Como qualquer ser humano, o concurseiro tem apreço por se guiar pelos seus cinco sentidos: afinal, são eles que trazem orientação, e constituem a forma pela qual conhecemos o mundo como ele é. Desde pequena, a criança começa a explorar sua visão para perceber cores e formas, a audição para escutar a mamãe e o papai, e por aí vai. De uma forma alegórica, como seriam, então, os cinco sentidos do concurseiro?

Visão é o mais citado, também por conta do bendito “foco”. Dizem que “concurseiro que passa é aquele que tem visão das coisas”. De fato: o concurseiro usa a visão para ler, reter, memorizar, revisar, e também para projetar-se na vaga escolhida. Uns veem o contracheque do salário almejado; outros se veem fardados, outros ainda se veem assentados à mesa de seu gabinete acarpetado, assinando sentenças.

Tato é o que o concurseiro utiliza para agarrar oportunidades, pegar no edital, “espremer” seu material de estudo, sentir que a vitória está chegando. Ele igualmente sente o calor da disputa e a frieza da banca examinadora.

Olfato é o que o concurseiro utiliza para farejar novas chances, ficar esperto para a publicação de novos editais, e principalmente distinguir o aroma de uma boa oportunidade do fedor de uma enrascada.

Paladar é aquilo que o concurseiro usa para experimentar novas vitórias diárias, mas também o amargo da derrota naquela prova tão almejada. É aquele que tem o paladar apurado para buscar novos experimentos de sabores – uma técnica boa e aprimorada de estudos, que possa dar certo – além de quem precisa exercitar as habilidades e comer uns quilos de sal, sem reclamar, dentro da rotina pesada de estudos.

Audição, por fim, é o que o concurseiro usa para ouvir conselhos – e ignorar críticas nada produtivas ou proveitosas – e também para escutar algo que venha a lhe motivar para seguir adiante.

Dizem também da percepção extrassensorial, o que poderíamos chamar de “sexto sentido”. Entendo que ele é igualmente importante, pelo fator “projeção”. Enquanto a pessoa apenas dependa dos fatores físicos, dos quais já falamos, há algo nela que impeça de vislumbrar o porvir. Há quem, inclusive, seja privado de um ou mais sentidos físicos, porém desenvolve habilidades num sentido diferente e promova resultados até melhores do que uma pessoa dotada dos cinco sentidos correntes. Quem se utiliza do “sexto sentido concurseiro”, o qual apelidamos agora, tem a aptidão para vislumbrar dias melhores, saber o que outros estão pensando a nosso respeito, perceber quando as circunstâncias não estão sendo favoráveis, ou até mesmo para se livrar de problemas, antes mesmo que eles venham a acontecer.

Aprender com o que percebemos do mundo físico é importante, mas além destes é necessário usar de nossas faculdades mentais e espirituais, afim de não nos iludirmos com falsas impressões e contribuamos para uma piora no preparo.

Resumo da Ópera - O bom senso, do “sexto sentido concurseiro”, manda que não usemos apenas dos outros cinco sentidos. Projetemos, tenhamos discernimento, e busquemos sempre o emprego dos nossos recursos para conquistar o objetivo.

CLEBER OLYMPIO, concurseiro aprendendo a empregar o melhor de si rumo à investidura.