Prestar ou não prestar, eis a questão?
06:43
Concurseiro Solitario
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Nesse final de semana uma amiga concurseira ligou convidando-me um chope. Estranhei. Dessa amiga espero convites para revisar matéria, fazer uma sessão de simulados de alguma banca de concurso, mas não para sair para tomar um chope. Na hora pensei “ela foi nomeada em algum concurso que passou e quer comemorar”. Estava enganado.
O que ela queria era conversar um pouco e minha ajuda para tomar uma decisão complicada, com a qual se defronta a grande maioria dos concurseiros e que sempre é difícil de ser tomada.
“Você sabe que estou estudando para aquele concurso que vou prestar em São Paulo mês que vem. Acontece que ontem fiquei sabendo de um concurso para um cargo semelhante no Rio Grande do Sul. A matéria é praticamente a mesma, muda somente alguns tópicos, e a prova é uma semana depois de São Paulo. O que mais está me preocupando não são as vagas, que são poucas, mas o custo da viagem. Você sabe que minha grana já acabou faz tempo e que conto com a ajuda da minha mãe para continuar estudando e prestando concursos. Só que essa viagem ficará cara. Posso comprar as passagens de avião com aquele, mas mesmo assim, com hotel e tal, gastarei uns R$700. Estou com medo de gastar essa grana toda para só depois descobrir que esse concurso foi super-concorrido e a prova super-difícil. O que você faria no meu lugar?”.
Juro que quando alguém me pergunta algo do tipo fico com várias pulgas atrás da orelha. Coloco-me no lugar da pessoa para dar uma resposta franca, mas acabo ficando com a mesma dúvida, que já tive eu mesmo várias vezes. Afinal de contas, vale a pena gastar e arriscar as chances em um concurso distante, que vai custar caro prestar, e que pode tanto ser uma moleza quanto um osso duríssimo de roer?
Para (não) ajudar, já soube de casos em que ambas as possibilidades se verificaram. Casos em que o concurseiro arriscou e se deu bem, encontrou um concurso fácil, com a concorrência mal preparada (a incerteza, a distância e os custos altos para fazer a prova assustaram muitos bons candidatos), e acabou sendo aprovado e nomeado. Por outro lado há casos em que aconteceu justamente o contrário, o concurseiro gastou uma grana e não foi aprovado no concurso apesar de ter indo muito bem na prova.
Acho que a verdadeira dúvida em situações como essa é o “devo arriscar?”. Essa palavra não é muito bem vinda entre concurseiros sérios, afinal de contas arriscar parece coisa de fazedores de concurso que vão tentar a sorte acreditando que algum fenômeno sobrenatural ou divino irá guiar sua mão ao preencher o gabarito da prova e garantir sua aprovação sem ter estudado. Não é essa a definição de dicionário dessa palavra? “Expor(-se) à boa ou má fortuna; sujeitar(-se) ao arbítrio da sorte; aventurar(-se)”.
Bom se fosse fácil assim, uma simples questão de “estudo, logo não arrisco”. Pena que não é. Muitas vezes, mesmo para o concurseiro sério há situações que somente podem ser descritas como “correr o risco” (que é sinônimo de arriscar-se). O prêmio é mais do que desejável, um cargo público novinho em folha. O que se perderá também é bastante claro, o dinheiro investido na viagem e o desgaste emocional de ter arriscado e perdido.
Tem gente que procura decidir situações como essa na base do “me deixa analisar os pontos positivos e negativos”. Outros procuram se aconselhar com amigos e parentes em busca de argumentos convincentes para ir ou não. Alguns ainda tentam métodos menos ortodoxos como jogar uma moeda para decidir no cara ou coroa, procurar uma resposta na astrologia, tarô ou nos búzios. Sinceramente acho que em muitas situações esses métodos são igualmente inúteis, já que a decisão sempre terá um ar de dúvida se foi mesmo a melhor possível.
Resumo da ópera – Respondi para essa amiga que em minha opinião o que a estava mesmo incomodando era o fato de que o dinheiro para fazer a prova não era dela, mas da mãe. Se o dinheiro fosse dela, ganho com o “suor do seu rosto”, provavelmente ela não teria dúvidas, faria a prova e ponto final. Assim ela deve considerar a ajuda da mãe como um empréstimo bancário que deverá de ser pago quando ela for empossada e fazer a prova da melhor forma possível. Afinal de conta, será melhor ela ir, lutar e não vencer essa batalha, do que uma hora ouvir da mãe (pais são mestres em fazer isso) de que condição para ir ela tinha, não foi porque não quis.
O que ela queria era conversar um pouco e minha ajuda para tomar uma decisão complicada, com a qual se defronta a grande maioria dos concurseiros e que sempre é difícil de ser tomada.
“Você sabe que estou estudando para aquele concurso que vou prestar em São Paulo mês que vem. Acontece que ontem fiquei sabendo de um concurso para um cargo semelhante no Rio Grande do Sul. A matéria é praticamente a mesma, muda somente alguns tópicos, e a prova é uma semana depois de São Paulo. O que mais está me preocupando não são as vagas, que são poucas, mas o custo da viagem. Você sabe que minha grana já acabou faz tempo e que conto com a ajuda da minha mãe para continuar estudando e prestando concursos. Só que essa viagem ficará cara. Posso comprar as passagens de avião com aquele, mas mesmo assim, com hotel e tal, gastarei uns R$700. Estou com medo de gastar essa grana toda para só depois descobrir que esse concurso foi super-concorrido e a prova super-difícil. O que você faria no meu lugar?”.
Juro que quando alguém me pergunta algo do tipo fico com várias pulgas atrás da orelha. Coloco-me no lugar da pessoa para dar uma resposta franca, mas acabo ficando com a mesma dúvida, que já tive eu mesmo várias vezes. Afinal de contas, vale a pena gastar e arriscar as chances em um concurso distante, que vai custar caro prestar, e que pode tanto ser uma moleza quanto um osso duríssimo de roer?
Para (não) ajudar, já soube de casos em que ambas as possibilidades se verificaram. Casos em que o concurseiro arriscou e se deu bem, encontrou um concurso fácil, com a concorrência mal preparada (a incerteza, a distância e os custos altos para fazer a prova assustaram muitos bons candidatos), e acabou sendo aprovado e nomeado. Por outro lado há casos em que aconteceu justamente o contrário, o concurseiro gastou uma grana e não foi aprovado no concurso apesar de ter indo muito bem na prova.
Acho que a verdadeira dúvida em situações como essa é o “devo arriscar?”. Essa palavra não é muito bem vinda entre concurseiros sérios, afinal de contas arriscar parece coisa de fazedores de concurso que vão tentar a sorte acreditando que algum fenômeno sobrenatural ou divino irá guiar sua mão ao preencher o gabarito da prova e garantir sua aprovação sem ter estudado. Não é essa a definição de dicionário dessa palavra? “Expor(-se) à boa ou má fortuna; sujeitar(-se) ao arbítrio da sorte; aventurar(-se)”.
Bom se fosse fácil assim, uma simples questão de “estudo, logo não arrisco”. Pena que não é. Muitas vezes, mesmo para o concurseiro sério há situações que somente podem ser descritas como “correr o risco” (que é sinônimo de arriscar-se). O prêmio é mais do que desejável, um cargo público novinho em folha. O que se perderá também é bastante claro, o dinheiro investido na viagem e o desgaste emocional de ter arriscado e perdido.
Tem gente que procura decidir situações como essa na base do “me deixa analisar os pontos positivos e negativos”. Outros procuram se aconselhar com amigos e parentes em busca de argumentos convincentes para ir ou não. Alguns ainda tentam métodos menos ortodoxos como jogar uma moeda para decidir no cara ou coroa, procurar uma resposta na astrologia, tarô ou nos búzios. Sinceramente acho que em muitas situações esses métodos são igualmente inúteis, já que a decisão sempre terá um ar de dúvida se foi mesmo a melhor possível.
Resumo da ópera – Respondi para essa amiga que em minha opinião o que a estava mesmo incomodando era o fato de que o dinheiro para fazer a prova não era dela, mas da mãe. Se o dinheiro fosse dela, ganho com o “suor do seu rosto”, provavelmente ela não teria dúvidas, faria a prova e ponto final. Assim ela deve considerar a ajuda da mãe como um empréstimo bancário que deverá de ser pago quando ela for empossada e fazer a prova da melhor forma possível. Afinal de conta, será melhor ela ir, lutar e não vencer essa batalha, do que uma hora ouvir da mãe (pais são mestres em fazer isso) de que condição para ir ela tinha, não foi porque não quis.
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PERGUNTA DO DIA
O que você faria se tivesse de decidir prestar ou não um concurso onde os custos com inscrição e viagem para fazer a prova fossem consideráveis, o número de vagas pequeno, mas que você tivesse confortável com a matéria, que já vem estudando para outro concurso similar? Você arriscaria prestar esse concurso? Valeria a pena ou não?
Essa pergunta deve ser respondida em nossa comunidade no Orkut. Basta clicar no homenzinho ai em cima (você precisa estar conectado no Orkut em outra janela de navegador para ser levado à página de resposta).
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MÚSICA DO DIA
Para hoje temos um clássico dos anos 80 que tem tudo a ver com esse artigo. "Should I stay or should I go" (Devo ir ou devo ficar) foi um sucesso em todo mundo ao som do The Clash.
Essa é dureza, mas tem uma maneira de resolver. Diga a ela que só saberá se for lá fazer a prova. Digo mais: é melhor se arrepender de enfrentar uma enorme concorrência do que não ir e descobrir depois que ela teria condições de ser aprovada.
Iria sim :D
"Nossas dádivas são traídoras e nos fazem perder o bem que poderíamos ganhar, se não fosse o medo de tentar" W.Shakespare