Tocadores de MP3, avanço tecnológico e a dificuldade dos concursos públicos

Ontem fui ao cinema com uma amiga concurseira e depois fomos comer algo antes de voltarmos para nossas casas para uma boa noite de sono, do tipo que deve anteceder mais um dia proveitoso de estudo. Lá pelas tantas ela tocou num assunto muito interessante e até certo ponto controverso entre os concurseiros, o maior dificuldade dos concursos públicos atuais quando comparados com os realizados alguns anos atrás.

Essa conversa me fez lembrar da minha trajetória com os dispositivos eletrônicos reprodutores de música. Vejam bem, minha família nunca foi do tipo musical, quando era criança e adolescente não havia em casa um dos famosos aparelhos de som “três em um”, mas apenas um rádio raramente usado. Logo não fiz parte da cultura dos discos e das fitas K7. Só quando estava no terceiro ano de faculdade, comprei com o suado dinheirinho ganho no estágio numa empresa de telecomunicações, uma novidade no mercado brasileiro, algo incrível, um discman. Isso foi em 1995 e era daqueles que ainda parava de tocar por alguns segundos quando era movido de forma mais abrupta. De qualquer forma ele foi meu fiel companheiro por dois anos, juntamente com a caixinha térmica para guardar vinte CDs.

Um belo dia, de saco cheio da tal sensibilidade a movimentos bruscos, comprei um novo discman, mais moderno e com sistema antishock que eliminava de vez as paradinhas irritantes de reprodução de música. Isso aconteceu um ano e meio depois da primeira compra. E fui novamente feliz. Só que algo continuava a me incomodar, a maldita caixa de CDs que tinha de levar para cima e para baixo se não quisesse ficar ouvindo indefinidamente as mesmas duas dezenas de músicas. Então um ano depois comprei um novo discman, topo de linha, lançamento, que reproduzia CDs gravados com arquivos MP3. Uauuuuu, adeus caixa térmica com CDs. Agora eu podia o equivalente a uma dezena de CDs num único disco.

Só que o namoro com os discman não durou muito mais. Seis meses depois omprei meu primeiro tocador de MP3. O fiz porque o tamanho minúsculo do tocador, daquelas com pen drive feito na China com qualidade aceitável, o tornava muito mais prático, discreto e fácil de transportar que o velho discman. E esse tocador era o melhor disponível, tinha incríveis 256 megabytes de capacidade de armazenamento, suficiente para cinco CDs. Tudo bem, não era tanta capacidade assim, menor que a do último discman que tive. Isso me incomodava tanto que cinco meses depois pulei de alegria quando ganhei um concurso de fotografia promovido por um site norte-americano e meu prêmio foi um novíssimo tocador de MP3 com, uauuu, dois gigabytes de memória, lançamento de uma marca famosa. Agora, sim, eu estava feliz ao poder levar comigo meus trinta CDs favoritos.

Adivinhem, descobri não faz muito tempo que meu incrível tocador de MP3 de dois giga já não é mais tão incrível assim e é suficiente para levar apenas metade das músicas que gostaria de ter comigo. Note que música para mim tem muito haver com estado de humor. Tem dias que gosto de ouvir techno e dance, outros dias gosto de ouvir jazz, alguns são dedicados ao chillout, outros às trilhas sonoras de filmes. Por conta disso, gosto de levar uma seleção de vários gêneros e isso demanda espaço de armazenamento. Então, ontem, comprei um novo tocador de MP3 com extraordinária capacidade de armazenamento de oito gigabytes. Esse, sim, será suficiente para levar comigo os CDs que quero ... pelo menos até daqui uns seis meses :-(

Peraí, antes de concluir que sou um cara pra lá de consumista, considere um ponto muito importante nessa história toda. O que temos entre meu primeiro discman e o novíssimo tocador de MP3 que acabei de comprar é uma baita evolução tecnológica. Note que não apenas pouco menos de treze anos separa os dois aparelhos, mas uma mudança de plataforma de armazenamento (do CD para o chip de memória), várias de tecnologia (do discman sem antishock para o tocador de MP3 que reproduz filmes inteiros), de capacidade de armazenamento (8 giga = 115 CDs de 700 mega) e também de formato de arquivo de música (de CDA do CD comum para MP3).

O que isso tem haver com concursos públicos? Evolução, baby. Os concursos públicos evoluíram tanto e tão vertiginosamente quanto esses aparelhos!

Um concurseiro de 1995 enfrentava uma guerra muito, mas muito diferente da que enfrentamos hoje. Assim como meu primeiro discman, tal concurseiro era muito menos sofisticado do que somos hoje. Para início de conversa o cara não tinha Internet e muito menos computador (ainda caríssimo naquela época), não havia dezenas de editoras de livros e apostilas de concursos, havia somente um ou dois pequenos cursinhos de concursos em São Paulo e no Rio de Janeiro apenas. O cara ficava sabendo dos concursos pelos jornais e tinha de se virar para conseguir estudar para as provas com o material que encontrasse. Em contrapartida, os concursos também eram muito menos concorridos e também muito mais fáceis. As matérias cobradas eram mais simples, até pela dificuldade dos inscritos encontrar material de estudo, assim como as provas, que eram bem mais tranqüilas.

Um concurseiro atual, assim como meu novo tocador de MP3, enfrenta uma guerra dos concursos públicos muito, mas muito mais pesada. Em primeiro lugar a concorrência é assustadoramente maior que no passado, isso é fato. Em segundo lugar as matérias a serem estudadas são hoje muito mais complexas e profundas que o passado, inclusive já tive a oportunidade de escrever um artigo sobre um concurso que fiz para a CGU há alguns meses em que duas dezenas de tópicos do edital eram os mesmos de um curso de mestrado da UFRJ! Em terceiro lugar, além da mudança em termos qualitativos, as matérias cobradas também mudaram em termos quantitativos, pois hoje é preciso estudar muito mais tópicos que antigamente para se dar conta de um concurso público, seja para concursos de nível superior ou nível médio. Em último lugar, mas não menos importante, está o aumento vertiginoso na dificuldade e complexidade das provas de concursos públicos, que pode ser comprovado pela inutilidade de se estudar com a maioria das provas anteriores aplicadas em concursos há mais de dois ou três anos.

Se o concurseiro de 1995 era como meu primeiro discman, com tecnologia simples, poucas funções, sem refinamento algum e capacidade de memória limitada, os concurseiros atuais são como os tocadores de mp3 que cada vez precisam ter mais capacidade de memória, mais funções, mais tecnologia, se tornarem cada vez melhores para poder dar conta do recado. Note que não há do que lamentar com essa constatação, pois é a realidade e ponto final.

Resumo da ópera – Imagino como será a seleção de novos servidores públicos daqui a dez anos. Se brincar o cara terá de saber genética aplicada, filosofia quântica e teoria política avançada para poder ter alguma chance de ter sucesso em concursos públicos de nível médio. O pior é que vendo a molecada que hoje tem por volta de dezoito anos, noto que eles estarão muito ferrados no futuro se quiserem competir por uma vaga no serviço público. Bem, mas daí é problema deles, não é mesmo?



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A violação dos direitos autorais é punível como crime, com pena de prisão e multa, além de indenizações civis em dinheiro por uso indevido e não autorizado de material protegido.

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AVISO 1 - Quem se interessar pelo cargo de Ofícial de Justiça, dê uma olhadinha no artigo publicado hoje no blog do Professor Douglas e que trata do assunto. O link é www.professordouglas.com

AVISO 2 - Se você acha que não precisa estudar matemática básica para as provas de concurso que cobram a matéria, então você precisa ler esse artigo no blog do concurseiro Alê. www.blogdoconcurseiroale.blogspot.com

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Gabarito do simulado RI-STJ #5

1. C – Art. 50
2. E – Art. 51
3. E – Art. 52
4. E – Art. 52
5. C – Art. 53
6. E – Art. 54
7. C – Art. 55
8. E – Art. 56
9. E – Art. 52
10. C – Art. 50

Amanhã teremos um novo simulado. Não perca.

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PERGUNTA DO DIA

Você acha que atualmente os concursos públicos são muito mais difíceis que os concursos realizados dois, três, quatro anos atrás? Você acha que a dificuldade é maior apenas nas provas ou também nas matérias a serem estudadas?
Essa pergunta deve ser respondida em nossa comunidade no Orkut. Basta clicar no homenzinho ai em cima (você precisa estar conectado no Orkut em outra janela de navegador para ser levado à página de resposta).

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Clipe do dia



A música de hoje se chama "Whising and Hoping" e faz parte da trilha sonora de um filme muito divertido com a Julia Roberts eCameron Diaz, "O Casamento do Meu Melhor Amigo". Assista o clipe com atenção, é muito engraçado.

5 Response to "Tocadores de MP3, avanço tecnológico e a dificuldade dos concursos públicos"

  1. A música é uma gracinha!

    Realmente, é preciso ser um concurseiro pra lá de sofisticado para ser aprovado. Daqui a pouco, vou implantar um chip em minha cabeça para melhorar na memorização (risos).

    Raquel

    Unknown says:

    Eu adoro música!
    Elas têm o poder de mudar muita coisa.... pelo menos p/ mim...

    Anônimo says:

    Eu gostei bastante de escutar resumos de matérias no mp3, mas continuo achando mais difícil me concentrar. Então vou revezando matérias e músicas que me deixem atenta. Mas é uma ótima ferramenta pra ajudar a fixar certos pontos.
    Principalmente aquelas paródias bem idiotas que a gente faz a partir do texto e acabam 'grudando' na mente. O que é ótimo, rsrs.

    PS:Sendo chata, você continua usando "haver" de maneira errada...
    Abraço

    Camisa 9 says:

    Adoro música. Também quero um mp4 de 8gb!!!!

    Preciso estudar...

    Camisa 9 says:

    Não querendo ser chato, também, rsrs
    O link da música também não corresponde ao indicado. Dê uma olhadela quando puder, Charles.

    Abraços e bons estudos

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