Vale a pena prestar concursos do outro lado do Brasil?

Em épocas em que pipocam bons concursos por todo o Brasil, concurseiros se perguntam "vale a pena eu prestar esse concurso do outro lado do país?". Essa pergunta é recorrente para muita gente e sua resposta é um pouco mais complicada de conseguir do que a maioria imagina. Vejamos.

Para facilitar as coisas, dividamos o problema em três partes de acordo com sua linha temporal, assim ficará mais fácil o abordarmos de forma didática e analítica.

Antes dos concursos

É engraçado como muita gente se propõe a estudar para concursos públicos e já vai caindo de cara nos estudos sem antes fazer algumas considerações e tomar algumas decisões muito importantes. Claro que as coisas não funcionam assim, mas como o assunto é apenas sussurrado aqui e ali, a maioria desconhece das pessoas não tem a menor idéia de que é nessas decisões, ou melhor, em sua falta, é que reside a origem de muitos dos problemas enfrentados pelos concurseiros.

Você vai estudar para apenas um concurso específico (estratégia do atirador de elite) ou vai pular de cargo em cargo até onde pretende chegar (estratégia da escada)? Você quer trabalhar com cargos administrativos (genéricos) ou dentro de sua área de formação (específicos)? Seu foco será em cargos ou em remunerações? Você pretende trabalhar perto de sua família o amigos, ou não se importa de ir para o outro lado do país? Você quer trabalhar em escritório ou em campo?

Essas são apenas algumas das perguntas que alguém que pensa em estudar para concursos públicos deveria se fazer antes de começar a estudar e se tornar um concurseiro. Vocês sabiam que muitas das desistência de tomar posse em cargos fora do famoso "eixo São Paulo - Rio de Janeiro" vem de pessoas que antes de começarem a estudar para concursos públicos não se perguntaram "Você pretende trabalhar perto de sua família e amigos, ou não se importa de irpara o outro lado do país?"?! Exatamente, essas pessoas não se perguntaram isso, nunca consideraram a questão, estudaram muito, se dedicaram, passaram e quando foram nomeados tiveram que encarar a questão de sopetão, sem quase tempo para pensar no assunto, e acabaram desistindo.

Não é vergonha nenhuma não querer ficar muito longe de família e amigos, assim como não é vergonha ir para longe deles. Vergonha é não decidir sobre a questão antes de começar a estudar para concursos públicos.

Durante os concursos

Estudar para e prestar concursos públicos não é barato, isso é fato. Bons livros são caros, material de apoio é caro, bons cursinhos são caros, inscrições são caras, viagens são caras ... opa, as palavras mágicas, "viagens são caras".

A maioria dos concurseiros não têm recursos financeiros sobrando para amparar sua luta na guerra dos concursos públicos até a posse, logo têm de fazer escolhas ao longo do caminho para otimizar o emprego desses recursos limitados. Muitos concurseiros, porém, simplesmente não fazem contas básicas que mostrariam que prestar um concurso longe de onde se mora (o que envolve viagens caras seja de avião ou de ônibus, hotel e tudo o mais) significa abrir mão de prestar dois ou três concursos em locais mais próximos.

O concurseiro tem de parar e pensar com cuidado se vale a pena queimar duas ou três chances de aprovação próximo de casa por uma chance longe. Eu mesmo conheço alguns concurseiros que depois de prestarem uma prova longe de casa e gastarem nisso uma grana respeitável, não tiveram recursos para prestar ótimos concursos em locais mais próximos.

Depois das provas

Tudo bem, o concurseiro prestou uma prova do outro lado do país, já tinha maturidade concurseira suficiente para passar dentro do número de vagas e finalmente atingiu sua meta de ser nomeado para assumir um cargo público. Alegria, festa, choro, alívio. Sim, mas seus problemas estão somente começando.

Passar em um local muito distante implica em ter de deixar para trás familiares, amigos e mudança, visto que não vai dar para voltar todo mês para visitar os primeiros e o valor cobrado pelas transportadoras é proibitivo. Então ir trabalhar em um local longe de onde se vivia enquanto se estudava significará ter de reiniciar a vida do zero, montar casa, fazer novos amigos, criar uma nova dinâmica de vida e por aí vai.

Muita gente acha que conseguirá viver tranquilamente em um local totalmente diferente, com costumes totalmente díspares, e se enganam. Conheço uma penca de gente que apostou na ida, não se adaptou e voltou, gente que foi para região norte e voltou, que foi para a região nordeste e voltou, que foi para a região sul e voltou. Essa é a consequência de não se fazer aquela perguntinha importante antes de se começar a estudar para concursos públicos.

O problema de ir, não se adaptar, desistir de tudo e voltar é o efeito psicológico devastador que isso geralmetne produz. Se não passar em concurso público abala a motivação, passar, ser empossado e depois de algum tempo desistir porque não se adaptou ao lugar é muito mais desmotivador, barra de aguentar segundo muita gente que já passou por isso.

Resumo da ópera - Se você ainda não pensou seriamente nesse assunto, não se fez aquelas perguntinhas que citei no começo do artigo, então agora é a hora. Analise com cuidado o assunto e decida se para você vale mesmo a pena prestar concursos em locais distantes ou se, pelo menos no momento, é melhor ficar mesmo pelas redondezas.

Charles Dias é o Concurseiro Solitário.

IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.

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Frase do dia

“Pessoas passivas e negligentes dão muita ênfase ao talento. Para elas, o talento ou a falta dele é uma desculpa excelente para não fazer nada.”

Andrew Matthews

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1 Response to "Vale a pena prestar concursos do outro lado do Brasil?"

  1. Camisa 9 says:

    Meu principal problema em fazer concurso em algum lugar longe sempre foi a questão preço da passagem.

    Acho que viveria bem longe da família, mas não é uma coisa que quero fazer agora...

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