Concurseiros cegos

O tão esperado concurso do STF (Supremo Tribunal Federal) está correndo e as provas serão no dia 06 de julho. Imaginemos que um candidato fictício, o Austragésilo, vai prestar esse concurso. Ele decidiu fazer concursos públicos no final do ano passado e começou a estudar em janeiro de forma light e mais ou menos contínua, uma ou duas horas cinco vezes por semana. Até hoje já prestou três concursos para diferentes áreas, sendo reprovado em todos, mas não se interessou muito em ver o que errou e acertou ou qual sua classificação.

Quanto Austragésilo terá de desembolsar para prestar o STF? Vejamos os custos prováveis que ele levantou.

Inscrição para os cargos de Analista e técnico – R$100,00
Material de estudo – R$250,00
Passagens aéreas com desconto (ele mora em São Paulo) – R$350,00
Uma diária de hotel – R$120,00
Táxi aeroporto/hotel/local de prova/aeroporto – R$80,00
Alimentação e diversos – R$100,00

TOTAL – R$1.000,00


Nosso amigo Austragésilo é um típico concurseiro cego. Não que ele seja portador de necessidades especiais, que não vê por alguma deficiência no aparelho visual, nada disso, ele não vê é a burrada que está fazendo, o esforço e dinheiro que está jogando fora.

Prestar concursos públicos é estudar, estudar muito. Não adianta querer se enganar achando que estudar mais ou menos durante alguns meses renderá um ótimo cargo público, estável e com salário que beira os dez mil reais. A não ser que a pessoa tenha uma super-inteligência ou compre o gabarito da prova de algum fraudador de concursos públicos, não terá condições de realmente concorrer ao cargo com tão pouco tempo de estudo, mesmo se estudar integralmente.

Ser aprovado em concurso público é uma missão no mínimo de médio prazo. Para quem estuda integralmente, verifica-se a aprovação após um período de um ano e meio a dois anos de estudo. Para quem estuda por volta de cinco horas por dia esse prazo salta para entre dois ano e dois anos e meio de estudo. Claro que há variações, alguns conseguem aprovação antes, outro depois, tudo vai depender do conhecimento anterior de algumas matérias, do nível de interesse e um punhado de outros fatores.

O que importa é que passar em concursos públicos não é algo fácil que se consiga fazer estudando uma horinha por dia durante três ou quatro meses, defintivamente.

O que o Austragésilo deveria fazer então. Vejamos. Primeiro ele deveria parar para pensar se realmente quer estudar sério para concursos públicos, se realmente quer se dedicar. Decidido a fazer isso, deve então montar um planejamento de estudo de longo prazo para dominar as matérias básicas (português, raciocínio lógico e matemático, informática, direito administrativo e direito constitucional). Isso levará por volta de oito meses de estudo sério.. Vencida essa etapa, terá então condições de estudar as matérias específicas dos concursos que decidir prestar, tendo alguma chance de ser aprovado, pequenas mas reais. Então, estudando continuamente diversas matérias, uma hora vai atingir uma massa crítica de conhecimento que o levará a aprovação não apenas em um, mas em vários concursos públicos.

Ou seja, o Austragésilo deveria deixar a cegueira de lado e ao invés de investir esses mil reais para prestar um concurso público no qual ele não tem a mínima chance de ser aprovado, usar esse dinheiro para se preparar com seriedade e qualidade, seja adquirindo bons materiais ou fazendo um bom cursinho das cinco matérias básicas.

Quanto a prestar concursos públicos durante seu preparo, claro que ele deve fazer, pelo menos um por mês. Mas ele não precisa gastar uma grana para prestar concursos em locais distantes, quando há tantos concursos próximos de onde mora nos quais ele não gastaria mais que o valor da inscrição e uns R$50 para transporte, lanche e uma garrafinha de água para a hora da prova.

Resumo da ópera – O que não faltam por aí são concurseiros cegos que gastam uma grana preta prestando concursos nos quais não têm a mínima chance de serem aprovados. Esses concurseiros somente engrossam as estatísticas de candidatos inscritos e recheiam os bolsos das organizadoras de concursos, nada mais. O pior aspecto dessa cegueira concursídica são o desânimo e frustração que prestar tantos concursos sem chance de ser aprovado acaba trazendo, o que geralmente leva a pessoa a desistir da carreira pública achando que é burra demais para isso, algo que a afetará pelo resto da vida.

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PERGUNTA DO DIA

Se preparar e prestar concursos públicos não é fácil e não é barato. O que você acha dos concurseiros que não vêem que estão jogando dinheiro fora quando prestam concursos sem estudar ou somente por esporte? Como você considera o fator custos em seu planejamento?

Essa pergunta deve ser respondida em nossa comunidade no Orkut. Basta clicar no homenzinho ai em cima (você precisa estar conectado no Orkut em outra janela de navegador para ser levado à página de resposta).

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MÚSICA DO DIA
Para hoje separei uma música que apesar de ser bem velhinha, nunca deixa de ser dançante e animada. Nessa regravação de Rachid Taha, o sucesso “Rock El Casbah”

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