Os concurseiros e o TDA-H

Olá, concurseiros! Outro dia, enquanto o carnaval rolava, eu vi o comentário de uma leitora que não podia passar despercebido. Ela dizia:

'Bem, se serve de "consolo", passo pelo mesmo problema mas com um plus: tenho déficit de atenção (TDA/H).
Uma parte do meu cérebro quer muito, e a outra não consegue executar! É exatamente aquilo que vc disse, você tenta, tenta e tenta estudar, mas parece que algo te impede...
Só que esses dias são a regra pra mim, raro é o dia em que consigo ótima concentração e aproveitamento.
Cada um tem desafios pessoais a serem superados!
O importante é manter o foco na perseverança e não nos problemas!
Força na peruca!!!'

Assim como ela, alguns estudantes e profissionais passam por esse tipo de problema. E eu, conhecendo a situação, não poderia deixar de trazer informação a outros concurseiros que sofrem, mas não sabem porquê. Quero trazer-lhes alento.

Quando li, imediatamente me lembrei do caso de uma amiga muito próxima. Ela me relatou ter sido diagnosticada recentemente com tal distúrbio: TDA-H (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Para quem ficou pasmo ao ler isso, saiba esse é um problema de saúde mental. Eu também fiquei impressionada quando ela me contou!

A minha amiga não quis se identificar porque, uma vez, contou a outras pessoas conhecidas e eles a trataram com muito preconceito, desde então. Isso é fruto do folclore e do desconhecimento, infelizmente. Vamos chamá-la de Phoenix.

Phoenix não sabia que tinha tal problema, mas sabia que existia algo diferente no seu jeito de ser. Ela era muito agitada, gostava muito de falar e o fazia muito rápido. Eu ficava tonta quando conversávamos. Com isso, procurou alguns médicos que começaram a tratá-la com remédios que nada tinham haver com o real problema dela. Ocorre que, um dia, vendo uma entrevista com a médica Ana Beatriz B. Silva suspeitou que pudesse ter TDA-H.

Bem, ela sempre foi uma aluna regular, mesmo estudando muito. Phoenix se esforçava muito e precisava estudar muito mais que a maioria dos amigos de classe. Apesar disso tudo e diversas tentativas, conseguiu ingressar em um vestibular super concorrido. Não sem antes ouvir de muitas pessoas que ela "não foi feita para os estudos".

À medida que as responsabilidades da vida estudantil e profissional foram aumentando, ela foi se vendo para trás. Viu seus amigos logo se formarem, arrumar empregos na iniciativa privada, mas ficou para trás. Ela foi ficando cada vez mais frustrada e deprimida, pois ela queria muito alcançar os objetivos normais que todo jovem deseja, mas sua mente sempre a traía.

A traição que o cérebro dela fazia consigo mesma estava em não conseguir prestar a atenção ao que lia, chegar ao fim de uma página e já ter esquecido do que lera no início, ler pulando frases e palavras. Fora que ela nunca conseguia ser pontual em seus compromissos e era incapaz de terminar uma tarefa.

Quando estudamos juntas, eu frequentemente a via com a mente divagando, mesmo sentando à primeira carteira, na sala de aula. E eu via que aquilo achava que não era normal, pois eu a achava muito inteligente. Ela sempre me dizia: "não consigo prestar a atenção".

Ficamos uns meses sem nos ver e, quando nos encontramos novamente, fiquei muito surpresa em saber sobre esse problema. Mais espantada ainda quando soube que ela agora resolveu estudar para concursos e que está se tratando com um psiquiatra! E me disse que se descobriu recentemente uma leitora voraz. Fiquei muito feliz em saber. Gostei de ela ter contado sobre essa vitória.

Gente, não há motivo para se ter preconceito com esse tipo de profissional da área médica. Eles são pessoas que estudaram muito e que vão saber resolver o problema. Pior é ficar com estígma de vagabundo ou de "pessoa que não nasceu para estudar", como ela ficou por muito tempo.

Apesar de contar essa história, eu não sei muito mais sobre esse problema. Além disso, não sou médica. Entretanto, minha amiga buscou muita informação útil em alguns sites como o www.tdah.org.br, www.universotdah.com.br e www.medicinadocomportamento.com.br. E lá, ela conseguiu reunir elementos para relatar ao médico.

Resumo da Ópera - nformação correta é poder! Se você desconfia que sofre de algum problema do gênero, recomendo que vá ao médico. Ele vai saber exatamente como proceder e fazer com que sua vida dê um salto de qualidade.

Raquel Monteiro é uma legítima concurseira carioca.

IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.




4 Response to "Os concurseiros e o TDA-H"

  1. Unknown says:

    Oi! Sou eu a leitora remetente do dito comentário! Gostaria de parabenizar a iniciativa da postagem bastante elucidativa!

    Sempre achei curioso o fato de nunca ter visto esse assunto aparecer em nenhum site, fórum ou blog sobre concurso público.

    No site da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (o primeiro dos sites indicados no texto) há um teste que indica a possibilidade da pessoa ser portadora do déficit, foi através dele que descobri. Nesse site há também um cadastro de especialistas em todos os Estados do país.

    Infelizmente, ainda há na comunidade médica, profissionais muito mal informados sobre o distúrbio, e existe um certo preconceito quanto ao tratamento.

    Então, gostaria de acrescentar as pessoas que se desconfiarem que possuem déficit de atenção, procurem um especialista. Digo isso porque quando fui procurar ajuda médica, antes de chegar a um especialista, estive em quatro psiquiatras e dois neurologistas, e ouvi absurdos do tipo: se vc conseguiu terminar a faculdade não pode ter déficit de atenção!!!

    Se por um lado há desinformação e preconceito, por outro há banalização. Muita gente acha que só porque não consegue se concentrar durante a leitura é TDAH. Não é por aí!

    O TDAH envolve um quadro de sintomas e características, ninguém desenvolve isso durante a vida, as pessoas já nascem assim.

    Enfim, não é uma doença, não torna ninguém menos capaz. O nosso cérebro só funciona de uma forma diferente, e aprendendo a lidar com isso podemos fazer coisas incríveis!

    Bom domingo a todos!

    Raquel says:

    Oi, Bia. Fico feliz por ter gostado da postagem. Espero mesmo ter conseguido ajudar essas pessoas que tem o cérebro em "outra frequência".


    Raquel Monteiro

    Camisa 9 says:

    Adorei a postagem e vou pesquisar um pouco sobre.

    Que bom que a Phoenix (Bia rs) conseguiu ter seu diagnóstico e conseguiu melhorar seus estudos e sua vida!

    Excelente post, Rachel. Você sempre nos surpreendendo!

    Siga o Fluxo says:

    tambem estou incluida nesse rol. Achei mto interessante essa postagem.
    Criei um blog para me expressar e trocar experiencias.
    Quanto a concursos,realmente é difícil manter o foco nos estudos, sem falar na culpa que fica depois.
    Vamos à luta e seguir o fluxo(da vida). Esse é meu blog. Valeu1

powered by Blogger | WordPress by Newwpthemes | Converted by BloggerTheme | Blogger Templates | Low Interest Credit Cards