Vida de concurseiro canhoto

Recentemente, li no shoutbox o desabafo de uma concurseira que estava bem chateada por ser discriminada por ser canhota. Aí, lembrei da minha vida e resolvi escrever sobre o tema, pois também sou canhota.

Antes de falar do assunto, vamos derrubar os clichês. Canhoto não é sinistro, pois apenas escreve com a mão esquerda. Não é deficiente físico, muito embora os portadores de necessidades especiais mereçam todo o respeito. Canhoto pode ter letra bonita e legível, pois a minha é. Por fim, não somos mais criativos ou mais inteligentes que os destros. Somos pessoas normais que escrevem com a mão direita.

Bem, nas provas que fiz, nunca passei por nenhum dissabor por ser canhota. Isso porque, hoje em dia, as salas já estão com carteiras para pessoas como eu. Às vezes, eu preciso pedir, como por exemplo na prova de Analista da Defensoria Pública da União em que o CESPE escolhera previamente meu assento. Contudo, eu fui atendida e não tive grandes problemas.

Na maioria dos cursos preparatórios para concursos é que o problema aparece. Os donos dos estabelecimentos se preocupam com ar-condicionado, com quadro branco, mas esquecem dos canhotos. Acham que somos minoria. Bem, não sei se somos, pois eu sempre tenho que disputar uma carteira apropriada com outro canhoto. Ou então, eu sou obrigada a usar duas carteiras e rezar para não ter a sala lotada, precisando ceder o lugar.

O único dissabor porque passei foi na época do vestibular, em 1999. Vamos dar um desconto porque foi há muito tempo. Eu fui fazer prova da UFRJ e não havia carteira para mim. Eu fui obrigada a fazer a prova toda torta e fiquei com muitas dores nas costas. Nesse dia, fui orientada pelo fiscal para telefonar para a universidade e pedir uma carteira para mim.

O desagradável foi ouvir da pessoa que me atendeu ao telefone que, se eu era deficiente física, eu deveria ter mencionado isso no momento da inscrição. Bem, eu expliquei-lhe que não era portadora de necessidades especiais e que não precisaria concorrer a essas vagas. O que importa é que, na semana seguinte, eu consegui a carteira. Eu fiz a prova.

Bem, o objetivo desse artigo é pedir para que os donos de cursos preparatórios pensem no conforto de todos os seus alunos. Se todos são pagantes, sejam eles canhotos, destros, portadores de necessidades especiais, que lhes proporcionem o conforto e o respeito que merecem.

Imploro para que as organizadoras de concursos tratem as pessoas com isonomia, mas levando em conta a proporcionalidade de seus atos de acordo com as circunstâncias. Não adianta tratar os desiguais igualmente, pois estar-se-á cometendo uma brutal injustiça. Por isso, devemos ter carteiras para canhotos. Ou então, para resolver o problema, aquela mesa grande que serve para todos.

Resumo da Ópera – Reitero que o canhoto não é diferente de ninguém. Porém, ainda que fosse, mereceria respeito. Aliás, todos merecemos respeito!

RAQUEL MONTEIRO é uma legítima concurseira carioca.

IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um(a) revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.

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