Autor: Alisson Felipe
Ano: 2011
Editora: Novo Século
Edição: 1a
Número de Páginas: 174
ISBN: 11 -12852

Diferentemente do que temos o hábito de fazer, hoje não resenhamos um livro técnico ou de conteúdo semelhante à autoajuda. Leitores, para a surpresa de todos, convidamos vocês à deliciosa viagem de um livro de ficção. Vamos ousar!

Antes de qualquer coisa, permita-me apresentar nosso autor. Alisson Felipe é servidor público federal, psicólogo por formação, músico e um novato, porém excelente escritor. Nosso autor chegou até nós por meio do Facebook, divulgando seu livro. Fisgada que fui pela sinopse do que prometia o livro, topei o desafio proposto de resenhá-lo. Realmente, que livro lindo e instigante! Não consegui parar de ler. Ademais, eu não queria que acabasse! Há tempos não me sentia tragada por uma boa obra ficcional. Estava habituada a ler muitos livros que são excelentes guias de estudo, ótimos livros técnicos. No entanto, estava sentindo saudades de ter contato com palavras tão delicadas. Tocaram fundo meu coração.

Não se trata de um livro sobre qualquer história, mas sobre a linda história do personagem fictício chamado Alberto. Sem estragar-lhes o prazer da saborosa – sem qualquer exagero e pieguice – leitura, revelo que o nosso querido personagem é concurseiro como nós. Sofre como eu e vocês! Seus dramas não nos são nada estranhos.

Assim como muitos de nós, nosso herói (ou anti-herói) está em vias de completar 29 anos, mora com os pais, está desempregado e se sente muito solitário. Ele poderia muito bem ser um de nossos “Concurseiros Solitários” que lê ou escreve para o blog. Aliás, a título de curiosidade, o autor também usa a expressão “Resumo da Ópera” na página 54 (risos).

A narrativa retrata, de uma forma muito diferente dos livros que costumamos resenhar, como funcionam os sentimentos de um concurseiro. Poder-se-ia dizer de forma muito genérica que a luta será dura, mas Alisson optou por trazer a riqueza de detalhes, vicissitudes dessa caminhada. Cuida-se de uma abordagem muito original.

Ao longo da leitura, percebemos como todas aquelas sensações experimentadas pelo personagem nos são familiares. Parece que ele retrata algo muito universal, quando estamos considerando o mundo dos concursos, é claro. Afinal, a vida de toda pessoa que resolve virar concurseira tem um passado, um presente e um pano de fundo. Dessa forma, essas variáveis aparecem para conferir uma carga pra lá de realista para a história do nosso personagem.

Percebemos, por meio da leitura e transportando tudo para nossa vida, que os acontecimentos nos atropelam à nossa revelia. Em bom português, a vida não para porque resolvemos estudar para concursos. Nós temos sentimentos e eles vêm à tona enquanto estudamos e tentamos, por vezes, sufocá-los durante o tempo de preparação. Frequentemente, não sabemos lidar com eles, pois sempre pensamos: “os vencedores nunca se sentiram assim”. Ledo engano! Alberto é um desses casos; nós somos assim.

O personagem comete um monte de erros, possui momentos felizes e infelizes. Ele é de carne e osso como nós somos, não canso de repetir. Ele tem medo da concorrência, ele tem que driblar os momentos de preguiça, sofre antes da prova e após esta ser feita.

Chama a atenção o vocabulário rico do autor, a quantidade de curiosidades a respeito da cidade de Brasília, a quantidade de conhecimentos jurídicos que este divide conosco. É bom poder revisar/começar a conhecer o direito dos concursos através de seu livro. Gostei muito da capacidade de descrição dos ambientes e das pessoas. Eu realmente formei uma imagem dentro de minha cabeça, coisa que tornou a leitura simplesmente fascinante.

A maior lição que pude extrair do livro é a de que fazer concursos não é um fim em si mesmo. Não sei se essa foi a intenção do autor, mas notei que a gente precisa crescer durante a caminhada, aprender com os tombos e emoções da vida enquanto esse projeto vai se desenvolvendo. Aprendi que, enquanto nos preparamos, nossa vida é enriquecida com muitas coisas que acontecem. Quando, enfim, conseguimos o que tanto desejamos, percebo que temos um duplo prêmio: aquilo que aprendemos durante a luta e o cargo público sonhado.

Como não poderia deixar de mencionar, essa obra é prefaciada pelo guru William Douglas. Ilustríssimo conhecido nosso, William definiu muito bem o livro de Alisson Felipe: um verdadeiro “page turner”. Essa expressão não saída da minha cabeça todas as vezes em que precisei interromper a leitura, lamentando ter que fazê-lo. A leitura estava muito agradável.

Para quem gosta que analisemos os aspectos físicos do livro, vamos cumprir nosso papel. Falando em papel, o usado na publicação é bom. Nada transparente, o que não deixa a leitura embaralhada. Há um bom contraste entre o branco das folhas e o preto das letras. O tamanho da fonte é grande e bom para o concurseiro(a) que usa óculos. Os capítulos são divididos, aproveitando as páginas. Isso traduz-se em economia de papel e menos peso para transporte. Afinal, a gente gosta de ler na praia, na fila do banco, no ônibus. A capa é flexível, mas não amassa muito facilmente.

RESUMO DA ÓPERA - Se você quiser conhecer como funciona a cabeça, o coração, a vida de um concurseiro, leia “Aprovação” de Alisson Felipe. Parafraseando a famosa frase, nada do que é humano lhe escapa à percepção.

RAQUEL MONTEIRO é uma legítima concurseira carioca.

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