Cada cabeça, uma sentença

Hoje vou falar um pouco sobre as pessoas que encontrei no concurso do TST, os tais concorrente, temidos como se fossem verdadeiros gênios já com um pé no serviço público, pessoas com quem muitos concurseiros preferem evitar contato.

Brasília estava tomada por inscritos no concurso do TST. Os 152.000 candidatos, grande parte de fora de cidade, lotaram os hotéis e eram encontrados por todos os lados. Ao contrário do que muitos imaginam, esses concurseiros são gente como a gente, de longe, de perto, cansadas, ansiosas, nervosas. Eu, que não acredito nem um pouco nessa história de concorrência (acredito, sim, que a única concorrência que importa é a minha contra mim mesmo), tratei de papear com vários concurseiros, fosse no ônibus, no elevador do hotel, nos táxi para e de volta das provas, na praça de alimentação do shopping.

Quanto à origem – Olha, encontrei concurseiros de tudo que é canto do país. Havia, sim, muito concurseiros residentes em Brasília, mas também gente vinda de Caxias do Sul (RS), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Rio Branco (AC), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e um monte de cidades do interior desses estados e de outros. Isso mostra que concursos de primeira linha que oferecem um bom número de vagas e um bom salário acabam atraindo concurseiros de todos os lugares. Os concursos predominantemente regionais estão acabando, se já não acabaram.

Quanto à idade – Há apenas alguns anos a média de idade dos concurseiros variava dos 30 aos 40 anos na maior parte. Isso também acabou. Encontrei concurseiros de 19 anos até concurseiros com 49 anos. Os mais novos querem assegurar um bom salário logo no início da vida profissional, enquanto os mais velhos querem fugir dos baixos salários e insegurança da iniciativa privada.

Quanto ao nervoso – E quem não estaria nervoso às vésperas da prova do TST? Se você já pensou em um sonoro “ninguém”, você errou. Vi muita gente tranqüila, aproveitando a viagem para conhecer os pontos turísticos da capital federal. Em uma comunidade do Orkut relacionada ao concurso tinha até gente combinando ir para a balada no sábado à noite (!). Apesar de não ser possível relacionar tranqüilidade com falta ou excesso de preparo, a tendência é para a primeira opção, mesmo porque a maioria dos que estão bem preparado acham que não estão. Só para vocês terem uma idéia, soube de concurseiros tão tranqüilos que dormiram enquanto esperavam as provas serem entregues, enquanto outros quase tiveram de ser internados de tão nervosos.

Quanto ao preparo – Aqui a variação é ainda maior. Encontrei muita gente que começou a estudar somente no começo do ano. Algumas pessoas começaram a estudar no carnaval. Mas também encontrei gente que está na estrada dos concursos públicos há um ou dois anos. Pelo que pude notar, não há uma relação direta consistente entre tempo de estudo e nível de preparo. Conversando sobre as matérias e sobre as provas, encontrei concurseiros que estudaram pouco tempo e me pareceram bem preparados, assim como também encontrei concurseiros que estudaram muito tempo e me pareceram mal preparados.

Resumo da ópera – Não acredito que seja mais possível montar um perfil definido de quem presta concursos públicos, como podia ser feito há alguns anos. As coisas mudaram e hoje gente de todas as idades, origens e níveis de preparo prestando concursos públicos. Isso é muito bom, pois tende a enriquecer a aumentar a ética do serviço público ao longo do tempo. Quanto à concorrência, pode tanto aumentar quanto diminuir, é muito relativo. Mas deixou um conselho, esqueça essa idéia de se esconder atrás de um escudo de mau humor e cara feia quando for prestar concursos, muito pelo contrário, interaja com outros concurseiros, converse, faça amizades, troque emails, pois isso só tende a enriquecê-lo como pessoa e como concurseiro.

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Amanhã postarei o último artigo sobre o concurso do TST, falando sobre minhas impressões das provas para analista administrativo e técnico.

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