Os três concurseiros

Era uma vez três porquinhos que tinham trabalhos parecidos e um dia resolveram tentar a carreira pública.

Um deles fez essa escolha mais por pressão de parentes e amigos do que porque realmente queria fazer aquilo. Cansado de tanta gente falando na sua cabeça de que ele precisava melhorar de vida, comprou algumas apostilas sem escolher muito e passou a fingir que estudava, fingir que fazia provas, fingir que quase passava. O nome desse porquinho era “falso concurseiro”.

Outro porquinho fez essa escolha parte por pressão de parentes e amigos, parte porque até que queria mudar mesmo de vida. Só que ele não estava muito motivado, tinha preguiça de estudar tanto quanto seria necessário para passar em um bom concurso. Comprou um material de estudo bom, começou a estudar com um pouquinho de esforço e a fazer um punhado de provas de concursos. O nome desse porquinho era “fazedor de concursos".

O terceiro porquinho fez essa escolha totalmente consciente do que teria de ralar antes de obter o sucesso e agradeceu aos conselhos e parentes e amigos que o ajudaram a toma essa decisão. Desde o começou procurou usar o melhor material que podia conseguir, se organizou, criou uma estratégia de estudo que sempre procurava melhorar, ralou muito para estudar sem medo de quantas HBCE (horas de bunda na cadeira estudando) teria de ter para ser aprovado. O nome desse porquinho era “concurseiro”.

Depois de alguns anos o porquinho “concurseiro” já havia sido aprovado em vários bons concursos e ocupava um ótimo cargo público com salário para lá de satisfatório, escreveu um livro sobre estratégias de estudo e estava muito feliz colhendo os frutos generosos do seu esforço. O porquinho “fazedor de concursos” alcançou a aprovação somente depois do dobro de tempo de estudo do “concurseiro” e mesmo assim em concurso menor, no qual foi empossado em um cargo com salário mais ou menos, e continua estudando mais ou menos com a esperança de melhorar de vida. Já o porquinho “falso concurseiro” acabou sendo descoberto como um grande fingidor e até hoje sua família o trata com desprezo e os antigos amigos nem querem ouvir falar nele.

Esses são, em minha visão, os três principais tipos de concurseiros que existem. Só que não são tipos determinados pela genética, mas pela decisão interna de cada um. Isso quer dizer que ninguém nasce “concurseiro”, “fazedor de concursos” ou “falso concurseiro”. Nada disso. Isso quer dizer que o que determina que tipo somos é nossa decisão interna de como encararemos a guerra dos concursos públicos.

Não é incomum de passarmos por dois ou até pelos três tipos. Eu já fui por algum tempo, mais de um ano antes de começar a estudar sério para concursos, um “falso concurseiro” somente para satisfazer a “encheção de saco da família e da namorada”. Quando tomei a decisão de parar minha vida para estudar sério para passar, me tornei um “concurseiro”.

A evolução é sempre bem vinda. O “falso concurseiro” que se torna “fazedor de concursos” ou “concurseiro”, o “fazedor de concursos” que se torna “concurseiro”. Isso é ótimo, parabéns para esses caras. O problema é que também há a evolução inversa, ou seja, do cara desanimar com as derrotas normais nessa guerra e de “concurseiro” se torna um “fazedor de concursos” e então para “falso concurseiro”. Que Deus tenha piedade de quem fizer essa bobagem.

Insisto nessa diferenciação porque acho muito importante deixar claro que todo mundo que faz concursos públicos não pode ser considerado o mesmo tipo de marujo apesar de todos estarmos no mesmo barco. Generalizações aqui não funcionam direito. Comparações devem ser feito com cuidado para não se usar o famoso “dois pesos, duas medidas”.

É também muito importante que cada um pare e seja franco consigo mesmo sobre qual tipo de concurseiro se é realmente. Como já diz o velho ditado “enganar as pessoas é fácil, o difícil é enganar a si mesmo”. Geralmente quem só engana as pessoas é o “falso concurseiro” que só quer com isso que parem de lhe encher o saco. O problema está em quem engana a si mesmo, porque esses são os “fazedores de concurso” que acham que estão fazendo muito quando estão é fazendo pouco.

Resumo da ópera – Seja sincero com você mesmo e defina que tipo de concurseiro você é realmente. Partindo disso você poderá então definir o que precisa fazer para melhorar e chegar mais perto da vitória na guerra dos concursos públicos, ou se não precisa é fazer nada e continuar enganando a todo mundo de que luta por algo que no fundo não está nem aí.

———«»———«»———«»———

PERGUNTA DO DIA

Seja sincero, você é um concurseiro (alguém que estuda sério para passar), um fazedor de concursos (alguém que estuda mais ou menos tem esperança de um dia passar) ou um falso concurseiro (você estuda um pouquinho e conta com a sorte para passar?

Essa pergunta deve ser respondida em nossa comunidade no Orkut. Basta clicar no homenzinho ai em cima (você precisa estar conectado no Orkut em outra janela de navegador para ser levado à página de resposta).

———«»———«»———«»———

MÚSICA DO DIA
A música de hoje é tema do 17º filme de James Bond, o famoso agente britânico 007. Hehehe, sou fã desses filmes. A música se chama "Goldeneye", nome do filme, e é interpretada pela diva Tina Turner. Um clássico essa música.

5 Response to "Os três concurseiros"

  1. Raquel says:

    Concurseira de verdade, com selo do INMETRO, hahaha.
    Os fazedores de concurso e falsos concurseiros que fiquem se enganando.

    Raquel

    Anônimo says:

    Nossa, que sacudida, hein?

    Às vezes é difícil fazer uma avaliação de si mesma, mas tão necessário. Com certeza, eu já fui uma falsa concurseira. Na época da faculdade, eu até que fazia concurso pq queria mesmo, não por pressão dos outros, mas não me dedicava, me enganava. Hoje em dia eu tento ser uma concurseira, mas não tenho muita certeza se sou. Procuro me dedicar, mas ainda acho que é pouco. Mas, também não me sinto como apenas uma fazedora de concursos...sei lá. Será que existe um meio termo para me definir?rssrsrsrs...Creio que o fator tempo de preparação é que me faz achar que ainda não posso ser considerada concurseira, pois só estudo há alguns meses. Por outro lado, sei que isso não tem muito a ver, pois o que importa é o quanto a gente se dedica na nossa vida diária.

    Ainda não sei bem que tipo de concurseira eu sou. Mas, sei que concurso pra mim é sério, necessário, um objetivo que irei concretizar!

    Parabéns pelo artigo!!!Não sei de onde vc tira tanta inspiração!!!!Vc deve ser um ótimo observador da vida e das pessoas. Parabéns por isso!!

    Helineide

    Flavia C. says:

    Acho que passo pelos três perfis todos os dias... mas com o tempo estou conseguindo me estabilizar no perfil "concurseira"!

    Bom dia. Meu nome é Marcelo e estudo para concursos públicos desde novembro de 2006. Já passei em alguns, não fui chamado ainda e classifiquei em alguns, mas não com uma nota suficente para estar nas "cabeças".
    Acredito ser ainda um fazedor de concurso migrando para tornar-me um concurseiro de verdade. Mas ainda, há muito que melhorar! Acho que o principal é humildade de reconhecer o estágio que estamos, partir desse ponto, estudar muito.
    Optei pelos concursos de segundo grau, mesmo tendo nível superior. Até fica a sugestão deste tema para o blog.

    Um grande abraço

    Camisa 9 says:

    Falso concurseiro de 2004 a 2006.
    Fazedor de concursos em 2007.
    E nada até o momento, apenas espectador...mas com forças e ânimo para voltar e tornar-me um concurseiro, mas no momento me falta o tempo, pois preciso do emprego privado pra me manter por enquanto!
    Gambate C9!
    Gambate galera!

powered by Blogger | WordPress by Newwpthemes | Converted by BloggerTheme | Blogger Templates | Low Interest Credit Cards