazendo esse debate para a carreira das Forças Armadas, enfatizo que é preciso gostar muito da carreira para nela ingressar. Afinal, trata-se de uma profissão muito singular, que preconiza uma hierarquia e uma disciplina muito firmes. Alguns consideram um estilo de vida formidável (eu me incluo nesse grupo); outros detestam.

Quando se detesta a profissão das armas, considero melhor nem mesmo começar a estudar para esse concurso. Digo isso porque é mesmo muito difícil passar nesses concursos da Marinha, Exército e Aeronáutica. Eu mesma tenho me esforçado muito há anos, mas ainda não consegui. Quando eu chegar lá, será por puro amor a essa carreira. É esse sentimento que me mantém estudando com muita dedicação.

Considero um contrassenso querer se esforçar tanto para ingressar nas forças armadas e querer sair um ano depois. Não vejo sentido em estudar tanto para nada. Além disso, a União terá gastos com você. Lembre-se de que a União é custeada pelos tributos que todos nós pagamos. Seria um desperdício fazer isso. Melhor estudar para algo que deseje verdadeiramente.

Agora, tratando das opções de carreira para ingressar em uma das 3 forças, posso lhes dizer que são muitas! As vagas podem não ser tão numerosas e não serem oferecidas todos os anos, mas há muitas opções. Nem só de Direito vivem as forças armadas. Aliás, o segmento jurídico é apenas uma das opções.

O Quadro Técnico da Marinha oferece vagas para: Direito, Economia, Administração, Letras, Pedagogia, Serviço Social, Ciências Contábeis, Informática, História, Estatística, Psicologia, Educação Física, Segurança do Tráfego Aquaviário. Ainda há o Corpo dos Engenheiros com muitas opções de Carreira. Existe o Quadro dos Capelães Navais: padres e pastores. Há o Corpo de Saúde: médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, dentistas, farmacêuticos, fonoaudiólogos, nutricionistas.

No Exército, há vagas para Veterinários. Na FAB, há vagas para Terapeutas Ocupacionais. Lá, há divisão para psicologia clínica, educacional e organizacional. Quanto a essa última força, segue o link com o Guia das Profissões oferecidas:


RESUMO DA ÓPERA - Como dizia José Saramago “Não tenhamos pressa. Mas não percamos tempo”. Essa frase se aplica a você, caríssima leitora. Não se pressione tanto para descobrir suas certezas particulares, mas não deixe de refletir.

ANA PAULA DE OLIVEIRA MAZONI é concurseira por vocação, e RAQUEL MONTEIRO é a legítima concurseira carioca.

IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um(a) revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.

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