Esperando a onda perfeita

Estudar para concurso público pode ser comparado ao surf, pois algumas situações são aparentemente iguais, principalmente a técnica de manter-se equilibrado, focado num único objetivo, o que para muitos “surfistas concurseiros” é a manobra mais difícil na hora de estudar. Outra coisa diz respeito aos treinos, a dura rotina de praticar e praticar sempre, até atingir o ápice da manobra perfeita. Isso sem falar que alguns grandes surfistas passam grande parte da vida aguardando a oportunidade de pegar à famosa “onda perfeita”.

No estudo para concurso público também é assim. Muitos concurseiros aguardam dois, três ou até quatro anos, a oportunidade de fazer o concurso dos seus sonhos (o concurso perfeito). Para alguns a preparação é quase que ininterrupta, enquanto para outros essa preparação se resume a alguns meses depois da publicação do edital. Então o que era sonho se torna um grande e terrível pesadelo, pois o “surfista concurseiro” não estava preparado para o grande evento da sua vida, levando, portanto, o maior “caldo”- na gíria dos surfistas - diz-se quando o surfista cai da prancha.

Os cursinhos já antecipam essa preparação em cursos extensivos, usando como modelo os editais passados, mas apesar dos apelos dos professores, muitos concurseiros relutam em antecipar essa “preparação” em virtude da falta de motivação, daquela mania antiga de estudar somente quando o edital é publicado, o que é sem dúvida um grande erro, pois agindo assim, além do pouco tempo para ver todo o conteúdo exigido no edital (em média 70 dias), ainda desencadeia outro fator muito perigoso que é a TPC (tensão pré-concurso). Resumindo, o concurseiro fica igual a uma bomba de ansiedade, sabe que será impossível cumprir suas metas em tão pouco tempo.

Ouço muitos colegas concurseiros comentando sobre a abertura de concursos que ainda vão levar um bom tempo para acontecer e vejo esses mesmos colegas, como diria na gíria dos surfistas, de Kaô - Papo furado (mó kaô= maior papo furado).

O estudo antecipado além de evitar o desconforto prejudicial do TPC, melhora bastante a aplicação de novas técnicas de estudo (resumos, simulados, resoluções de questões, métodos e técnicas de memorização) e o mais importante, desenvolve a confiança tão necessária ao bom aproveitamento e rendimento do estudo.

Resumo da ópera - Enquanto o concurso dos sonhos não vem, os “surfistas concurseiros” podem e devem prestar provas para outros concursos (pegar ondas menores), pois essa estratégia servirá de preparação para a chegada do “concurso perfeito”, além é claro, estudar em cima dos editais passados, praticando muitas questões da banca que provavelmente será a responsável pelo concurso. Um exemplo prático disso é o concurso do MPU que provavelmente será realizado pelo CESPE, sendo imprescindível, portanto à preparação voltada para o estilo dessa organizadora. O importante é manter-se na “crista da onda”, nunca, jamais desistir de esperar.

Como fiz esse artigo comparando o concurseiro com um surfista, pesquisei as gírias e o vocabulário usados por eles e fiz algumas adaptações para o mundo concursístico. Vejamos algumas:

Arrebentar - se sair muito bem em um concurso.

Bóia - é o cara que vai prestar concurso público sem estudar.

Casca grossa - concurseiro muito bom em determinadas matérias / prova difícil.

Caldo - quando o concurseiro leva a pior em uma prova.

Haole – concurseiro que não é do local onde está prestando a prova.

Jaca – o concurseiro que estuda somente na véspera do concurso e no dia da prova leva um belo caldo.

Merreca – organizadora de concursos públicos, "péssima"; sem condições de fazer uma boa prova.

Merrequeiro - concurseiro que faz prova de organizadora “merreca”.

Pipocar - amarelar, ficar com medo de fazer a prova.

Point - qualquer local ou lugar que os concurseiros considerem interessante (blog concurseiro solitário).

Prego – falso concurseiro que só quer atrapalhar (passo o dia nos fóruns enchendo o saco).

Pro - concurseiro profissional, competidor, aquele que não desisti nunca.

Rip - estar no Rip é estar em dias com as matérias.

Sufrista - não sabe nada, mas se acha o melhor, fica falando demais e não estuda nada.

Tocossauro - apostila velha, amarelada, desatualizada, escabufada (porcaria).

Trip - viagem para prestar concurso público, geralmente para um lugar com boas chances de sucesso.

Varrer - quando se fecha a prova ou o mesmo que gabaritar toda a prova.

Fontenele é um surfista concurseiro que está à espera da “onda perfeita”.

IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.

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4 Response to "Esperando a onda perfeita"

  1. Raquel says:

    Fontenele, estou amando seu textos!!! O Concurseiro Solitário ganhou mesmo um colaborador de peso!

    Olha, eu fui haole no concurso do DPU, fiz papel de jaca (o CESPE meteu o pé). Pelo menos, eu sou pro e sonho com uma bela varredura.

    Faltou uma gíria, "concurso crowdeado": cheio de gente. hehhe

    Ri muito com esse artigo de hoje! Muito divertido.

    Raquel Monteiro
    Concurseiro Solitário

    Fontenele says:

    Raquel, Obrigado!rsrs
    Confesso que sorri muito também, enquanto escrevia este artigo.

    Claro que você varrer todas as provas, porque você é pro e qualquer hora dessas, do jeito que estar trip, vai arrebentar num concurso sem pipocar. O grande segredo é não ficar boiando e ser uma grande casca grossa para não levar um caldo na hora da prova.

    Não estudar por Tocossauro e nem ligar para os pregos e sufristas que ficam nos points de Kaô e principalmente, fugir das merrecas. Odeio merrequeiro!

    Força!

    Pablo says:

    Legal essa adaptação das gírias.

    Nico says:

    Parabens pelo texto.
    Criativo,simples,direto e original!
    saudações concursídicas!

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