A armadilha do "Já sei o basicão"

Já diz o velho ditado que “o diabo mora nos detalhes”. Bem, permito-me adaptar esse ditado à realidade dos concursos públicos deixando-o assim “o diabo mora no basicão”.

Não entendeu. Explico.

Basicamente tudo o que precisamos aprender em termos de matérias para que possamos garantir nossa aprovação em concurso público pode ser dividido em três níveis de dificuldade:

Basicão – Como o próprio nome já diz, é o básico das matérias, aquela base que permitirá que estudemos tópicos mais avançados e difíceis. Em Direito Constitucional, por exemplo, são tópicos como Direitos Fundamentais, o clássico Artigo 5º, ou entender o que são artigos, caput, incisos e tal.

Intermediário – Aqui as coisas já começam a complicar e a facilidade de compreensão e estudo ficam para trás. Estamos falando de assuntos mais densos e complexos. Ainda em Direito Constitucional, por exemplo, seria Controle de Constitucionalidade ou memorização de competência dos entes federativos.

Avançado – São aqueles tópicos realmente difíceis e complicados de entender. Estamos falando de pontos da matéria que apenas com muito estudo e conhecimentos passaremos a dominar. Em Direito Constitucional, por exemplo mais uma vez, seriam tópicos obscuros onde doutrinadores não entram em acordo.

A tendência natural do concurseiro sério é de começar estudando o basicão, então passar para os tópicos intermediários e, somente após dominar tudo, passar a estudar os tópicos avançados. Nada mais lógico e cartesiano.

Mas como diz Drummond:

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nossa pedra é a diferença de importância, de peso, que damos ao estudo dos tópicos das matérias de acordo com seu nível de dificuldade. Diria que damos 50% de importância para as matérias intermediárias, 30% para as matérias avançadas e apenas 20% para o basicão.

Sim, devemos mesmo dar muita importância ao estudo das matérias intermediárias, afinal de contas elas são o grosso do cobrado em provas de concursos públicos.

Também devemos dar muita importância para o estudo das matérias avançadas, afinal de contas elas são de difícil estudo e assimilação e somente com muito afinco e seriedade podemos dominá-las.

Só que, geralmente, o que sobra de importância para o basicão são migalhas, isso porque pensamos “bahhh, já estudei tudo isso, é muito simples e fácil, basta relembrar e está de bom tamanho”. Essa é a armadilha que ferra uma multidão de concurseiros sérios.

Não faz muito tempo prestei uma prova de concurso público em que caiu não uma, mas três questões cobrando minúcias do basicão. Acertei duas, errei uma. As que acertei foi por conta de não deixar de estudar o basicão nunca, sempre estou revendo a matéria, nunca lhe dou pouca importância ou acho que já sei tudo dela. A que errei foi um alerta de que preciso estudar mais ainda o basicão, que preciso prestar atenção a um nível mais profundo de detalhamento.

Vejam bem, ponto em prova é ponto em prova, não importa se ganho ou perdido com questões sobre matérias basiconas, intermediárias ou avançadas. Acertou, ganhou ponto. Errou, perdeu ponto. Além disso, nunca saberemos quantas questões de cada nível de dificuldade teremos em prova. O que acontecerá se a prova tiver um grande número de questões basiconas? Sim, levam vantagem os concurseiros iniciantes que ainda estão estudando esses tópicos, enquanto os concurseiros mais experientes sentem na boca o amargo gosto do “eu já vi isso, eu deveria saber isso”.

Resumo da ópera – NUNCA deixe de estudar o basicão. NUNCA ache que já sabe todo o basicão. NUNCA ache que o basicão não irá cair em prova. É aquela velha história, as questões avançadas poucos concurseiros acertam, é nas matérias intermediárias e basiconas que a briga pelas vagas realmente acontece. Então, não faça como muitos concurseiros e dedique sua maior atenção apenas para o intermediário, lembre-se que o basicão existe, que o basicão é extenso e que o basicão pode ser a diferença entre ser aprovado ou reprovado em concursos públicos!

Charles Dias, o Concurseiro Solitário.


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PERGUNTA DO DIA

Você é daqueles concurseiros que acham que já sabem o basicão e por isso não precisa estudá-lo como se deve? Ou você acha que o basicão pode, sim, ser uma pedra no seu caminho se você não tomar cuidado e por isso o estuda como se deve?

Essa pergunta deve ser respondida em nossa comunidade no Orkut. Basta clicar no homenzinho ai em cima (você precisa estar conectado no Orkut em outra janela de navegador para ser levado à página de resposta).

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Clipe do dia



Hoje é surpresa ... tem de assistir para saber que música é!

5 Response to "A armadilha do "Já sei o basicão""

  1. Unknown says:

    Venho acompanhando sua coluna e dentre outras coisas, descobri que sou indisciplinada, novata mesmo, e a cada dia tenho me comprometido com a causa. Fico orgulhosa que virei, depois de ler muito, e continuar lendo, uma concurseira comprometida. E agora, lendo esta coluna, percebi que me falta o basicao. Que incrivel, porque tb no ultimo concurso que fiz, errei perguntas basicas que eu sabia. Parabens mais uma vez pelos seus artigos. Estímulo para quem lê. abraços.

    Fabiana says:

    Nessa não caio mais não!
    Não menosprezo mais nada! Era o basicão que estava me derrubando...
    Não tem nexo saber as matérias mais difíceis e errar as mais fáceis, as que eram mais "dominadas" pra mim.
    Tenho visto elas pelo menos uma vez por mês, por mais que eu já saiba...
    Hj de manhã eu estava lendo os primeiros artigos da CLT. Vai que cai né?
    Bjooo
    Fabi Pacheco

    Caramba! Veio mesmo a calhar um artigo desses. Meu Deus...

    Raquel

    Roberta says:

    adoro esta musiquinha..moo-moohere mooothere...rs

    Camisa 9 says:

    Excelente artigo, Charles.
    É...acho que não existe mais esse negócio de basicão.
    Ano passado com as provas do TJ eu pude aprender, da pior maneira, muito bem sobre questões "basiconas", como a matéria das provas era a mesma acabava de você ver questões parecidas ou que mudavam apenas alguma resposta, mas não o conteúdo.

    Ex: O juiz tem quantos dias para fazer um despacho?
    E na outra prova...O Juiz tem quantos dias para tomar uma decisão. Mais ou menos por aí, então se você sabia uma automaticamente você sabia a outra. Eu tive de aprender errando uma pra não errar na outra, mas era uma questão de Dir.Adm...

    Bons estudos.

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