Quando é preciso ligar o foda-se


No final de semana li no site do Jornal dos Concursos um artigo muito interessante entitulado “A vida em parágrafos - Entre pilhas de livros e pesadelos” (clique no título para ler), que narra as desventuras de uma concurseira que larga tudo para estudar para concursos públicos, mas que apesar da dedicação ainda não conseguiu ser garantir a posse. O artigo mostra bem o drama pelo qual todos os concurseiros sérios passam de ter de estudar muito e mesmo assim não garantir a vitória rapidamente como queriam, a necessidade de enfrentar o cansaço e o desânimo, retrata também a incompreensão dos familiares e amigos com a necessidade de isolamento do concurseiro, visto que estudar não combina com se divertir regularmente com os amigos ou participar intensamente da vida familiar ... e é sobre esse último ponto que se trata esse artigo.

No artigo do Jornal dos Concursos lê-se o seguinte:

Os amigos nem mais compreendiam tamanho afastamento. Nessa época de clausura “obrigatória”, uma de suas irmãs ressentiu-se da pouca procura e achou até mesmo que Patrícia tivesse cortado relações. “Fiquei feito louca, não falava com ninguém. Não era nada com ela”, explica.

Que concurseiro sério não enfrentou situações desse tipo? Eu não conheço nenhum que não tenha passado por essas cobranças chatas uma hora ou outra. E parece que não adianta muito dar um toque do tipo “olha, gente, estou estudando para concursos, tenho de me dedicar 110% se quiser ser empossado, então não levem a mal que eu fique meio sumido, não é nada com vocês, não”, pois depois de algumas semanas as pessoas esquecem que você avisou e começam a agir como se você fosse um desalmado que abandonou família e amigos e não está nem aí para eles.

Se vocês querem saber, é nessas horas que vemos como muitos familiares e amigos estão mesmo mais preocupados com eles próprios que com a gente. Quem o fica acusando de sumido ou fica ressentido com seu afastamento para estudar na verdade está mais preocupado com a parcela do próprio bem estar que você
”roubou” deles com seu afastamento que com o seu bem estar, que na condição de servidor público será muito maior.É aquela velha história do “para mim tudo, para você as pedras”.

Penso assim, quem realmente gosta de mim e se preocupa com meu bem estar, não vai ficar me recriminando por ter de me tornar um monge concurseiro. Essas pessoas sabem que não estou fazendo isso porque é algo que me traz prazer, seja prazer por ficar o tempo todo sete dias por semana estudando, ou o prazer de as privar da minha companhia, muito pelo contrário, respeitam o momento que vivo e me apóiam como podem. Agora, quem me recrimina pelo meu afastamento está mais preocupado com os próprios interesses, daí porque teria de esquentar a cabeça com essas pessoas egoístas? Não esquento mesmo.

Já diz a boa e velha sabedoria popular que é nos maus momentos que reconhecemos os verdadeiros amigos. Não que estudar para concursos seja um mau momento, nada disso, mas não deixa de ser um momento duro e complicado em nossas vidas, como temos de abdicar do presente pelo futuro, abrir mão do pouco hoje pelo muito de amanhã. É mais ou menos quando se você tivesse um pickup daquelas que cabem dez pessoas mais uma tonelada de bagagem e leva os amigos e familiares para viajar, para a praia, para acampar, ajuda com mudanças e tal. Quando você resolve vender o carro para investir em algo em que acredita e fica a pé, a maioria o recrimina visto que perderam a carona, apenas um punhado compreenderá que você fez isso porque quer algo melhor, não porque gosta de andar a pé e não poder dar carona para ninguém por algum tempo.

Resumo da ópera – Se você está enfrentando esses tipo de problema hoje, ou se enfrentar no futuro, simplesmente ligue o foda-se e pronto. Você que sabe o quanto está tendo de abdicar em sua vida hoje para ter um futuro mais tranqüilo e estável como servidor público, só quem está na mesma situação que você sabe o quanto esses sapatos são apertador, o quão dura é essa jornada, como é sangrenta essa guerra. Aproveite para guardar bem na memória quem realmente o apoiou e quem apenar o recriminou e criticou, pois só os primeiros merecerão sua atenção no futuro quando você estiver empossado, de carrão na garagem, grana no bolso e tempo para dedicar aos verdadeiros amigos, sejam familiares ou não.

Charles Dias é o Concurseiro Solitário.

IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.

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CLIPE DO DIA


O clipe de hoje é de uma música que tem no título um recado para quem fica nos criticando sem estar nem aí para nosso projeto de posse em um cargo público, "Fuck You (So Much)" com Lilly Allen.

1 Response to "Quando é preciso ligar o foda-se"

  1. Brás says:

    Charles, está difícil de encontrar o botão para fazer comentários das postagens! Para eu entrar aqui, tive que clicar no 0 (zero comentários).


    Pelo que eu entendi, os seus familiares não estão interessados na sua pessoa, mas sim no que vc poderia lhes oferecer. Os caras estão com saudade de te explorar, é mole?

    Pior foi a minha tia faxieira, que me disse que eu não trabalho, porque eu vivo de assalto!
    Passei em bons vestibulares, sou universitário e busco um bom emprego público.
    Não ganho dívido, mas não compro nada nem devo ninguém. Já ela tem nome sujo e a filha faz umas coisas ilegais, além de reprovar 2 vezes no exame teórico do detran para habilitação.
    Mas sou eu que sou o mau elemento sem futuro da família...

    Tem certas pessoas que não devemos ver!

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