Tem dias em que eu, simplesmente, fico com uma grande dúvida quanto ao tom do artigo que escreverei para esse blog. Nesses dias fico em dúvida se devo escrever um artigo positivo, motivador, para dar ânimo e disposição para quem o ler terminar doido para pegar os livros e estudar, ou então se devo escrever um artigo que é mais um puxão de orelha muito justo, chamando atenção para os erros e enganos que muitos concurseiros cometem conscientemente.

Acho que todos se lembram dos desenhos animados em qeu surgia dos lados da cabeça do personagem uma versão em miniatura dele mesmo vestido de anjo e outra versão vestida de diabinho, que ficavam lhe dando bons e maus conselhos, respectivamente ... bem, é mais ou menos assim comigo também nessas manhãs de dúvida.

São três os principais motivos que mais me animam a escrever artigos motivadores:

- A vontade compartilhar meus dias de ótimo humor e vontade de estudar com força total.

Geralmente acordo muito bem humorado e com disposição para estudar, graças a Deus, e acho que não custa nada compartilhar o entusiasmo que sinto. É interessante que quando ouvimos ou lemos pessoas que se sentem assim, passamos a sentir pelo menos uma fração desse entusiasmo, o que, muitas vezes, é a diferença entre um bom dia de estudos e um dia perdido.

- Porque disciplina e persistência para estudar para concursos também pode ser transmitidas em um simples artigo.

Somente quem estuda seriamente para concursos públicos sabe como é preciso ter disciplina e persistência para montar um plano de estudos e cumpri-lo de cabo a rabo. Acordar todos os dias sabendo a quantidade de coisas que se tem de estudar e como daquilo depende sua aprovação ou não, não é brincadeira. Para ajudar nos dias em que o fardo parece mais pesado, nada melhor do que ler as palavras de outras pessoas que lutam a mesma guerra que nós e nos animam a continuar lutando com toda a disciplina e persistência necessárias.

- Porque escrevendo para motivar outros concurseiros, também me motivo.

Costumo dizer que o blog é minha terapia diária, o que é a mais pura verdade. Quando escrevo um artigo motivador, também me sinto ainda mais motivado e aliviado, o que me permite ter um desempenho de estudo muito maior. É uma via de mão dupla, daquelas em que se ganha mais do que se dá.

Notem que são três motivos poderosos, por si só suficientes para que eu me sinta animado para escrever artigos motivadores todos os dias. Só que não depende só de mim a motivação para escrever, mas também da minha interação com o mundo, com a realidade dos concursos públicos e com os leitores do blog que enviam comentários e dicas de artigos, e tem dias que o bicho pega.

São também três os principais motivos que mais me animam a escrever puxões de orelha:

- Concurseiros desmotivados por motivos bestas.

Se tem algo que me deixa irritado é concurseiros reclamando de que estão desmotivados por motivos fúteis e sem sentido. Até parece que o “estar desmotivado” virou desculpa. Brigou com a/o namorada/o, fica desmotivado. O dia está nublado, escuro e frio, fica desmotivado. O Corinthians perdeu mais um jogo, fica desmotivado. Putz, se for assim o cara nunca estará motivado! Vejam bem, motivação é o motivo que leva a ação, o motivo que o faz estudar para concursos. Minha motivação é ter um bom cargo público que pague bem e ofereça estabilidade. O que tem haver se uma menina me dá o fora com isso? Nada, absolutamente nada. O cargo continuará sendo público, continuará pagando bem, continuará oferecendo estabilidade e eu continuarei desejando-o, logo, minha motivação não foi afetada. Sacaram o mecanismo? Falta de motivação virou desculpa para muita gente ficar de papo pro ar, virou sinônimo de preguiça de estudar!

- Bobagens ditas e feitas por concurseiros, organizadoras de concursos e demais personagens do universo concurseiros.

Outra coisa que me irrita são essas bobagens, principalmente boatos sem sentido. Não sei porque tem gente que perde tempo inventando boatos e muito mais gente perde tempo divulgando esses boatos. São boatos de novos concursos que não existem, de fraudes inexistentes, de catástrofes que afetarão negativamente a vida de todos os concurseiros, coisas desse tipo.

- Porque puxões de orelha ocasionais são necessários e muito úteis para “manter as orelhas de pé em estado de alerta”.

O mundo não é um lugar justo e, muito menos, tranqüilo, isso é fato. O universo concurseiros, então, é uma versão mais dura e injusta ainda, onde vence apenas os melhores e ponto final. Se as coisas são assim, não adianta querer se isolar em um mundo “cor de rosa”, como se nada disso acontecesse. É preciso estar preparado para lidar com as injustiças e com a pressão das batalhas campais que são os concursos, lidar com as críticas dos amigos e parentes, com o olhar acusador de outros concurseiros, enfim, com tudo o que não é nada agradável de lidar. Para nos lembrar disso, nada melhor que um puxão de orelha ocasional, que funciona como um bom balde de água gelada que nos deixa alerta e não permite que nos tornemos vítimas das circunstâncias.

Resumo da ópera – Escrever para vocês não é fácil, amigos concurseiros, pois a responsabilidade é enorme. É preciso saber dosar a motivação e a força do puxão de orelha dos artigos. As palavras têm poder e isso é perigoso. Podemos tanto ajudar muitos de vocês a seguirem em frente em sua luta e, no final, quando estiverem empossados, dizer que temos uma pequena parcela de participação em suas vitória, como também podemos com uma simples escolha infeliz de palavras, sermos também um pouco responsáveis por alguns concurseiros desistirem do seu sonho. Mas escrevemos com carinho, com responsabilidade e, principalmente, escrevemos primeiro para nós mesmos, portanto, temos segurança de que fazemos o certo a maior parte do tempo!